quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Técnica mata células infectadas pelo HIV-1

Uma pesquisa divulgada ontem na revista especializada Aids Research and Therapy traz uma nova esperança na busca por um tratamento mais efetivo contra o HIV, vírus que causa a Aids. Cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém conseguiram eliminar completamente as células doentes, ao injetar nas estruturas uma dose de DNA viral, o que faz com que elas morram.

De acordo com os pesquisadores, somente as células doentes são destruídas. “Aparentemente, a morte ocorre apenas nas células infectadas. Em nossa opinião, esse trabalho sugere uma nova abordagem para promover especificamente a morte de células atingidas pelo HIV-1 (tipo mais comum do vírus da Aids), o que pode, eventualmente, nos levar a desenvolver uma nova terapia antirretroviral”, afirmam os cientistas, na introdução do estudo.

Atualmente, os medicamentos de ponta utilizados no combate à Aids impedem que as células se multipliquem, mas nenhum remédio ou vacina é capaz de matar a infecção. A esperança dos pesquisadores é que uma nova terapia, baseada na autodestruição das células deflagrada pelo DNA viral, possa significar a verdadeira cura para a doença.

No artigo, eles alertam, porém, que a pesquisa está em estágio embrionário. Foram poucas as células utilizadas na pesquisa, o que significa que em um modelo mais complexo, como o organismo, a técnica pode não funcionar. “A abordagem que descrevemos está apenas em seus passos iniciais e mais pesquisas precisam ser feitas”, lembram, na conclusão do estudo.

Sêmen

Um outro estudo sobre a Aids publicado ontem na revista científica PLoS Pathogens mostrou que o HIV-1 pode sofrer mutações no trato genital e tornar-se diferente, no sêmen, do vírus que está presente no sangue do paciente infectado. A pesquisa foi liderada pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, a descoberta é significativa porque a maioria dos casos de transmissão do HIV-1 é por meio de contato sexual. Por isso, é importante entender a natureza do HIV-1 no trato genital, o que permitirá uma compreensão melhor do processo de transmissão e poderá, até mesmo, levar ao desenvolvimento futuro de uma vacina ou um medicamento antimicrobiano que bloqueie a passagem do vírus no momento do ato sexual.

Para chegar à conclusão sobre a mutação do vírus, a equipe do pesquisador Ronald Swanstrom comparou populações virais do HIV-1 no sangue e no sêmen de 16 homens com infecção crônica. Usando a técnica de sequenciamento genético, eles analisaram o código dos genes de ambas as amostras e descobriram que eram diferentes.
Notícia veiculada no site do Correio Braziliense em 20/08/2010