sexta-feira, 5 de julho de 2013

Brasil testará coquetel anti-Aids preventivo


     Interessante notícia sobre o uso de um coquetel a ser testado no Brasil. Através do uso deste medicamento as pessoas que fazem sexo com pessoas infectadas pelo vírus HIV têm maiores chances de não serem infectadas. Espero que isto não venha a criar um sentimento de imunidade nas pessoas como já acontece com grande parcela de nossa população que infelizmente acredita que ter o vírus da Aids é algo fácil que se pode tratar com alguns comprimidinhos por dia. 
Sem querer desanimar meus colegas novos no clube de soropositivos, a verdade nua e crua é que não é nada fácil e requer imensa estrutura e adaptação daqueles que reiniciam suas vidas após serem diagnosticados soropositivos para o vírus HIV. 
     Já disse aqui em vários posts e inclusive em alguma parte lá do meu livro, me assusta ver o número de pessoas da terceira idade, homens e mulheres e também jovenzinhos com quem converso no Posto de Saúde onde retiro mensalmente minha medicação. Há 26 anos, quando descobri que era soropositivo, raramente via uma mulher recebendo "tratamento", aliás, não havia tratamento em 1987. Tudo que havia eram pessoas dizimadas pelas infecções oportunistas que o vírus lhes trazia e que rapidamente lhes ceifavam a vida. Eu tive sorte, fui abençoado, porque só tive um sinal da doença em 1998, quando já havia medicação; esta muito mais tóxica do que as que existem hoje, mas que felizmente não permitiram que minha vida fosse tirada pela presença do HIV em meu organismo. De qualquer forma, é importante lembrar que ainda hoje milhares de pessoas morrem  vítima desta doença em nosso país e em todos os continentes. Sim, novos navegantes, principalmente aqueles que acham que ser soropositivo significa apenas tomar alguns comprimidinhos por dia; com ou sem este coquetel, a única forma de se prevenir desta doença ainda nos dias de hoje é se protegendo com o uso da camisinha. Grande abraço a todos!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O estado está com AIDS



Há dias em que me tele transporto para a sexta-feira, 13 de março de 1987. Foi o dia em que recebi o diagnóstico de morte das mãos de um funcionário de um laboratório de análises clínicas na região da Avenida Paulista em São Paulo.
Eu me lembro que era um dia de calor e eu estava muito confuso, passei pela igreja na esquina da Rua Cincinato Braga com a Avenida Brigadeiro Luiz Antonio e fiz o sinal da cruz. Agora pensando bem, aqui do meu quarto, havia mesmo lá uma igreja? Ainda há? Às vezes folheio o “Harte” (maneira íntima a que me refiro ao livro que escrevi) e me pego pensando se aquilo tudo aconteceu de verdade ou se criei um roteiro cinematográfico da minha própria vida em minha mente de escritor...sei lá...acho que não...e se criei situações floreadas de mais juro que não fiz de propósito (risos).
Eu só tinha 20 anos, meu Deus. Não sabia quase nada da vida, e hoje em dia com 46 continuo sabendo muito pouco, da minha própria vida e da vida em si. Fiz o que nestes 26 anos de vida com o vírus da AIDS? Me apaixonei inúmeras vezes, vivi grandes amores e emoções, trabalhei muito pra pagar contas, não comprei quase nada de bens chamados imóveis, aliás, comprei nada, porque não tenho um apartamento meu ou casa para viver; pago aluguel. Isto talvez eu devesse ter feito diferente, sei lá, quem sabe ainda compro, né? Dinheiro não tenho pra fazer isto, mas como dizem amigos meus, quando a gente quer a gente consegue.
Eu é que nunca quis mesmo, sempre gostei de usar meu dinheiro pra viajar pelo mundo, disso sim eu gosto! Agora mesmo vivo uma situação de extrema infelicidade profissional, tenho me arrastado para o trabalho, não por causa dos alunos, desses ainda gosto, e quando a aula começa eu me esqueço de tudo, até das intempéries que tenho vivido na empresa eu me esqueço durante as aulas. Mas quando acaba a aula e eu tenho que enfrentar outras questões, tenho vontade de pegar meu banquinho e sair de mansinho. Bem, é só uma fase, não acredito em coincidências, isso tudo tem um motivo para estar acontecendo. Não me vejo nem um pouco como vítima, pelo contrário, se está acontecendo é porque tenho que passar por isso e aprender através disto. E melhor, tudo vai se resolver, este problema que agora existe, hoje, 28 de abril de 2013, daqui a um ano nem será mais lembrado por mim, tenho certeza.
Eu quis mesmo escrever este post foi porque estou sentindo uma tristeza daquelas profundas, sabe? É a bendita depressão me chamando à tona. E quando ela vem dessa forma eu olho tudo ao meu redor tentando detectar o que é resultado dela e o que é realidade. E fica difícil perceber as diferenças, e aí eu olho lá pro passado e fico tentando ver se também lá naquela época eu via as coisas com essa névoa como tenho visto ultimamente. Sofrer de depressão eu sofro desde que eu nasci, e naquela época eu não tomava remédio nenhum (agora também não estou tomando há 3 meses), e tentei suicídio aos 15 anos de idade, depois aos 17? Será que foi aos 17? Minha memória anda falhando...e depois aos 36, sim, aos 36, em março de 2003...já faz 10 anos! NÃOOOOO!!! Eu NÃO estou pensando em tentar suicídio novamente, ou melhor, penso sim, porque a maldita manda essa ideia pra mim, faz parte do mise-em-scène dela, mas eu engano ela. Sabe como é, faço de conta que compro a ideia, mas não compro, entende? Se chegar ao ponto que cheguei em 2003 corro pro médico e peço ajuda laboratorial, do tipo internação mesmo...que não é nada bom porque eles colocam a gente junto com pessoas que têm problemas gravíssimos, seríssimos, e a gente até acaba ficando bom logo de tanto que vê os outros sofrerem...hehehe...triste dizer isso, mas é verdade. A gente vê pessoas conversando com outras pessoas que não estão ali fisicamente, os esquizofrênicos, tem também  gente enfiando o dedo na garganta a torto e a direita no banheiro, outros se contorcendo de dor pela falta da droga com que lutam há anos...sim...este foi o cenário com o qual me deparei em um ambiente de clínica privada, paga pelo convênio médico; imaginem como deve ser em um hospital público!
Mas por que foi que resolvi escrever este post mesmo? Ah...lembrei! Porque to triste por perceber que 26 anos se passaram desde aquele dia e o mundo ainda continua muito ruim. Será que eu era alienado demais naquela época pra perceber o mundo à minha volta ou o mundo era menos ruim do que agora? Acho que é porque não tinha internet, eu não tinha smartphone, não entrava no UOL entre uma prova corrigida e outra pra ler mais uma notícia fresquinha, sei lá. Esta semana colocaram fogo em uma jovem dentista em um bairro do ABC paulista, uma moça viu seu irmão ser baleado na cabeça estando sentada ao seu lado no banco do passageiro. Sim, eu vi aquele terror que não era filme de ficção, os ladrões se aproximaram do carro e a câmera do GPS gravou tudo. Gravou tudo, até o rapaz baleado perder controle do carro e bater em um poste. E teve também uma reportagem agora há pouco no Fantástico sobre um rapaz que esfaqueava os motoristas de táxi aqui em São Paulo. Segundo ele era por causa das drogas que fazia aquilo, mas ele sequer dava às vítimas a chance de saberem o que estava acontecendo. As apunhalava pelas costas pra roubar-lhes os trocados que tinham nos bolsos. Este último bandido morreu nem sei por quê, só sei que morreu, pois foi através de cartas confessionais que a polícia descobriu e ligou um caso ao outro.
E aí eu fico pensando: eu tenho AIDS, sou portador do vírus HIV há mais de 26 anos, e daí? Nossa sociedade está muito mais doente do que eu ou qualquer outro que esteja neste momento agonizando em uma UTI hospitalar. É preciso que mudemos nossas convicções e valores imediatamente a despeito do que a mídia prega aos quatro cantos a todo instante. A gente precisa de mais amor, e de menos coisas... de menos coisas que brilhem, que toquem, que se movam rapidamente, estes últimos os chamados automóveis. Precisamos de mais transporte público, de mais hospitais onde os médicos olhem em nossos olhos, de mais empresas onde você valha aquilo que é; o que carrega consigo como parte de sua bagagem moral e intelectual e valha menos pelos números que representa. Precisamos de mais grupos de amigos cujos membros se abracem e convidem uns aos outros para irem às suas casas no final de semana, de ambiente menos plastificados pela luz eterna e artificial que impera nos shopping centers.
As pessoas têm que ser mais amistosas com o outro, receber os novos nos ambientes escolares e de trabalho com um sorriso na face e uma verdadeira boa vontade nas atitudes. Temos que tirar nossos sorrisos instantâneos e biquinhos das fotos do Instagram e mostrar ao outro quem verdadeiramente somos. Livrarmo-nos das capas de celular recheadas de falsos brilhantes, dos Apples, Imacs, Windowsphones, smartphones que nos configuram seres importantes nos lugares públicos, dos carros caros pagos em 60 prestações altíssimas sem entrada. Trocar de carro todo ano, entra ano, sai ano, a lugar algum vai nos levar. Temos que ler mais e ver menos, sim, ler, ler, ler e ler mais ainda, porque ler nos faz pensar, refletir, viajar mesmo, dentro de nós, dentro do outro. Pode ser que eu esteja aqui dizendo um monte de besteiras, me desculpem se assim for, mas eu acho que estamos doentes de nós mesmos, estamos doentes de sociedade, acho mesmo que o estado está com AIDS.
Sim, nossa sociedade está criando uma doença auto-imunológica que faz com que as pessoas queimem umas as outras pra obterem dinheiro, pra terem aquilo que o outro tem; isso é loucura, muita loucura, minha gente! A sociedade como um todo, todos nós, precisamos de ajuda. 
Eu não sou santo, tenho vergonha em dizer que me enquadro em muitas das situações descritas acima, sim, mas tenho pensado nisso, e entre uma aula e outra sempre faço questão de me aproximar dos meus alunos e tentar jogar uma semente no ar que os façam perceber que há muito mais para a vida do que o Iphone que eles carregam escondido debaixo do livro e utilizam para trocar futilidades com o melhor amigo que está perdido em outra sala de aula do mundo de meu Deus.
Eu estou passando por uma crise profissional e psicológica porque alguém que só vê poder à sua frente decidiu me humilhar no intuito de me mostrar quem é que manda. Isso me fez muito mal, me tirou quase a vontade de continuar a fazer o que mais amo fazer na minha vida, ensinar o pouco que eu sei ao outro. Isto vai passar, semana que vem tenho consulta no psiquiatra que vai saber o que fazer com a depressão em termos de medicamento, etc. A pessoa que fez, que está fazendo isso comigo, também vai passar. Enfim, tudo vai passar. Mas o que não pode passar é nossa fé em um mundo melhor que só poderá ser criado por nós mesmos. E não adianta ficar esperando o governo resolver tudo porque eles não vão resolver tudo, nunca resolveram, nunca resolverão.
Temos que atacar nossas crianças com muito amor, com muito valor, com muito ensinamento de caráter, com muito realismo, com muita lição de ação-reação, do tipo “se você não fizer a coisa certa, você não vai obter bons resultados. Resultados materiais nem sempre são os melhores, é melhor ter amigos, etc”. Temos que urgentemente educar nossas crianças, transmitir valores a elas, não o valor do euro ou do dólar, mas o valor da honestidade, do amigo, do irmão, da mãe, do pai, do tio, do avô, esses valores têm que ser diuturnamente passados às nossas crianças. E principalmente o valor da vida, o valor de Deus, não o valor da religião, mas o valor de Alguém que nos criou e que fica feliz quando fazemos o bem ao nosso próximo independentemente de se chamar Alá, Jeová, Deus, Krishna, não importa.
Talvez eu peça demissão do meu trabalho, talvez eu seja demitido, talvez eu entre naquelas licenças longínquas que os psiquiatras cavam no INSS, talvez tudo continue como era antes, não sei. O que eu sei é que além do meu HIV e dos meus pequeninos problemas pessoais há em nossa sociedade contemporânea um sério problema a ser resolvido, a falta de amor ao próximo e consequentemente a si mesmo. Se pudermos dar mais valor às pessoas e menos valor às coisas talvez tenhamos uma geração melhor nos próximos 20 anos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Proteína em estudo não deixa vírus da AIDS se reproduzir

Pois é, meus amigos, há pouco eu falava com minha mãe sobre meus feeelings sobre determinadas coisas em minha vida. Me lembro bem que em 1988 meu amigo Vítor (pra quem não leu o livro ainda, foi um grande amigo!) chegava em casa radiante só por causa de uma notinha mínima no jornal que dizia que cientistas continuavam a pesquisar a cura para a AIDS. Naquela época, se bem me recordo, tais notícias tratavam em sua maioria de  doações que eram feitas por milionários na tentativa de colaborar com algo que a grosso modo era impossível ainda de se imaginar. Não havia muita luz no fim do túnel, mas artistas como Barbra Streisand, Liz Taylor e muitos outros, utilizavam-se de sua fama para lançar shows e campanhas em auxílio às vítimas da terrível doença que assolava o planeta em uma rapidez incrível, e com a mesma rapidez matava suas vítimas que contraíam doenças oportunistas como o "famoso" Sarcoma de Kaposi, a pneumonia causada pelo pneumocystis carinii e outras mais. Hoje em dia a população que sobreviveu, como eu, bem sabe o que significam estes nomes, no entanto, duvido que os infectados neste milênio saibam o que significam estes nomes. E que bom que não sabem! Sim, meus amigos, este tipo de ignorância é bom demais, né? Se não sabem é porque estas doenças não os amedrontam como nos amedrontavam há 15, 20 anos, graças a Deus, e aos cientistas.

Voltando à questão dos feelings aos quais me refiro no início deste texto, eu me lembro bem que costumava mostrar às pessoas que me davam as tais boas notícias com relação à possível cura, uma falsa felicidade no intuito de não demonstrar minha certeza de que tudo aquilo estava apenas começando, que não haveria cura para aquela doença terrível tão cedo na história da medicina mundial. Algo, não perguntem o quê, quem, como, mas eu sabia que de alguma forma, que aquilo tudo, que aquelas notícias vagas, eram mais pra vender jornal do que qualquer outra coisa. E digo mais, sabia, no fundo de meu coração, que perderia muitas pessoas queridas por causa da AIDS. Quanto a mim, me recusava a pensar se iria morrer logo ou não, eu já havia mesmo conseguido ultrapassar o tempo que o médico havia me dado no laboratório em fevereiro de 1987: dois anos. Sabia que tinha que prosseguir, o resto era resto, principalmente quando estava na Inglaterra, longe de casa, não adiantava temer a AIDS, a pneumonia fatal que poderia me afetar a qualquer momento, tinha, assim como tenho até hoje, quase 26 anos depois, que continuar minha vida.

E assim tenho feito, terminei a faculdade em dezembro passado e agora estou decidindo se faço ou não faço pós-graduação neste semestre mesmo, e não é por desânimo que titubeio, mas sim por questões financeiras que não vêm ao caso agora. Mas falando dos meus feelings...risos...foco, Anderson! Foco no texto!!! Então, falando deles, tenho a sensação que muito em breve a cura significativa virá, e não estou dizendo isso pra moçada sair por aí transando sem camisinha a torto e à direita. Estou dizendo porque realmente sinto que nos próximos 5, 10 anos, haverá mesmo uma cura para a AIDS. Talvez uma vacina pra proteger definitivamente aqueles que ainda não foram infectados, o que graças a Deus ainda não é minoria...talvez um medicamento que pare de uma vez por todas a replicação do vírus, não sei, mas sei que esta doença tão cruel que ainda mata milhões de pessoas no mundo todos os anos e está tão densamente ligada à sexualidade e ao amor, ah...essa há de ser debelada pelos cientistas.

Eu vivo com ela desde os meus 19 anos como todos sabem, e pode até ser que morra vítima de uma doença por ela causada, mas da mesma forma que eu sentia na minha adolescência (quem leu meu livro sabe disso) que algo "terrível" iria me acontecer e que seria uma grande provação em minha vida, eu também sinto agora que esta etapa AIDS está quase chegando ao seu fim. Ainda há, dirão os pessimistas de plantão, a possibilidade de vírus ainda mais mortais aparecerem, ainda há o câncer, ainda há a violência nas grandes cidades, ainda há e sempre haverá coisas terríveis que colocam em perigo a raça humana e nossa possibilidade de se despedir da vida quando já estivermos bem velhinhos, etc, etc, etc. Sim, não estou aqui euzinho dizendo que a vida será maravilhosa após a descoberta da cura da AIDS, mas querem saber o que eu penso? O que mais mata neste vírus, a meu ver, é a maldita conotação moral que suas vítimas carregam. A maldita conotação sexual que suas vítimas, sim, somos todos vítimas, carregam consigo. O portador da AIDS é um dos poucos, se não o único, portador de uma doença grave, que além de tê-la, sofre o terror da discriminação em inúmeros ambientes. E pior, não é somente pela ignorância das pessoas que insistem em ignorá-la por todos estes anos, mas é porque ela está ligada à sexualidade, ao homossexualismo pra ser mais direto.

Ano passado, quando Reynaldo Gianecchini se submetia a tratamento na tentativa, graças a Deus no caso dele bem sucedida, de debelar o câncer que o matava, uma "amiga", que não sabe que sou soropositivo, descarregou sua arma à mesa na qual estávamos todos reunidos em um grupo de colegas de trabalho a fatídica sentença: Gente! Ouvi por aí um papo de que ele tem é AIDS, não é só câncer!

Me senti como se estivesse em uma reunião de pessoas na década de 10 do século passado, sei lá quando, mas com certeza as expressões de todos à mesa me lembravam uma novelinha destas que passam na telinha no horário das 18 horas e alguns minutos! O mais triste foi perceber que eu estava na década de 10 sim, mas no terceiro milênio, século XXI, cidade de São Paulo, 5ª ou 6ª maior cidade do mundo. Todos pareceram aliviados quando um ser destes apaziguadores, da turma do deixa disso, mudou o rumo da conversa e todas se convenceram que o Rey (pra que eu pareça íntimo daquele moço bonito externa e internamente) não tinha nem AIDS e nem era gay!!!

É por isso que eu digo, não há doença que eu conheça em minha curta existência de 45 anos de vida, que seja tão julgada como a AIDS. Talvez a hanseníase, não sei, mas eu nunca conheci alguém que tenha hanseníase, sei que há muitas pessoas com esta doença, mas também sei que não é o tipo de doença que se divulgue ter por aí afora.

Pois bem, meus amigos, escrevi isto tudo porque há dois dias me deparei com uma notícia que transcreverei abaixo sendo que não acredito ser possível lê-la integralmente na imagem que vou anexar a esta postagem.
Me despeço de todos aqui já nesta parte do texto porque não transmitirei mais minhas opiniões nas linhas que se seguirão abaixo, apenas as copiarei do jornal de onde as tirei. Desejo a todos um Feliz ano de 2013 (ainda há tempo, né?), que tragédias como a ocorrida domingo passado em Santa Maria no Rio Grande do Sul nunca mais ocorram em nosso país nem em pais qualquer do mundo, ao menos não causada pela irresponsabilidade do ser humano; que a cura da AIDS seja finalmente descoberta pelos cientistas que habitam este planeta; que a ignorância humana e o triste hábito de julgar as pessoas por sua orientação sexual se torne uma prática de museu; que a violência diminua, ou melhor, desapareça de tal forma que os urubus de plantão nos sanguinários programas televisivos exibidos em nossa triste TV padeçam de desemprego por falta de desgraças ou arrumem melhor utilidade para seus talentos jornalísticos. Enfim, tudo de bom pra todos nós! ;-)

Proteína em estudo não deixa vírus da AIDS se reproduzir

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os Homo Viator da Aids.




E lá na faculdade neste meu último semestre do curso de Letras estamos estudando na área de Literatura a chamada literatura de viagem. É aquela parte da literatura que estuda o deslocamento das personagens nas estórias, ou no vocabulário contemporâneo, as histórias dos escritores, narradores e Eu líricos por aí espalhados por nossa vasta literatura brasileira. Pois bem, e dentro deste campo estudamos também o Homo Viator, em poucas palavras o homem viajante, que somos todos nós, ontem, hoje e amanhã. Quem de nós não viaja por esse mundo afora? Se não fisicamente por motivos que podem ser inúmeros, viajamos certamente mentalmente, através dos livros, dos nossos próprios textos e também, por que não? Por este nosso companheiro incansável que é nosso pensamento. Pois bem, há alguns anos publiquei aqui mesmo neste blog um texto que falava sobre minhas inquietações com relação a uma viagem minha aos Emirados Árabes, mais precisamente no final do ano de 2008.

Desde então tenho recebido inúmeros e-mails de leitores nossos, estes também viajantes, que têm lá como eu tinha várias dúvidas quanto ao que fazer com relação às benditas pílulas que tomamos, nós portadores do vírus HIV, para nos mantermos vivos de forma decente e digna neste teatro nosso de todos os dias que chamamos de vida. Todos eles têm a mesma inquietação sobre o que fazer para entrar nos países visitados carregando estas pílulas mágicas que nos mantêm vivos, mas que ao mesmo tempo entregam sem dó nossa condição de culpados portadores de um vírus que não pedimos para ter em nossas correntes sanguíneas. E estamos preocupados porque podemos ser rechaçados de qualquer área fronteiriça como personas non gratas em um país antes mesmo de lá pisarmos nossos pezinhos.

Temo informá-los, queridos leitores, que não possuo fórmula que resolva tais questões. Tudo que posso dizer é que continuo viajando, sempre que minha condição financeira me permite, e aonde quer que eu vá eu levo meus medicamentos porque embora até queira não posso deixar de tomá-los, sob pena de me quedar doente e dar vazão às temidas infecções oportunistas que podem marcar presença em meu corpinho já cansado de 45 primaveras que teima em sobreviver a estes virusinhos já há 25 anos desde que comecei a contar o período inicial de infecção em 13 de março de 1987.

Há exatamente um mês fui à Nova Iorque, passei só 3 dias por lá, cheguei em 09 de outubro e voltei ao Brasil no dia 12 de outubro. Fui ver o show daquela mulher por cuja voz me apaixonei na década de 80 quando eu contava ainda meus 13 anos: Barbra Streisand. Valeu a pena o sacrifício principalmente financeiro para tal façanha. Foi um momento inesquecível em minha vida, mesmo tendo visto minha deusa da uma distância imensa do palco, foi no Barclays Center, estádio de beisebol no bairro do Brooklyn em Nova York. Eu estava em um lugar bem alto, paguei US$ 600 pelo ingresso, nada barato para meus parco salário de professor, mas ao menos estava de frente para o palco, uns pobres coitados, ainda menos sortudos do que eu compraram ingressos e sentaram-se em cadeiras que estavam situadas às costas de nossa deusa Barbra. E ela, como de costume, humildemente se desculpava e de quando em vez dava lá uma olhadela para os menos favorecidos localizados às suas costas e perguntava se eles podiam vê-la pelo telão. Eu não entendi direito a razão de se construir assentos às costas do palco, mas depois caí na real e entendi que aquele estádio foi construído para se assistir partidas de hockey no gelo e beisebol, e que para tais eventos não existe palco, aquele palco ali estava só para aquela ocasião, o show Back to Brooklyn de Barbra Streisand que ali cantou maviosamente do alto de seus 70 anos, dignamente, não menos estrela do que foi nas vezes que subiu ao palco nas noites de Grammy e Oscar a que fez jus em sua vida de estrela.

Voltando ao assunto, eu admito que pensei em não levar medicamentos para me sentir livre de quaisquer embaraços na alfândega, principalmente porque havia lido sei lá onde que os Estados Unidos barravam portadores do vírus na alfândega. Tá aqui o link: http://forum.viagem.blog.uol.com.br/arch2008-07-13_2008-07-19.html#2008_07-18_13_40_46-8953204-0 . Na verdade o artigo diz que eles iriam passar a aceitar, na época fiquei muito p*** da vida porque tenho certeza que a nacionalidade do vírus que trago aqui comigo desde os meus 19 anos e que adquiri em terras brasileiras provavelmente é norte americana, uma vez que na época as infecções eram em sua maioria trazidas de lá por pessoas que haviam viajado para lá. Bem, deixa prá lá, de onde veio, para onde foi, para onde vai, isto não importa, a questão é: temos o direito de viajar, as fronteiras são invenção do homem, se elas tivessem que existir a natureza disso teria se encarregado. Como fez o mar para separar os continentes, mas não há mesmo nada que nos impeça de ir e vir, mais dia menos dia, lá chegamos se quisermos. E foi isso que eu fiz nesta minha trajetória de vida, e é isso que vou continuar a fazer, seguir meu caminho até que a natureza, ou Deus, ou Jeová, ou Alá, ou chamem do que quiser, achar que é hora de eu parar. E nem assim vou parar, porque aí, acredito eu, vou poder volitar, como espírito que eu serei...risos...aí sim é que ninguém vai me segurar...hahahaha!

Bem, meus queridos leitores, vou parar por aqui porque já passam de 900 palavras este meu relatozinho que decidi escrever. Para encerrar, queria pedir àqueles que me escreveram nestes últimos 4 anos me perguntando sobre as viagens e pedindo dicas, que me mandem e-mail relatando como foram suas experiências.

Tenho certeza que todos foram e voltaram sem maiores contratempos, tendo tomado os devidos cuidados, é claro, e acredito que seus relatos positivos podem ser muito úteis aos homo viators ainda inseguros de abrirem suas asas hivadas mar afora por este nosso mundão de meu Deus!! ;-)

Grande abraço a todos!

Anderson Ferreira – 09 de novembro de 2012

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Boa notícia para aqueles que têm problemas com a quantidade de pílulas a serem tomadas diariamente.

Célula infectada pelo HIV: nova pílularajuda a interromper replicação do vírus


Um novo comprimido que combina quatro drogas anti-HIV em um único tratamento diário é seguro e eficaz, de acordo com um estudo publicado nos EUA.

Espera-se que a "pílula quatro em um" torne mais fácil para os pacientes manter a medicação e melhorar os efeitos de seu tratamento.
Um estudo publicado na revista especializada Lancet afirma que esta poderia ser uma "nova opção de tratamento".
Um especialista britânico disse que a pílula era "uma grande notícia" e fazia parte de um movimento em direção a doses diárias únicas para portadores do HIV.O HIV é incurável, e o tratamento da infecção requer terapia que combina múltiplas drogas usadas para controlar o vírus.
Isso pode significar tomar vários comprimidos em diferentes horários do dia. E esquecer de um significa que o corpo pode perder a luta contra o HIV.
Pesquisadores e empresas farmacêuticas têm combinado alguns medicamentos em comprimidos individuais, para facilitar a administração das doses.
A "pílula quatro em um" é a primeira a incluir um tipo de droga anti-HIV conhecido como um inibidor da integrase, que interrompe a replicação do vírus.
'Segura, simples, eficaz'
Paul Sax, diretor clínico do Brigham and Women's Hospital, em Boston, Massachusetts, e professor associado da Harvard Medical School, disse: "A adesão dos pacientes à medicação é vital, especialmente para pacientes com HIV, onde a perda de doses pode levar o vírus a tornar-se resistente."


Ele liderou a pesquisa comparando o efeito da pílula quatro em um com o do melhor tratamento disponível até então em 700 pacientes. Ele disse que a pílula quatro em um era tão segura e eficaz quanto as opções anteriores, embora houvesse um nível maior de problemas renais, entre aqueles que a tomam.
“Nossos resultados fornecem uma opção adicional altamente potente e bem tolerada, e reforça a simplicidade do tratamento através da combinação de vários anti-retrovirais em um único comprimido.

Dr. Steve Taylor, especialista em HIV no Birmingham Heartland Hospital, disse: "Sem dúvida, o desenvolvimento de uma pílula única é um grande avanço no combate ao HIV.

"Passamos um longo tempo com pessoas tomando até 40 comprimidos três vezes ao dia", diz.

Ele disse que o novo comprimido foi "uma grande notícia" para as pessoas com HIV e que a pílula quatro em um aumentaria as opções de tratamento.

No entanto, ele alertou que muitas pessoas ainda tinham o HIV não diagnosticado. Um quarto das pessoas com HIV no Reino Unido não sabem que estão infectadas.


A pesquisa foi financiada pela empresa de biotecnologia Gilead Sciences