sexta-feira, 29 de junho de 2012

Boa notícia para aqueles que têm problemas com a quantidade de pílulas a serem tomadas diariamente.

Célula infectada pelo HIV: nova pílularajuda a interromper replicação do vírus


Um novo comprimido que combina quatro drogas anti-HIV em um único tratamento diário é seguro e eficaz, de acordo com um estudo publicado nos EUA.

Espera-se que a "pílula quatro em um" torne mais fácil para os pacientes manter a medicação e melhorar os efeitos de seu tratamento.
Um estudo publicado na revista especializada Lancet afirma que esta poderia ser uma "nova opção de tratamento".
Um especialista britânico disse que a pílula era "uma grande notícia" e fazia parte de um movimento em direção a doses diárias únicas para portadores do HIV.O HIV é incurável, e o tratamento da infecção requer terapia que combina múltiplas drogas usadas para controlar o vírus.
Isso pode significar tomar vários comprimidos em diferentes horários do dia. E esquecer de um significa que o corpo pode perder a luta contra o HIV.
Pesquisadores e empresas farmacêuticas têm combinado alguns medicamentos em comprimidos individuais, para facilitar a administração das doses.
A "pílula quatro em um" é a primeira a incluir um tipo de droga anti-HIV conhecido como um inibidor da integrase, que interrompe a replicação do vírus.
'Segura, simples, eficaz'
Paul Sax, diretor clínico do Brigham and Women's Hospital, em Boston, Massachusetts, e professor associado da Harvard Medical School, disse: "A adesão dos pacientes à medicação é vital, especialmente para pacientes com HIV, onde a perda de doses pode levar o vírus a tornar-se resistente."


Ele liderou a pesquisa comparando o efeito da pílula quatro em um com o do melhor tratamento disponível até então em 700 pacientes. Ele disse que a pílula quatro em um era tão segura e eficaz quanto as opções anteriores, embora houvesse um nível maior de problemas renais, entre aqueles que a tomam.
“Nossos resultados fornecem uma opção adicional altamente potente e bem tolerada, e reforça a simplicidade do tratamento através da combinação de vários anti-retrovirais em um único comprimido.

Dr. Steve Taylor, especialista em HIV no Birmingham Heartland Hospital, disse: "Sem dúvida, o desenvolvimento de uma pílula única é um grande avanço no combate ao HIV.

"Passamos um longo tempo com pessoas tomando até 40 comprimidos três vezes ao dia", diz.

Ele disse que o novo comprimido foi "uma grande notícia" para as pessoas com HIV e que a pílula quatro em um aumentaria as opções de tratamento.

No entanto, ele alertou que muitas pessoas ainda tinham o HIV não diagnosticado. Um quarto das pessoas com HIV no Reino Unido não sabem que estão infectadas.


A pesquisa foi financiada pela empresa de biotecnologia Gilead Sciences

domingo, 10 de junho de 2012

Brasil vive "epidemia descontrolada" de Aids, diz presidente do Grupo Pela Vidda


"O Brasil não tem conseguido diminuir a incidência do HIV/Aids", diz George Gouvea, do Pela Vidda
Presidente do Grupo Pela Vidda, referência no Estado do Rio no atendimento a pessoas com o HIV, o psicanalista George Gouvea vem denunciando as falhas do programa DST/Aids do Ministério da Saúde. Para ele, o Brasil vive uma “epidemia descontrolada”, ao contrário da palavra oficial do Ministério que reafirma controle da doença.
Os números oficiais dão essa certeza ao presidente do Pela Vidda. Nos últimos dez anos, pelo menos 102 mil soropositivos morreram no país e 311 mil novos casos foram notificados (dados consolidados até 2010). Apesar de os números anuais não sofrerem grandes variações (média de 11 mil mortes e 34 mil novos casos por ano), Gouvea critica o uso do termo "estabilidade" para classificar os números no Brasil. "Seria o mesmo que considerar 10 mil mortes de judeus por ano no holocausto um número estável", diz.
Em recente publicação, a Fiocruz, órgão do Governo Federal, pediu uma "correção de rumo" para o programa DST/Aids no país. "Ao contrário do que se tem observado em outros países que também instituíram programas de acesso universal ao tratamento e têm observado queda na incidência de novas infecções, o Brasil não tem conseguido diminuir a incidência do HIV/Aids", aponta o documento.
Para o presidente da ONG, campanhas de prevenção a Aids devem contar com a participação do público-alvo para a obtenção de resultados positivos.“Não tem como eu ir para uma esquina falar com uma travesti sobre prevenção, a travesti vai rir da minha cara e tem toda a razão de fazer isso”. O Grupo Pela Vidda atende cerca de 300 pessoas por mês e realiza assistência jurídica, reuniões de acolhimento e palestras, entre outras atividades.
UOL - Por que você afirma que vivemos uma “epidemia descontrolada” de Aids no país?
UOL - O que está errado no programa DST/Aids?
Gouvea - Muita coisa está errada. Nós temos um bom programa de Aids, ninguém pode dizer o contrário. A distribuição de retrovirais como política pública de saúde é realmente um marco, a gente nãoGeorge Gouvea - A gente não pode admitir que existam aproximadamente 35 mil novos casos de infecção pelo vírus HIV por ano. Em dados apurados em 10 anos, até 2010, a gente vai encontrar quase 350 mil novos casos de pessoas se descobrindo soropositivas. Eu não sei que estabilidade é essa. É a estabilidade da vergonha. A gente não pode se acomodar e achar que 35 mil novos casos por ano são poucos casos. A gente não pode achar que quase 12 mil óbitos por ano seja um número interessante. Que estabilidade é essa que o governo, que o ministério da saúde diz. É a estabilidade da morte?

 pode deixar de reconhecer. Mas não pode ser só isso. Não se pode apenas disponibilizar o remédio na boca da farmácia e dizer tchau, até logo. É preciso a criação de programas permanentes de prevenção, políticas, estratégias, esclarecimentos, tudo isso junto com a sociedade. Não é possível que a gente ouça a palavra Aids quando chega o verão e durante o Carnaval. É preciso se falar de Aids durante o ano todo, todos os dias. Eu deveria entrar no metrô e ver todos os dias um pôster falando de HIV. As crianças e os jovens precisam entrar nas escolas e ouvir sobre HIV. Eu fico imaginando a quantidade de pessoas que sequer ouvem a palavra Aids por meses. O assunto HIV deveria fazer parte do cotidiano da sociedade. O governo tem parcela de responsabilidade porque ele é um incentivador. Obviamente não pode fazer tudo, mas tem um papel de fomentar de provocar, de instigar e isso não está sendo feito.
http://img.uol.com.br/materia-modulos/abre_aspas.gifNão é possível que a gente ouça a palavra Aids quando chega o verão e durante o Carnaval. É preciso se falar de Aids durante o ano todo, todos os diashttp://img.uol.com.br/materia-modulos/fecha_aspas.gif

George Gouvea, presidente do Pela Vidda
UOL - No recente livro publicado pela Fiocruz, um dos problemas apontados é a questão do diagnóstico tardio.
Gouvea - Nós temos hoje no Brasil um índice de quase 50% de diagnóstico tardio, que é quando o sujeito se descobre com HIV já doente. Ele vai gerar uma série de custos por conta do diagnóstico tardio. Esse sujeito, quando interna, gera um custo com a permanência no hospital. Ele vai pedir licença do trabalho gerando custo para a previdência social. Mas o pior de todas essas coisas que eu acabei de falar é o sofrimento humano ao adoecer. Isso tudo poderia ser resolvido com um plano de testagem eficiente. Por que hoje nós não temos nenhum plano de testagem? Hoje existem centros de testagem a penas nas grandes cidades. É uma questão política, um cinismo para parecer que tudo funciona bem.
UOL - Não é interessante para o governo a criação de mais centros de testagem?
Gouvea - Se mais polos de testagem forem criados, vai demandar mais assistência porque mais pessoas serão diagnosticadas e essa demanda de pessoas soropositivas não vai encontrar atendimento. Se o número de testagens aumentar nós vamos ter o caos no atendimento.
UOL - A epidemia teve um crescimento espantoso na Região Norte. De 1998 a 2010 a incidência da Aids aumentou em 237,7%...
Gouvea - A tendência de uma epidemia descontrolada é que vá para o interior, é a interiorização. Se olharmos o mapa do HIV no Brasil se verifica essa tendência. Se nós já temos problemas nas grandes capitais eu fico imaginando o que será do interior.
UOL - O último boletim epidemiológico do governo federal apontou preocupação com a incidência de Aids no segmento jovem gay. Entretanto, a presidente Dilma Rousseff vetou a campanha de prevenção a Aids voltada ao público homossexual. Na propaganda vetada, um casal homoafetivo troca carícias, sequer há um beijo. Censura como essa não torna mais difícil a prevenção do crescimento do HIV no país?
Gouvea - O que a gente percebe é que nos últimos 10 anos a política nacional para DST/Aids tem sofrido alguns percalços. Isso tem nos preocupado muito. Há uma intromissão em políticas públicas de saúde no Estado laico de determinados setores religiosos. Se o Estado é laico, o nosso ordenamento político, com todo respeito, não é a Bíblia, é a Constituição. Nas últimas campanhas houve uma interferência de setores conservadores. Isso tudo foi muito triste para o movimento. Mas é importante ressaltar que essas intromissões acontecem nas esferas superiores. Porque aquele gestor que est á lá na ponta, que é nosso parceiro, que está em um determinado nível para baixo dentro do governo do Estado ou município ou governo federal, essas pessoas são parceiras. Mas acontece que elas têm limites de atuação. Por isso é preciso uma política de governo que atenda a todos os segmentos da população em parceria com a sociedade civil organizada.
UOL - E como você interpreta a vulnerabilidade do jovem gay apontada no boletim do Ministério da Saúde?
Gouvea - É comum a gente ler reportagens que dizem que está tendo mais casos com uma parcela da população. Mulheres, idosos, jovens gays. Na verdade essa é uma forma estranha de ver as coisas. O que existe é o HIV se espalhando por todo o tecido social, essa que é a realidade. Por esse motivo a gente deve ter políticas que atendam as demandas de todos os segmentos de todas as regiões do país. Eu não posso falar de HIV com um jovem gay da mesma forma que eu falo com uma pessoa da terceira idade. Se a gente não respeitar a diversidade de cada segmento fica difícil a informação chegar.
UOL - O documento publicado pela Fiocruz apontou ainda a superlotação de hospitais, a falta de leitos para pacientes soropositivos como outro grande problema. No Rio, onde é a área de atuação do Pela Vidda, a situação não é diferente. O último relatório do Ministério da Saúde como o Estado entre os cinco de maior incidência de casos no país. Você que vive esse dia a dia, qual a realidade destinada aos pacientes?
Gouvea - Nós temos muitas dificuldades. Infelizmente a questão da Aids está relegada ao décimo plano no Rio de Janeiro. Eu vou ousar dizer a você que no Rio de Janeiro, tirando o Ipec da Fiocruz que é federal, nenhum hospital, seja do município ou do Estado, recebe dignamente um doente de Aids. Nós temos falta de leitos, os pacientes com Aids, que precisam ficar em leitos isolados devido ao sistema imunológico debilitado, ficam jogados nos corredores das enfermarias com outros doentes. Faltam médicos, faltam infectologistas na rede. Se a pessoa se descobre soropositiva e procura uma unidade d e saúde, só vai ter a primeira consulta daqui a quatro, cinco meses. O sujeito que recebe aquela batata quente, o resultado na mão, não consegue atendimento imediato. Outro problema é a falta de remédios. O que a gente tem de informação é que a compra dos medicamentos está em fase de licitação. Mas há quatro meses. A gente não está falando de saco de cimento, de tijolo, de argamassa. Se o governo sabe que está acabando, tem de fazer a licitação bem antes de acabar. A gente está falando de saúde, de vida, de morte. O que acontece agora é uma licitação assassina.
http://img.uol.com.br/materia-modulos/abre_aspas.gifSão mais de 30 [mortes] por dia. É como se todo dia um ônibus caísse em uma ribanceira. Na Guerra da Síria já morreram 14 mil pessoas e a ONU está alarmada achando um crime contra a humanidade. Aqui morrem 12 mil pessoas por ano de Aids e todo mundo acha que é normalhttp://img.uol.com.br/materia-modulos/fecha_aspas.gif
UOL - O que um paciente soropositivo enfrenta, hoje, para conseguir atendimento?
Um indivíduo que se descobre soropositivo sem estar doente só consegue uma consulta depois de quatro, cinco meses. E é fundamental esse primeiro contato com o médico, porque é ele que vai esclarecer, que vai acalmar esse paciente que procura a unidade de saúde achando que vai morrer. Depois de conseguir a primeira consulta, ele vai precisar fazer um exame de sangue. Esses exames em geral demoram mais de trinta dias para ficarem prontos , o que é outro absurdo, já que na rede privada os mesmos exames ficam prontos em cinco dias. Depois, para retornar ao médico com os exames, mais quatro, cinco meses. Então esse paciente espera quase um ano para o encaminhamento do tratamento dele.
UOL - E se esse paciente se descobre com HIV já com os sintomas das doenças que afetam o sistema imunológico. O que ele enfrenta na rede pública de saúde?
Se já é um paciente doente que já apresenta a manifestação das doenças oportunistas por já estar com o sistema imunológico debilitado, esse sujeito interna e começa a sua via crucis. Ele tem de contar com a sorte de cair com um médico que perceba se tratar de um caso de HIV, mas o que geralmente acontece é o paciente chegar com, por exemplo, tuberculose em um hospital e apenas essa doença oportunista ser tratada. Não vai adiantar muita coisa. Essa pessoa fica misturada a outros pacientes, exposta a pegar outras doenças. Essa falta de estrutura da rede de saúde em todo o país resulta nesses quase 12 mil óbitos por ano. São mais de 30 por dia. É como se todo dia um ônibus caísse em uma ribanceira. Na Guerra da Síria já morreram 14 mil pessoas e a ONU está alarmada achando um crime contra a humanidade. Aqui morrem 12 mil pessoas por ano de Aids e todo mundo acha que é normal. Que estabilidade é essa?

UOL - Que tipos de projetos podem ser executados para que as campanhas contra a Aids atinjam segmentos diferentes da população brasileira?

Gouvea - Vou te dar um exemplo. Nós fizemos um projeto chamado Babadão da Prevenção voltado para garotos de programa que trabalham em saunas gays. Procuramos esses garotos, fizemos com eles um trabalho de capacitação falando sobre prevenção, o uso da camisinha. Dessa forma, esses garotos que foram capacitados passaram a conversar com outros garotos de programa usando a linguagem comum a eles, com seus próprios símbolos de comunicação. E, por consequência, esse trabalho acabou atingindo todo o universo de pessoas que frequentam aquele ambiente: os clientes, os travestis que fazem programa. Não tem como eu ir para uma esquina falar com uma travesti sobre prevenção, a travesti vai rir da minha cara e tem toda a razão de fazer isso. Por isso nós criamos um grupo que é coordenado por uma travesti. É preciso falar a mesma língua. A prevenção ao HIV só vai funcionar se conseguir atingir todo o tecido social. Se a gente não conseguir atingir todo o mosaico social, está fadado ao fracasso ou a essa estabilidade vergonhosa.



Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/06/08/brasil-vive-epidemia-descontrolada-de-aids-diz-presidente-do-grupo-pela-vidda.htm acessado em 10 de junho de 2012

sábado, 19 de maio de 2012

Mensagem de Leonardo Silva Melo

Anderson seu blog é maravilhoso, você escreve lindamente, mas se me permite você deveria utilizar esse espaço com mais frequencia para discutir por exemplo os avanços da ciencia contra o hiv, o preconceito e tantos outros temas ao inves de ficar postando paginas e paginas repletas das tragedias generalizados do meio LGBT.
Sua historia de vida é fantastica e você tem o DOM da palavra, use isso a seu favor.
Um grande abraço!
Leonardo silva e Melo

sexta-feira, 11 de maio de 2012

AGORA ESTAMOS NO FACEBOOK!!!

Isso mesmo, meus amigos!!! Agora estamos no Facebook! Eu já inaugurei a página, é claro! A ideia é nos comunicarmos, nos conhecermos, postarmos nossas dúvidas, inquietações, alegrias, celebrarmos, enfim, fazermos aquilo que tivermos vontade, e é claro, conhecermos pessoas!

A página está lá feita pra quem quiser entrar, com algumas restrições, é claro, por questões de privacidade só aceitarei as pessoas que me enviarem mensagem solicitando permissão para entrar em nosso facebook, ok?
Está super discreta, tem como foto principal uma linda paisagem em azul com a palavra esperança. Se você é do tipo de usuário de facebook que deixa tudo aberto pra todos verem, inclusive sua lista de amigos, não há problema, você terá em sua lista um amigo chamado Anderson Ferreira Harte, gostaram do meu sobrenome? Hehehe...os remete ao título de algum livro? Então, falando sério, lá vocês podem me ver em fotos que disponibilizei e pode também mostrar sua face sem problema algum. Para quem não é amigo não há fotos disponibilizadas nem tampouco informação alguma com relação ao conteúdo da página. E eu só vou aceitar pessoas que mandem mensagens dizendo que estão no mesmo barco que nós, ok?

Sejam todos muito bem vindos!

O link para o facebook é este aqui: http://www.facebook.com/andersonferreiraharte

Grande abraço a todos!

Anderson

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ser gay e ser filho, ou filha.

Interessante reportagem acabo de ler, fala sobre a aceitação ou não aceitação dos pais ao descobrirem que têm um filho ou filha homossexual. O endereço está abaixo:

http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2011/08/13/evangelico-e-militar-pai-conta-como-encarou-a-homossexualidade-do-filho.htm

Meu pai era um poço de preconceito, quem leu meu livro talvez até se lembre de uma passagem na qual ele diz à minha mãe, referindo-se à minha pessoa: "essa raça morre cedo" e outras coisas mais que nem valem a pena serem lembradas aqui neste post. Pois bem, acabo de ler essa matéria no UOL e resolvi postar aqui para vocês o link porque é no mínimo inspirador ler a respeito destes pais iluminados que aceitam, ou pelo menos, tentam aprender como aceitar seus filhos e filhas homossexuais.

Eu posso até dizer que tive sorte porque apesar de ter um pai preconceituoso nunca dependi financeiramente dele, pelo contrário, ele é que dependia de mim. Mas isto não me fez sentir melhor quando percebi que ele me aceitava porque precisava de mim, pelo contrário, me fazia sentir mal porque ao olhá-lo sempre me vinha à lembrança o fato de que ele me engolia, mas não me amava.

Ele morreu em 16 de novembro de 2004, há 8 anos. Teve um derrame cerebral no sábado, 13 de novembro, foi para um hospital público onde foi porcamente atendido e dispensado. No domingo, se me lembro bem, piorou seu estado de saúde, ele foi internado e veio a falecer poucos dias depois. Cheguei a ir ao hospital, mas ele não quis me ver, o que para mim foi um alívio, já que não saberia o que lhe dizer. Me despi das mágoas e ressentimentos e fiquei esperando por minha mãe do lado de fora do hospital. Quando recebi a notícia do seu falecimento pedi a Deus que amparasse seu espíritio e fiz tudo que um filho poderia fazer por seu pai em se tratando dos trâmites legais, no entanto, eu não perdia um pai, um amigo, perdia somente o ex-marido de minha mãe.

Adotei em minha trajetória de vida outros pais aos quais devo toda minha admiração e agradecimento pelo carinho e amor que me dispensaram nesta vida, porque pai é quem nos dá amor, assim como mãe. Não se apeguem às convenções que a vida nos dita através dos chamados laços sanguíneos e se sintam desamparados porque este ou aquele ser disse que não lhe ama porque você nasceu com o grande "defeito" de amar pessoas que tèm o mesmo sexo que você. Ninguém em sã consciência pode deixar de amar outro alguém porque este alguém ama. Quem ama sequer deixa de amar outro alguém porque este alguém odeia outra pessoa, quem ama, ama e pronto...ao menos é assim que eu penso.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Feliz 2012!!! Nosso primeiro e-mail do ano!

Olá, amigos! Recebi esta mensagem de uma leitora que vou chamar aqui de Lucia. Ela me enviou a mensagem abaixo em 21 de dezembro último e só hoje a vi. Eu espero do fundo do meu coração, Lucia, e demais leitores, que minha resposta possa ser útil a você de alguma forma. Grande abraço a todos!
Anderson Ferreira


oi.. me descobri soropositiva ha um mes. estou gravida de 4 meses e meu namorado é negativo...ando muito sem animo e gostaria de um apoio para levantar a cabeça e seguir a vida... gostaria de poder tracar e-mails com quem também vive com o hiv e é feliz...obrigada


obrigada



Oi, minha querida, tudo bem? Esta é a primeira coisa útil que faço em 2012, afinal de contas agora é 1 hora da manhã do dia 01 de janeiro de 2012 e resolvi dar uma olhada nos e-mails do blog antes da minha primeira dormida do ano. Encontrei sua mensagem aqui enviada em 21 de dezembro e ainda não respondida por mim. Estou em férias em Santa Catarina, a chuva cai lá fora depois de uma chuva de fogos de artifício que durou 16 minutos...o ano começou! Que bom! E estou vivo! Então nada mais me resta a não ser agradecer a Deus, não é?


Não sei se sou a pessoa pra lhe responder este e-mail porque vc diz que gostaria de trocar e-mails com quem vive com o hiv e é feliz...eu vivo com o HIV, mas será que sou feliz? Eu tento, viu, menina? Mas sofro de depressão, vivo com uma dose diária de Pristiq 50 mg cujo preço por si só já me deprime, mas ao mesmo tempo agradeço a Deus por poder comprá-lo todos os meses. Estou com uma dor de garganta há quase 3 meses e somente um dia antes de viajar pra cá é que um médico diagnosticou que estou com um problema na tireóide, pode até ser um tumor, não sei, isso quem vai dizer serão os exames, mas não estou infeliz por causa disso também não. Não estou infeliz porque passei a noite de Natal em casa de amigos aqui em Balneário Camboriú pelo segundo ano consecutivo e ano passado haviam descoberto que nosso amigo de 41 anos que vou aqui chamar de Daniel, tinha um tumor no cérebro. Isso foi no ano passado, neste ano o Daniel, após já haver passado por 3 cirurgias no cérebro, passou por um inchaço, acúmulo de água no cérebro, cerca de uma semana antes da minha chegada e durante a "festa" de Natal nada mais pôde fazer a não ser vomitar e se recolher 15 minutos após minha chegada. Mesmo assim o Daniel, homem lindo de 41 anos, pai de 3 filhos e marido de uma forte e batalhadora esposa, nada fez a não ser se recolher e pedir que não mudássemos nada naquela noite de Natal, que desculpássemos sua ausência, mas que não nos retirássemos ou fizéssemos menos barulho ou qualquer coisa diferente do que pretendíamos fazer...e assim foi a noite de Natal na casa do Daniel...ano passado foi na casa da irmã dele, mas este ano foi na casa dele porque sabíamos que ele não poderia viajar em um carro pra se locomover devido ao mal-estar causado pela doença.


Eu sinceramente peço a Deus que o Daniel se livre desse tumor no cérebro que já o incomoda há mais de um ano e que ano que vem ele esteja novo em folha em nossa festa de Natal. E se ano que vem ele não estiver mais entre nós eu vou entender, o que eu não quero é vê-lo sofrer dessa forma..isso ninguém merece, né, Lucia?


Também quando vim pra cá estava muito triste porque meu "relacionamento" com alguém que eu amava muito foi acabando, acabando, e quando eu percebi já tinha acabado. Mas eu sequer discuti nada com a outra pessoa porque ela não se dá ao direito de falar sobre o assunto, sempre que tem chance grita comigo, desfaz de mim literalmente abusa da minha boa vontade. Isso também já é motivo suficiente pra se estar infeliz, não é? E a minha resposta é não, Lucia, porque 10 anos é muito tempo pra se perder na vida com algo que nos faz infeliz. Cheguei à conclusão que quem tem que resolver as coisas sou eu, na minha cabeça, se a outra pessoa aceita ou não aceita, o problema é dela, Lucia. Sou eu quem mando na minha vida, no meu destino, nas minhas ações...não posso culpar o outro pela minha infelicidade. Num relacionamento não há mocinho e bandido, são dois seres humanos tentando acertar, cada um à sua maneira, claro, mas ambos querem acertar. Trocando em miúdos, não vou ficar infeliz por causa disso, pelo contrário, vou tocar meu barco e continuar minha vida porque ela continua enquanto assim tiver que ser...eu não sou nem feliz nem infeliz, sou apenas eu mesmo vivendo minha vida, Lucia.


Bem, minha cara leitora, e quanto a você, sei muito pouco de você, mas o que posso lhe dizer é que preste bem atenção no que me escreveu em seu e-mail. Você está grávida há 4 meses e é soropositiva. Bem, quando eu descobri que era soropositivo em 1986 morriam as grávidas e as crianças geralmente em seu primeiro ano de vida. Hoje em dia as chances de não transmitir o vírus à criança são imensas se tomados os devidos cuidados, isso vc vai descobrir em seu pré-natal. Outra coisa, vc também diz que seu namorado é soronegativo. Então, se entendi, vc deveria estar dando pulos de alegria porque não o infectou, e provavelmente não vai infectar o bebê. Resumindo: o problema, se é que podemos chamá-lo de problema, só está com você, Lucia. Eu sei muito pouco a seu respeito, e mesmo que soubesse muito não te julgaria por nada...mas na verdade tenho aqui pouco material pra comentar contigo.


Eu termino aqui te deixando um grande abraço e esperando ter ajudado em alguma coisa, Lucia. Pense nisso: somos responsáveis por aquilo que cultivamos. Você pode ficar aí com suas culpas e arrependimentos ou pode olhar pra frente e perceber que uma vida está chegando a este planeta pra tornar sua vida muito melhor do que ela já é. Agradeça a Deus por esta vida que se forma em seu interior e pela dádiva de poder dar a este bebê uma vida cheia de alegrias que está por vir. Deus te abençõe, Lucia.


Feliz 2012!!!


Anderson