sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Mortalidade por Aids no país cai 12% em 10 anos

A mortalidade por Aids no Brasil e no México está em tendência de queda, aponta estudo feito pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado na quarta-feira (21), na revista Aids, com dados de países de todo o mundo. Os dois países oferecem acesso universal aos antirretrovirais.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a Aids é a 13ª causa de morte no país, que registra 38 mil novos casos e cerca de 12 mil mortes ao ano por causa da doença. Em dez anos, a mortalidade caiu 12,7%.

Para chegar aos resultados, a pesquisa analisou o "peso" da doença nos países, levando em consideração um indicador chamado Dalys, que avalia não apenas os casos de morte, mas também os anos de vida perdidos por incapacidade prematura.

MITOS E VERDADES SOBRE A AIDS:

1) Aids e HIV são a mesma coisa. MITO: Aids é a doença, e o HIV é o vírus que transmite a doença. Ter o vírus não significa ter Aids, pois a pessoa pode passar muitos anos com o HIV sem que a doença se manifeste. "Hoje a gente fala em quem tem HIV e quem tem Aids, pois quem tem o HIV e faz o tratamento correto pode vir a não manifestar a doença", explica o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) 

2) Sexo oral transmite HIV. VERDADE: isso foi controverso durante muito tempo, mas várias pesquisas científicas comprovaram que é possível ser infectado desta forma. O contato com os fluídos durante o sexo oral, especialmente se há ferimentos na boca de quem pratica (gengivites, aftas, machucados causados pela escova de dente), pode transmitir o vírus HIV. No entanto, o risco de infecção é menor, se comparado com outras formas de contágio (sexo vaginal, sexo anal e compartilhamento de seringas, por exemplo), segundo cartilha sobre Aids do Ministério da Saúde 

3) Pessoas casadas ou em relacionamentos estáveis não precisam se preocupar com a Aids. MITO: atualmente, o índice de Aids cresceu muito entre mulheres casadas ou com parceiro fixo. "A Aids hoje está afetando mulheres jovens, que têm relações sexuais com parceiros variados ou fixos sem uso de proteção, além de mulheres idosas que acreditam que relações de longa duração afetiva envolvem fidelidade sexual", aponta Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids da USP e pesquisadora do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Por isso é importante, mesmo em um relacionamento estável, fazer sexo com proteção

4) O risco de contágio pelo sexo anal é maior. VERDADE: o vírus HIV pode ser transmitido através do sexo anal e a taxa de contágio é maior do que a do sexo vaginal, por exemplo. "Isso porque a mucosa anal é mais frágil do que a vaginal, sendo mais suscetível ao contágio", explica o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP

5) Ainda existem grupos de risco. MITO: se no início da epidemia a doença afetava mais homossexuais, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos, hoje o vírus ameaça qualquer pessoa, de qualquer camada social. "Hoje se fala em comportamento de risco, pois não há mais faixas em que um homossexual tenha mais chance de ter a doença do que uma mulher heterossexual, por exemplo. Ambos estão expostos ao mesmo risco. O que define isso é o comportamento", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia 

6) Camisinha protege contra o vírus HIV. VERDADE: camisinha continua sendo o melhor método preventivo, e também evita outras formas de doenças sexualmente transmissíveis. Estudos norte-americanos já esticaram o látex, material do preservativo, em 30 mil vezes e não detectaram nenhum poro pelo qual o vírus pudesse passar. Mas é sempre bom verificar se a camisinha é inspecionada por órgãos competentes, para garantir sua segurança

7) Filhos de portadores de HIV também terão o vírus. MITO: "Hoje é possível uma mulher com HIV planejar uma gravidez e ter uma família. Se ela estiver fazendo o tratamento corretamente e com um pré-natal adequado, a chance de infectar o bebê é muito baixa", garante o médico infectologista e imunologista Esper Kallas. Para isso, a mãe deve ter baixa carga viral e boa imunidade, e ainda receber antirretrovirais ao longo da gestação. No entanto, ela não poderá amamentar, já que o leite materno pode transmitir o vírus. No caso dos homens, eles só podem ter filhos através de tratamento de fertilidade, por meio de um processo chamado de "dupla lavagem de sêmen", que garante que nem o bebê nem a mulher sejam infectados 

8) Mulheres têm mais chance de contrair HIV do que homens. VERDADE: mulheres são mais vulneráveis porque sua área de contato, a mucosa vaginal, é maior do que a masculina (a entrada da uretra ou pelo prepúcio). "Além disso, a mulher fica com o esperma "vivo" em seu corpo depois da ejaculação, aumentando não só a área exposta, mas o tempo de exposição a uma quantidade de líquido mais abundante que a lubrificação vaginal", explica Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids da USP e pesquisadora do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo

9) Aids ainda atinge mais os homossexuais. VERDADE: apesar de ter diminuído nesse grupo, a taxa de infecção entre homens que fazem sexo com outros homens ainda é grande, em torno de 10,5%, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde 

10) O tratamento com os coquetéis impede totalmente a manifestação da doença. MITO: "O tratamento atual é muito eficaz, e impede em boa parte dos casos. Mas, às vezes, os medicamentos podem não ter o efeito esperado em determinados pacientes, ou o portador começa a tomá-los muito tarde e torna mais difícil o processo. O tratamento não é simples: ele exige adesão e acompanhamento para ter sucesso", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) 

11) Beijo na boca pode transmitir HIV. MITO: a saliva tem várias substâncias prejudiciais ao vírus, a possibilidade de alguém ser infectado durante o beijo é mínima (o risco é menor de 0,1%) e existe apenas se tiver com um ferimento grande na boca 

12) Equipamentos de salão de beleza não esterilizados passam HIV. VERDADE: objetos perfuro-cortantes com presença de sangue podem transmitir o vírus se não forem devidamente esterilizados. Para tanto, basta que sejam lavados com água e sabão para eliminar esse risco. "Se a pessoa facilita o contato com objetos que contenham traços sanguíneos, como seringas e agulhas utilizadas para outra pessoa, pode se infectar", alerta Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids da USP 

13) Ninguém morre de Aids. VERDADE: o que mata na verdade são as infecções oportunistas, que se tornam frequentes, agressivas e difíceis de tratar devido a deterioração do sistema imunológico da pessoa. Portanto, a pessoa não morre de Aids, mas em decorrência dela 

14) Não é preciso se preocupar com a Aids porque já existe tratamento. MITO: Aids é uma doença séria, e não dá pra descuidar. Apesar dela ter tratamento, não tem cura e ainda faz muitas vítimas no mundo todo. Além disso, os medicamentos devem ser tomados por toda a vida e podem causar efeitos colaterais, como diarreia e vômito. "Tem pessoas que com o tratamento conseguem diminuir o vírus no corpo a ponto dele não ser mais detectável. Estas dificilmente transmitem o vírus. Mas isso não significa que podem se descuidar", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas 

15) Portadores de HIV não precisam fazer sexo seguro entre si. MITO: Este é um dos maiores mitos sobre a Aids. O sexo sempre deve ser seguro, para se evitar Aids, outras doenças sexualmente transmissíveis e até uma gravidez indesejada. Além disso, pessoas soropositivas que fazem sexo sem proteção podem entrar em contato com outro subtipo de HIV ou mesmo aumentar sua carga viral 

16) Quem é HIV positivo não pode mais trabalhar ou realizar atividades sociais. MITO: pessoas que tenham o vírus HIV podem continuar a viver normalmente, trabalhando estudando, realizando atividades lúdicas e se relacionando afetivamente. E também têm o direito a isso. "Muitas pessoas infectadas que têm o tratamento adequado conseguem ter uma vida muito próxima do normal, e com qualidade, por muitos anos", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)

Considerando apenas a América Latina, o estudo aponta que o HIV ainda está entre os dez principais motivos da perda de anos de vida em 4 dos 17 países - Colômbia, Honduras, Panamá e Venezuela, enquanto no Brasil ele aparece entre uma das 25 mais importantes causas.

Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do ministério, diz que a queda de mortalidade é uma tendência que vem sendo observada nos últimos anos, já que desde 1997 o Brasil oferece o tratamento com antirretrovirais. "Em 2000, a mortalidade era 6,3 por 100 mil habitantes e, em 2011, caiu para 5,6."

O infectologista Ésper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP, diz que a mortalidade por Aids no Brasil praticamente estabilizou após o fornecimento da medicação, mas diz que ainda há muita desigualdade entre os Estados. "No Brasil, boa parte dessa queda pode ser atribuída a São Paulo."

Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a pesquisa mostra que o Brasil ainda precisa melhorar seu acesso global à saúde. "O país já venceu a etapa de fornecer a medicação para os doentes, agora temos de dar um passo à frente e enfrentar as outras dificuldades e melhorar a qualidade de vida", diz. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Fonte: matéria publicada no site uol em 22 de agosto de 2013.

4 comentários:

  1. Oi Anderson obg pelo blog! Eu queria saber com vc lida com o HIV, tem momentos de depressão? desespero? angustia? Sei lá bata uma depre as vezes... Vc crê na cura? Como vc lida com a instabilidade emocional?

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  2. Olá, tudo bem? Se quiser me conhecer melhor fique à vontade para ler os demais posts e meu livro aqui disponibilizado gratuitamente. Sofro de depressão desde que nasci, muito antes de imaginar que este vírus existiria. Nada tem a ver com o vírus HIV, ele não é motivo de depressão pra mim. Nem em 1987 quando descobri tive desespero...rs..não faz parte da minha personalidade, mas angústia tive sim, não tenho mais. Quanto a acreditar na cura, acho que respondo bem a esta pergunta em um post que produzi este mês chamado "Carta de um leitor", ok? Abraços! ;-)

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  3. Obg pela resposta Anderson desculpa pelo o "Anônimo" é pq ainda não tenho perfil, meu nome é Lucas... Vc faz algum tipo de regime? Quais os cuidados com a alimentação?

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  4. Oi, Lucas, tudo bem? Não, meu querido, não faço nenhum regime especial. Embora devesse, já que já conto 46 primaveras...rs. Tenho uma taxa de triglicérides relativamente alta causada pela ingestão das medicações que tomo. Atualmente tomo Lamivudina, Kaletra e Tenofovir, são ao todo 7 comprimidos diários.Minha infecto sempre toca no assunto me aconselhando a tomar medicação para esse probleminha, mas sempre resisto porque é algo que consigo controlar fazendo esteira na acadêmia e musculação. Grande abraço, Lucas! ;-)

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