quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Fechando 2016




Queridos leitores!
Em um ano em que todo mundo disse que foi um ano horroroso e cheio de dificuldades, me sinto na obrigação de vir aqui e fechá-lo com chave de ouro! Sem querer dar uma de “o sortudo a quem nada atinge” porque sei que estes tipos incomodam, principalmente nas mídias sociais...rs...mas simplesmente querendo passar a todos que dificuldades todos nós temos, não há neste planeta um só ser que seja eternamente feliz, pois a meu ver, não é para isso que estamos aqui. Mas o que realmente quero dizer é que todos nós temos problemas, a única coisa que muda é como cada um de nós vê estes problemas, lida com eles.
E pra começar vou responder a pergunta de um leitor que recebi no final do ano:

Pergunta do leitor Henrique em 09/12/2016: Sem querer ser evasivo, mas o seu ex companheiro, sabia da sua sorologia, acha justo contar?

Resposta: Em 2016 eu tive apenas um relacionamento. Foi um relacionamento com uma pessoa que conheci no sul do Brasil em julho de 2015. Nos vimos, ficamos juntos e nos falamos por algumas vezes via mídias sociais. Depois disso, em janeiro, nos reencontramos novamente em minhas férias e ele me disse que gostava de mim. Em agosto, ou final de julho do ano anterior, não me lembro bem, via whatsapp, eu disse a ele que era soropositivo. A resposta dele foi enigmática, ele escreveu: “tu te tornas responsável por aquilo que cativas”, frase extraída do livro “O pequeno príncipe” que mais tarde ele me deu de presente, mas devido ao rumo que as coisas tomaram, nunca tive coragem ou vontade de ler. Este livro é encantado em minha vida, já tentei lê-lo várias vezes, mas nunca consigo, talvez um dia consiga, sei lá.

Bem, continuando, eu me apaixonei por ele, ele dizia que me amava e estava disposto a mudar sua vida, no sentido de deixar de ser uma pessoa que vivia somente pra si mesmo, que no futuro viveríamos juntos lá no sul, etc, etc, etc...mas ele me traiu, ou melhor, se traiu, porque transou com um cara e esqueceu de apagar as conversas pré e pós-transa do whatsapp e eu tive a “infelicidade” de vê-la. Aí eu o perdoei, mas ele não se perdoou, disse que não me merecia, etc, etc, etc, e não quis me ver nunca mais nesta vida. Ah...me esqueci de dizer...um dia, sem mais nem menos, ele me disse que também era soropositivo e não tocou mais no assunto, ou seja, o recado pra mim foi: você não era tão importante assim pra mim pra eu te contar também só porque você me contou...e a vida seguiu. 

Como morávamos em estados diferentes, nos víamos no máximo uma vez por mês, o máximo que chegamos a ficar realmente juntos foi por 10 dias em minha casa em São Paulo no mês de julho de 2016. As outras vezes foram por poucos dias, em feriados prolongados, tipo Carnaval, ou fins de semana apenas. Nosso “relacionamento”, e coloco entre aspas porque era relacionamento só pra mim. Ele vivia uma vida paralela em Balneário Camboriú transando livremente com outras pessoas e tinha dezenas de “contatos” em seu whatsapp aos quais ele fazia questão de dizer “sou todo seu” e coisas desse estilo dos galinhas virtuais, comumente encontrados no universo da internet hoje em dia. 

Eu mesmo cheguei a dar uma escorregada em nossa “relação” no período em que estávamos juntos. Transei com um cara que eu conhecia há anos e me seduziu com a ideia de que namoro à distância não tava com nada e que eu não deveria perder a oportunidade de estar com ele por mais uma vez...rs....me arrependo? Nenhum pouco, porque estava sendo corneado à distância enquanto trabalhava em minha casa nos fins de semana. O que terminou minha relação não foi a “traição” dele, mas a negação do ato, o que pra mim denota falta de caráter, de resto, não o culpo por nada não.

Me endividei muito por causa do “meu amor”, comprei inúmeras passagens de avião para que ele me visse ao menos uma vez por mês, inclusive diárias caríssimas entre Natal e Reveillon em Florianópolis cujas estadias acabei de utilizar sozinho.  Tenho passagem de avião pra pagar até o segundo semestre de 2017, e o que ficou disso tudo?

A primeira lição foi: “namoro” à distância nunca mais!! Até saio com pessoas nas viagens que faço, já que estou solteiro desde então, mas da próxima vez que rolar um sentimento “verdadeiro” com alguém que mora fora de minha cidade ou esteja apenas visitando a minha, cortarei devidamente  a tempo...rs...

A segunda lição: desconfie de pessoas que lhe dizem que quando estão com uma pessoa, estão somente com aquela pessoa. Quem é fiel simplesmente é, não precisa ficar reiterando a ideia de que é fiel, se o faz, é porque não é, está mentindo pra si mesmo e consequentemente pra você.

A terceira: não coloque sua felicidade nas mãos de ninguém nunca em sua vida. Ame e seja amado, se perceber que está em desvantagem, ou seja, se a pessoa é silenciosa, misteriosa, demonstra culpa velada em suas palavras ou comportamentos, pule fora o quanto antes!

A quarta: não se permita ser usado por uma pessoa. Se a pessoa não tem condições financeiras de jantar fora, por exemplo, e lhe diz: “vamos jantar no shopping?”, esta pessoa está usando você porque percebe que você a ama e quer agradá-lo. No meu caso ele disse isso e nunca pôs a mão na carteira. E em uma das conversas dele com “amigos” no whatsapp ele pede ao amigo que apague fotos da rede social porque o marido, eu no caso, é ciumento e ele não pode perder a pensão. Em pensão, leia-se: passagens aéreas, jantares em restaurantes caros, etc...eu infelizmente não percebia nada disso, achava que estava fazendo bem a alguém que eu amava e que não tinha condições de ir àqueles lugares, etc, nunca passou por minha cabeça que ele estivesse me usando, foi isso que me fez sofrer mais, além do fato, claro, de que descobri também que todas as mensagens que ele me passava de manhãzinha cedo, do tipo “bom dia”, aquelas mensagens automáticas bobas que te mandam sem mencionar seu nome no whatsapp, pois é, mandava pra vários outros também ao mesmo tempo. E o tolinho aqui achava que ele me amava e estava me cumprimentando assim que acordava todos os dias.

E a quinta e última lição: Sim, conte à pessoa que você ama sobre sua sorologia, mas somente a quem julga que vai ter um relacionamento sério. Esse povo com quem sai nas baladas, etc, pra esses, não, não diga nada, use camisinha e já está bom demais. Ninguém tem que saber sua sorologia, isso é uma condição sua que só interessa a você e a quem você ama. Não conte “para” o outro, mas “pelo” outro, ou seja, conte pela consideração que você tem pela pessoa em um determinado período da relação, simples assim.

E pra fechar esta história, não seja a vítima das coisas que lhe acontecem. Seja co-autor delas, ou seja, nada do que nos acontece, a meu ver, em minhas crenças, é por acaso. É assim que lido com o HIV em meu organismo desde que o descobri há quase 30 anos. Este ano faz 30 anos em 13/03/2017 que descobri minha sorologia. Se me visse como vítima disso tudo, acredito que não estaria aqui para contar minha história. O mesmo digo em relação às desilusões amorosas, se foi traído, como me aconteceu, é porque você se permitiu isso. A vida nos dá inúmeras dicas do que nos acontece. E eu não fui traído na verdade, revi minha vida e minhas atitudes e percebi que lá no passado nesta mesma vida, agi da mesma forma com outra pessoa.
Em meu livro, dos capítulos 29 (XXIX) ao 32 (XXXII) há uma narrativa que fala sobre uma história muito parecida com a que eu vivi em 2016, com a diferença de que era eu o algoz e o outro, Fernando, foi a vítima. Tudo se inicia na página 84 e termina na página 97, com direito a muitas lágrimas  e um sentimento hoje de arrependimento, mas não posso mudar minhas ações, não posso mudar meu passado, e acredito que o que fiz a Fernando lá em 1986, se me recordo bem da data, foi vivido de forma muito parecida aqui em 2016, 30 anos depois. A diferença é que eu não fui pego, confessei meus erros, mas me separei de alguém que me amava e me perdoava pelos meus erros assim como fez meu namorado comigo em 2016.

Mas eu não aceitei o perdão dele, muito parecido com o que aconteceu agora, resolvi continuar minha vida de descobertas e sexo desvairado que me levaram a adquirir o vírus HIV talvez meses depois, ou talvez eu até já o tivesse e sem saber tivesse transmitido ao Fernando, disso não sei, acho que só saberei disso quando desencarnar e descobrir o que foi feito de Fernando e dos débitos que provavelmente adquiri em relação a ele, sei lá, ou talvez, ele também estivesse resgatando coisas da vida em relação a mim, quem sabe? Isso não importa, o que importa é que como eu disse anteriormente, ninguém é vítima de nada. Fernando não foi vítima de Anderson, que não foi vítima do namorado de 2016. As coisas acontecem como consequência de nossas ações e escolhas, é isso que importa. Não cabe a mim desejar mal ao namorado de 2016 nem odiá-lo pelo sofrimento que nossa situação me trouxe, o que ele fez consta lá na ficha dele e ele vai ter que responder por suas ações, assim como eu terei que responder por minhas ações. E também não cabe a mim carregar culpas comigo, pelo contrário, não sinto culpa de nada do que fiz ou guardo mágoa do que fizeram comigo, perdoar os outros e a si mesmo é ação-chave para uma vida presente feliz, acredito eu.

Tudo que eu fiz de mal aos outros pode ser anulado com meu perdão a mim mesmo e àqueles que me magoaram no passado. As boas ações anulam as más ações, estamos aqui para aprender com nossas próprias ações, é assim que vejo e sinto as coisas...e se estiver errado, vou descobrir depois de desencarnar...tudo a seu tempo. Não estou dizendo que podemos sair por aí magoando as pessoas que tudo ficará bem, não é isso, o que eu quero dizer é que acredito que com a maturidade espiritual, as coisas ruins, os débitos que eu não conseguir sanar aqui nesta existência, serão por mim sanados através de decisões tomadas por mim, já em espírito, como forma de ressarcir a pessoa a quem eu fiz mal. Por exemplo, suponhamos que Fernando não tenha me perdoado pelo mal que eu lhe causei lá em 1986 e no futuro próximo, sim, vou fazer 50 anos em fevereiro próximo; ao desencarnar, eu decida que tenho que de alguma forma reparar o mal que eu lhe fiz, o sofrimento que eu lhe causei, etc. Posso vir na próxima vida como um filho seu, ou um namorado fiel seu, ou uma esposa, sei lá...o que quero dizer com isso tudo é que acredito que não há castigo divino pras coisas más que fazemos às pessoas, mas que nós, dentro do nosso próprio progresso espiritual, escolhemos provas às quais nos submetemos para reparar o que destruímos lá atrás. É nisso que eu acredito, e não quero que ninguém acredite nisso porque eu acredito, só estou dizendo o que eu acredito, somente isso. Pode ser que eu mesmo tenha escolhido passar por todo esse perrengue com o namorado de 2016 como forma de evoluir, vai saber?

O que ficou de bom com as experiências de 2016

Bem, eu fui lá embaixo por causa da desilusão amorosa ocorrida em outubro de 2016. Porém, contudo, todavia, em vez de ficar chorando fui procurar ajuda. E descobri o Ho’oponopono...vou colocar o link do vídeo aqui pra vocês. Ele me ajudou a trabalhar a questão do perdão ao outro e a mim mesmo...fantástico!




Descobri também a “oração conectada de 4 etapas”, uma oração que me ajudou a ficar conectado com os seres de luz espirituais, que sofrem, coitados, com nossa falta de atenção diária. Eles tentam nos ajudar, mas ficamos tão preocupados com nossos 'sofrimentozinhos' e nosso coitadismo que raramente nos conectamos com eles.



Esta oração me fez entrar em contato comigo mesmo e perceber que a chave para muitos dos meus problemas estava em mim mesmo, pois sou eu também Ser Divino, filho de uma Energia Maior cujo nome cada um dá à sua maneira, não importa, nada tem a ver com religião. Graças a esta oração, parei de tomar antidepressivos e disse adeus à depressão...não sinto mais aquela tristeza desnecessária que me visitava diariamente. Hoje, graças a Deus, me sinto bem o suficiente pra não ter mais que tomar aquelas tranqueiras que acabavam com meu fígado. Já me basta ter que tomar 5 comprimidos diários pra driblar o HIV, né? Não estou dizendo com isso que todo mundo deve fazer a oração e jogar seus remédios fora...cada caso é um caso e cada um sabe de si...eu parei e não me arrependo, porque estou me sentindo bem...mas se tivesse parado e voltado a me sentir mal, teria calçado as sandálias da humildade, voltado ao médico, e pedido receitinhas novamente. Espero que não precise mais de antidepressivos tão cedo em minha vida. E sei que tudo depende de mim, nossa felicidade depende de nós, mas temos o hábito de colocar nossa felicidade nas mãos de um amor, ou de um cargo, ou de uma situação financeira, etc, etc, etc. Levei meio século pra perceber isso, mas graças a Deus e a mim mesmo, consegui. ;-)

O que mais? Ah...consegui um belo emprego mesmo depois de ter feito força pra perder o emprego onde estava há 20 anos e onde recebia um ótimo salário. Todo mundo disse que eu era louco por ter pedido pra ser mandado embora em 2014, depois disseram que eu não conseguiria emprego cujo salário fosse tão bom quanto aquele, mas consegui um emprego melhor ainda em 2016. Não estou dizendo com isso que este emprego vai durar pra sempre, nem tampouco o salário que advém dele, mas tenho que elencar aqui essa situação como coisa boa que me aconteceu e sou grato por ela ter acontecido. Trabalho muito, muito mesmo, mal tenho finais de semana durante o semestre letivo, mas gosto muito do que eu faço e é isso que importa.

Bem, levei um pé na bunda de alguém que não era verdadeiro comigo e que não me amava, que consequentemente não me merecia, acho que isso foi algo bom também!

Minha mãe, depois de muito doente no final de 2015, finalmente se recuperou do problema de saúde, ainda está se recuperando, mas já tem 67 anos e não vai mais voltar mesmo a ser uma menininha saudável, tenho consciência disso...o importante é que ela recobrou sua mente saudável, já que a doença a tinha deixado além de fraca fisicamente também confusa mentalmente. Graças a Deus hoje ela está bem vivendo com dignidade ao meu lado, como sempre.

O que mais posso dizer? Bem, continuo escrevendo sempre que posso e volta e meia recebo e-mail de leitores dizendo que estão felizes em suas vidas por uma ou por outra razão após terem lido o Harte ou um post meu aqui no blog...isto também me deixa muito feliz!
Sou seguidor de um canal no Youtube chamado “Luz da Serra”, este canal me ajudou e me ajuda muito a compreender certas coisas que me acontecem. Sempre indico pros amigos, nada tem a ver com religião, mas sim com espiritualidade, eu recomendo.

E pra terminar, vim para o sul, Santa Catarina, dirigindo desde São Paulo. Isto também foi um feito pra mim, já que não dirijo em estradas e minha depressão mal me deixava dirigir em São Paulo. Peguei o carro dia 22 de dezembro e por causa do trânsito intenso na estrada, dirigi por 11 horas até chegar ao destino final, um trajeto que deveria ter durado pouco mais de 8 horas. Agora ainda tem a volta, mas estou tranquilo, sei que vai correr tudo bem. E agora que estou ainda mais espiritualizado do que antes, não acredito mais em tragédias, qualquer coisa que venha a me acontecer, não será para meu mal, mesmo que aos olhos dos homens seja. No final, a gente fica sempre bem, porque somos espíritos eternos e tudo nos serve como aprendizado, até as piores tragédias que todos veem com pesar e ficam semanas, meses às vezes maldizendo o destino, podem ser muito boas para nossa evolução espiritual.

E minha dica pra 2017 é: perdoem, perdoem muito! Perdoem primeiramente a si mesmos. Adquiriu o HIV em 2016? Que bom! Daqui em diante você vai saber que viver com o HIV não é o fim da vida, muito pelo contrário, pode significar o início de uma vida e você pode fazer a diferença como portador desta doença crônica como portadores de tantas outras doenças crônicas fazem todos os dias mundo afora.

Feliz 2017 a todos os responsáveis pelos cerca de 15.000 cliques aqui no blog! Fico muito feliz sempre que recebo e-mail de vocês me contando coisas boas em suas vidas, ou até mesmo coisas que consideramos “ruins”...sou muito grato por ter a oportunidade de ter este canal de contato direto com os leitores do Harte e do blog. Tem gente que nem leu o Harte, mas que vem sempre aqui e sempre me manda e-mail comentando meus posts...muito obrigado a todos e muita paz na Terra em 2017!
Grande abraço,


Anderson – 04 de janeiro de 2017.