sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Mortalidade por Aids no país cai 12% em 10 anos

A mortalidade por Aids no Brasil e no México está em tendência de queda, aponta estudo feito pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado na quarta-feira (21), na revista Aids, com dados de países de todo o mundo. Os dois países oferecem acesso universal aos antirretrovirais.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a Aids é a 13ª causa de morte no país, que registra 38 mil novos casos e cerca de 12 mil mortes ao ano por causa da doença. Em dez anos, a mortalidade caiu 12,7%.

Para chegar aos resultados, a pesquisa analisou o "peso" da doença nos países, levando em consideração um indicador chamado Dalys, que avalia não apenas os casos de morte, mas também os anos de vida perdidos por incapacidade prematura.

MITOS E VERDADES SOBRE A AIDS:

1) Aids e HIV são a mesma coisa. MITO: Aids é a doença, e o HIV é o vírus que transmite a doença. Ter o vírus não significa ter Aids, pois a pessoa pode passar muitos anos com o HIV sem que a doença se manifeste. "Hoje a gente fala em quem tem HIV e quem tem Aids, pois quem tem o HIV e faz o tratamento correto pode vir a não manifestar a doença", explica o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) 

2) Sexo oral transmite HIV. VERDADE: isso foi controverso durante muito tempo, mas várias pesquisas científicas comprovaram que é possível ser infectado desta forma. O contato com os fluídos durante o sexo oral, especialmente se há ferimentos na boca de quem pratica (gengivites, aftas, machucados causados pela escova de dente), pode transmitir o vírus HIV. No entanto, o risco de infecção é menor, se comparado com outras formas de contágio (sexo vaginal, sexo anal e compartilhamento de seringas, por exemplo), segundo cartilha sobre Aids do Ministério da Saúde 

3) Pessoas casadas ou em relacionamentos estáveis não precisam se preocupar com a Aids. MITO: atualmente, o índice de Aids cresceu muito entre mulheres casadas ou com parceiro fixo. "A Aids hoje está afetando mulheres jovens, que têm relações sexuais com parceiros variados ou fixos sem uso de proteção, além de mulheres idosas que acreditam que relações de longa duração afetiva envolvem fidelidade sexual", aponta Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids da USP e pesquisadora do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Por isso é importante, mesmo em um relacionamento estável, fazer sexo com proteção

4) O risco de contágio pelo sexo anal é maior. VERDADE: o vírus HIV pode ser transmitido através do sexo anal e a taxa de contágio é maior do que a do sexo vaginal, por exemplo. "Isso porque a mucosa anal é mais frágil do que a vaginal, sendo mais suscetível ao contágio", explica o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP

5) Ainda existem grupos de risco. MITO: se no início da epidemia a doença afetava mais homossexuais, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos, hoje o vírus ameaça qualquer pessoa, de qualquer camada social. "Hoje se fala em comportamento de risco, pois não há mais faixas em que um homossexual tenha mais chance de ter a doença do que uma mulher heterossexual, por exemplo. Ambos estão expostos ao mesmo risco. O que define isso é o comportamento", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia 

6) Camisinha protege contra o vírus HIV. VERDADE: camisinha continua sendo o melhor método preventivo, e também evita outras formas de doenças sexualmente transmissíveis. Estudos norte-americanos já esticaram o látex, material do preservativo, em 30 mil vezes e não detectaram nenhum poro pelo qual o vírus pudesse passar. Mas é sempre bom verificar se a camisinha é inspecionada por órgãos competentes, para garantir sua segurança

7) Filhos de portadores de HIV também terão o vírus. MITO: "Hoje é possível uma mulher com HIV planejar uma gravidez e ter uma família. Se ela estiver fazendo o tratamento corretamente e com um pré-natal adequado, a chance de infectar o bebê é muito baixa", garante o médico infectologista e imunologista Esper Kallas. Para isso, a mãe deve ter baixa carga viral e boa imunidade, e ainda receber antirretrovirais ao longo da gestação. No entanto, ela não poderá amamentar, já que o leite materno pode transmitir o vírus. No caso dos homens, eles só podem ter filhos através de tratamento de fertilidade, por meio de um processo chamado de "dupla lavagem de sêmen", que garante que nem o bebê nem a mulher sejam infectados 

8) Mulheres têm mais chance de contrair HIV do que homens. VERDADE: mulheres são mais vulneráveis porque sua área de contato, a mucosa vaginal, é maior do que a masculina (a entrada da uretra ou pelo prepúcio). "Além disso, a mulher fica com o esperma "vivo" em seu corpo depois da ejaculação, aumentando não só a área exposta, mas o tempo de exposição a uma quantidade de líquido mais abundante que a lubrificação vaginal", explica Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids da USP e pesquisadora do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo

9) Aids ainda atinge mais os homossexuais. VERDADE: apesar de ter diminuído nesse grupo, a taxa de infecção entre homens que fazem sexo com outros homens ainda é grande, em torno de 10,5%, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde 

10) O tratamento com os coquetéis impede totalmente a manifestação da doença. MITO: "O tratamento atual é muito eficaz, e impede em boa parte dos casos. Mas, às vezes, os medicamentos podem não ter o efeito esperado em determinados pacientes, ou o portador começa a tomá-los muito tarde e torna mais difícil o processo. O tratamento não é simples: ele exige adesão e acompanhamento para ter sucesso", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) 

11) Beijo na boca pode transmitir HIV. MITO: a saliva tem várias substâncias prejudiciais ao vírus, a possibilidade de alguém ser infectado durante o beijo é mínima (o risco é menor de 0,1%) e existe apenas se tiver com um ferimento grande na boca 

12) Equipamentos de salão de beleza não esterilizados passam HIV. VERDADE: objetos perfuro-cortantes com presença de sangue podem transmitir o vírus se não forem devidamente esterilizados. Para tanto, basta que sejam lavados com água e sabão para eliminar esse risco. "Se a pessoa facilita o contato com objetos que contenham traços sanguíneos, como seringas e agulhas utilizadas para outra pessoa, pode se infectar", alerta Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids da USP 

13) Ninguém morre de Aids. VERDADE: o que mata na verdade são as infecções oportunistas, que se tornam frequentes, agressivas e difíceis de tratar devido a deterioração do sistema imunológico da pessoa. Portanto, a pessoa não morre de Aids, mas em decorrência dela 

14) Não é preciso se preocupar com a Aids porque já existe tratamento. MITO: Aids é uma doença séria, e não dá pra descuidar. Apesar dela ter tratamento, não tem cura e ainda faz muitas vítimas no mundo todo. Além disso, os medicamentos devem ser tomados por toda a vida e podem causar efeitos colaterais, como diarreia e vômito. "Tem pessoas que com o tratamento conseguem diminuir o vírus no corpo a ponto dele não ser mais detectável. Estas dificilmente transmitem o vírus. Mas isso não significa que podem se descuidar", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas 

15) Portadores de HIV não precisam fazer sexo seguro entre si. MITO: Este é um dos maiores mitos sobre a Aids. O sexo sempre deve ser seguro, para se evitar Aids, outras doenças sexualmente transmissíveis e até uma gravidez indesejada. Além disso, pessoas soropositivas que fazem sexo sem proteção podem entrar em contato com outro subtipo de HIV ou mesmo aumentar sua carga viral 

16) Quem é HIV positivo não pode mais trabalhar ou realizar atividades sociais. MITO: pessoas que tenham o vírus HIV podem continuar a viver normalmente, trabalhando estudando, realizando atividades lúdicas e se relacionando afetivamente. E também têm o direito a isso. "Muitas pessoas infectadas que têm o tratamento adequado conseguem ter uma vida muito próxima do normal, e com qualidade, por muitos anos", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)

Considerando apenas a América Latina, o estudo aponta que o HIV ainda está entre os dez principais motivos da perda de anos de vida em 4 dos 17 países - Colômbia, Honduras, Panamá e Venezuela, enquanto no Brasil ele aparece entre uma das 25 mais importantes causas.

Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do ministério, diz que a queda de mortalidade é uma tendência que vem sendo observada nos últimos anos, já que desde 1997 o Brasil oferece o tratamento com antirretrovirais. "Em 2000, a mortalidade era 6,3 por 100 mil habitantes e, em 2011, caiu para 5,6."

O infectologista Ésper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP, diz que a mortalidade por Aids no Brasil praticamente estabilizou após o fornecimento da medicação, mas diz que ainda há muita desigualdade entre os Estados. "No Brasil, boa parte dessa queda pode ser atribuída a São Paulo."

Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a pesquisa mostra que o Brasil ainda precisa melhorar seu acesso global à saúde. "O país já venceu a etapa de fornecer a medicação para os doentes, agora temos de dar um passo à frente e enfrentar as outras dificuldades e melhorar a qualidade de vida", diz. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Fonte: matéria publicada no site uol em 22 de agosto de 2013.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Carta de um leitor

Oi, pessoal!

A vida anda tão corrida e eu tenho tão pouco escrito por aqui, mas não me esqueço de vocês! Dia destes recebi um e-mail de uma leitora me perguntando se eu acreditava mesmo nestas notícias que andam aí pelos jornais dizendo que a cura está próxima ou se achava que aquilo tudo era balela. Me senti tão lisonjeado com a pergunta dela, me senti como se eu fosse um destes experts em um assunto que são entrevistados em rede nacional...kkkkk....quando na verdade sou tão leigo para falar sobre o assunto quanto cada um de vocês, meus queridos leitores do blog e do meu livro querido. Sim, meu livro querido, porque ele é como um filho que eu criei durante 3 anos, que eu alimentei em momentos tristes, difíceis e felizes também. E aí um dia ele estava pronto e eu tinha que decidir entre batalhar uma editora ou disponibilizá-lo na rede como optei por fazer ao final do história. 

Não me arrependo nem um pouco de não tê-lo publicado, muito pelo contrário, acho que ele tem maior valor do que se eu tivesse feito algum dinheiro com ele. Pra ser sincero gastei uma boa grana pra tê-lo revisado, pois queria que ele saísse da melhor forma para as pessoas que o lessem. Só aqui do blog sei que mais de 1000 pessoas já o leram. Estou pensando em publicá-lo em uma destas editoras online que estão disponíveis agora, só mesmo como uma forma de ampliar seus horizontes e fazê-lo chegar às pessoas mais facilmente. Na época que terminei de escrevê-lo, em meados de 2002, ainda não havia esta possibilidade.

O que eu queria dizer com este pequeno texto antes de publicar o e-mail ao qual o título desta postagem se refere é que cada um de vocês que leu o livro e o elogiaram, ou até mesmo os que o criticaram, que graças a Deus foram apenas 3 pessoas até agora...rs...cada um de vocês, fez, faz, e sempre farão valer a pena cada minuto gasto para escrevê-lo. Cada fim de semana, cada hora difícil e dolorida pela qual tive que passar rebuscando minhas memórias para escrevê-lo. Eu não sou expert em coisa alguma, muito menos no que se refere à cura da Aids ou não, mas minha opinião sincera é que acredito sim que a cura está muito, muito próxima mesmo. E querem saber o que eu acho disso? Não acha nada, absolutamente, nada. É verdade, hoje, pra mim, ser ou não ser soropositivo já não importa mais. A cada dia que passa em minha vida só posso dizer que me tornei um ser humano melhor graças ao resultado do que me ocorreu naquela fatídica sexta feira 13 de março de 1987. 
Hoje já tenho 46 anos e não sou mais aquele Anderson bonito que descobriu que era HIV positivo. Também não sou feio, sou maduro, isso sim eu sou, mas não me arrependo do fundo do meu coração de nada, absolutamente nada do que tenha feito em minha vida antes, durante e depois daquele dia. Eu quero muito, muito mesmo que a cura da Aids se torne uma realidade para que os milhões que sofrem com essa doença deixem de sofrer, para que as famílias deixem de ser dizimadas e destruídas ainda nos dias de hoje pelos efeitos do vírus HIV no organismo das pessoas, principalmente nos países onde o tratamento não é gratuito como no Brasil. Quero que os órfãos da Aids deixem de existir, quero que os adolescentes deixem de sofrer preconceito, quero que as esposas indefesas deixem de ser infectadas pelos seus maridos infiéis e vice-versa em uma proporção menor, infelizmente. Sim, o número de mulheres infectadas por maridos infiéis que eu tenho conhecimento é terrivelmente menor do que o número de maridos infectados por esposas infiéis. 
Eu sinceramente já estou no lucro, mas infelizmente nem todo mundo teve ou tem a benção que eu tenho, de viver tantos anos assim como eu vivo com este vírus. É por estas pessoas que eu torço, e é claro, não estou dizendo que não quero ser negativado também, mas o que eu quero dizer com isto é que eu nunca imaginei que isto fosse acontecer, do fundo do meu coração, sempre achei que morreria vítima de uma infecção oportunista causada pela Aids, e ainda posso morrer é claro, mas se morrer, acreditem, morro feliz pela vida que tive.
Ainda tenho vários planos e algo me diz que ainda vou realizá-los. Quero escrever mais livros, talvez para o público adolescente. Sou professor, trabalho com adolescentes e sou apaixonado por esta fase complicada da vida daquelas cabecinhas por quem tanto carinho eu tenho. Já me formei em Letras, ano passado, e agora me sinto mais capacitado ainda para me definir um escritor. Não que eu não acreditasse em meu talento para escrever quando escrevi o Harte, mas agora, com o diploma, me sinto mais creditado, se é que me entendem...rs.
Bem, é isto, meus queridos leitores. Li o e-mail abaixo em meu celular quando terminei de dar minha última aula às 22 horas. Cheguei em casa e nem jantei, subi ao meu quarto e resolvi escrever esta postagem. Estou separado pela enésima vez e parece que desta vez é pra valer, depois de 10 anos de tentativas e tentativas e mais tentativas. Agora sinto que o ciclo terminou mesmo, mas estou bem, estou feliz, feliz comigo mesmo, feliz com minhas decisões e feliz com minhas certezas. Dia destes disse a um amigo que não estou sozinho, só não estou namorando mais, sozinho eu estava antes quando estava em uma relação que já não existia há muito tempo e eu insistia em não dar um fim a ela. Minha saúde está muito bem, graças a Deus. Minha carga viral continua indetectável e meu CD4 na última contagem de 12 de junho é de 784. Dá pra reclamar? Não, não dá pra reclamar, só dá pra agradecer. Tenho um emprego de professor que amo de paixão, uma mãe maravilhosa que é mais do que mãe, é amiga e companheira sempre que eu preciso, a doce Mariana que muitos de vocês leitores conhecem. Ela tem hoje 64 anos, divorciou-se de meu pai, Eduardo, no ano 2000 e ele faleceu em novembro de 2004. Infelizmente ele nunca aceitou a separação, deixou-se consumir pelo ódio e ressentimento e seu corpo não aguentou, faleceu de um derrame cerebral.
Bem, é a vida, meus amigos. E ela continua independente de nós, os dias continuam independentemente de fazermos parte deles ou não, não é verdade?
Segue abaixo o e-mail do querido leitor que me inspirou a escrever tudo isso que aqui termino de escrever.
Grande abraço a todos!
Anderson

Tive contato com seu livro,a HartedevIVer há alguns anos atrás,não sei mais precisar o tempo,pois a memória não tem ajudado muito.Mas lembro-me perfeitamente o quanto aquela história me emocionou,o quanto chorei.Lembro-me de vários trechos em que fui o próprio Anderson.Era uma outra época,vivia cheio de dúvidas,não havia "saído do armário" , não sabia que rumo minha vida teria.

Passados alguns anos,descubro-me lendo o blog de um soropositivo,onde o autor se identificava como Anderson.Mais uma vez me apaixonei pelo estilo literário,pelas informações ali contidas,pelos esclarecimentos sobre viagens para um soropositivo,dentre tantas outras experiencias divididas com tanto carinho conosco.

Mas o tempo passou.Entre minhas diversas crises de depressão e bipolaridade,milhares de vezes exclui meus históricos do PC,sumi de todas as redes sociais,me isolei do mundo,como se isso fosse resolver tudo aquilo que eu achava que eram problemas.

Mas o destino mais uma vez me levou ao seu blog,onde,desta vez,li mais calmamente,de forma mais apurada,com outro olhar,e encontro o link para seu livro.Livro este que,consegui,pela segunda vez me apaixonar.

Mas aquela narrativa estava muito próxima de mim,como se eu já tivesse lido anteriormente. Eis o X da questão:Assim como nascer e morrer são coisas certas em nossa caminhada,o Anderson do livro que li anos atrás e o Anderson do blog são a mesma pessoa.

Hoje,depois de tantas coisas que aconteceram em minha vida,o abandono de um casamento,as várias vezes que me apaixonei,achando que havia encontrado meu príncipe encantado,a descoberta das baladas GLS, das saunas e nos últimos 3 anos o HIV,senti-me muito tocado mesmo pela sua história.

Não sei se "PARABÉNS"´é o termo correto,mas a sua luta,a forma como você encarou tanta coisa,os seus 26 anos de soropositividade,me dão força para continuar lutando com integridade pela minha vida,indo em busca de meus sonhos(ainda que para isso um pequeno empréstimo bancário seja necessário).Hoje me permito dizer que o fato de amar e dormir com outro homem não me torna menos homem,sou apenas um ser humano que ama outros.

Obrigado

Leitor,36 anos,homem,pai,filho,guerreiro,carente,FELIZ.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Brasil testará coquetel anti-Aids preventivo


     Interessante notícia sobre o uso de um coquetel a ser testado no Brasil. Através do uso deste medicamento as pessoas que fazem sexo com pessoas infectadas pelo vírus HIV têm maiores chances de não serem infectadas. Espero que isto não venha a criar um sentimento de imunidade nas pessoas como já acontece com grande parcela de nossa população que infelizmente acredita que ter o vírus da Aids é algo fácil que se pode tratar com alguns comprimidinhos por dia. 
Sem querer desanimar meus colegas novos no clube de soropositivos, a verdade nua e crua é que não é nada fácil e requer imensa estrutura e adaptação daqueles que reiniciam suas vidas após serem diagnosticados soropositivos para o vírus HIV. 
     Já disse aqui em vários posts e inclusive em alguma parte lá do meu livro, me assusta ver o número de pessoas da terceira idade, homens e mulheres e também jovenzinhos com quem converso no Posto de Saúde onde retiro mensalmente minha medicação. Há 26 anos, quando descobri que era soropositivo, raramente via uma mulher recebendo "tratamento", aliás, não havia tratamento em 1987. Tudo que havia eram pessoas dizimadas pelas infecções oportunistas que o vírus lhes trazia e que rapidamente lhes ceifavam a vida. Eu tive sorte, fui abençoado, porque só tive um sinal da doença em 1998, quando já havia medicação; esta muito mais tóxica do que as que existem hoje, mas que felizmente não permitiram que minha vida fosse tirada pela presença do HIV em meu organismo. De qualquer forma, é importante lembrar que ainda hoje milhares de pessoas morrem  vítima desta doença em nosso país e em todos os continentes. Sim, novos navegantes, principalmente aqueles que acham que ser soropositivo significa apenas tomar alguns comprimidinhos por dia; com ou sem este coquetel, a única forma de se prevenir desta doença ainda nos dias de hoje é se protegendo com o uso da camisinha. Grande abraço a todos!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O estado está com AIDS



Há dias em que me tele transporto para a sexta-feira, 13 de março de 1987. Foi o dia em que recebi o diagnóstico de morte das mãos de um funcionário de um laboratório de análises clínicas na região da Avenida Paulista em São Paulo.
Eu me lembro que era um dia de calor e eu estava muito confuso, passei pela igreja na esquina da Rua Cincinato Braga com a Avenida Brigadeiro Luiz Antonio e fiz o sinal da cruz. Agora pensando bem, aqui do meu quarto, havia mesmo lá uma igreja? Ainda há? Às vezes folheio o “Harte” (maneira íntima a que me refiro ao livro que escrevi) e me pego pensando se aquilo tudo aconteceu de verdade ou se criei um roteiro cinematográfico da minha própria vida em minha mente de escritor...sei lá...acho que não...e se criei situações floreadas de mais juro que não fiz de propósito (risos).
Eu só tinha 20 anos, meu Deus. Não sabia quase nada da vida, e hoje em dia com 46 continuo sabendo muito pouco, da minha própria vida e da vida em si. Fiz o que nestes 26 anos de vida com o vírus da AIDS? Me apaixonei inúmeras vezes, vivi grandes amores e emoções, trabalhei muito pra pagar contas, não comprei quase nada de bens chamados imóveis, aliás, comprei nada, porque não tenho um apartamento meu ou casa para viver; pago aluguel. Isto talvez eu devesse ter feito diferente, sei lá, quem sabe ainda compro, né? Dinheiro não tenho pra fazer isto, mas como dizem amigos meus, quando a gente quer a gente consegue.
Eu é que nunca quis mesmo, sempre gostei de usar meu dinheiro pra viajar pelo mundo, disso sim eu gosto! Agora mesmo vivo uma situação de extrema infelicidade profissional, tenho me arrastado para o trabalho, não por causa dos alunos, desses ainda gosto, e quando a aula começa eu me esqueço de tudo, até das intempéries que tenho vivido na empresa eu me esqueço durante as aulas. Mas quando acaba a aula e eu tenho que enfrentar outras questões, tenho vontade de pegar meu banquinho e sair de mansinho. Bem, é só uma fase, não acredito em coincidências, isso tudo tem um motivo para estar acontecendo. Não me vejo nem um pouco como vítima, pelo contrário, se está acontecendo é porque tenho que passar por isso e aprender através disto. E melhor, tudo vai se resolver, este problema que agora existe, hoje, 28 de abril de 2013, daqui a um ano nem será mais lembrado por mim, tenho certeza.
Eu quis mesmo escrever este post foi porque estou sentindo uma tristeza daquelas profundas, sabe? É a bendita depressão me chamando à tona. E quando ela vem dessa forma eu olho tudo ao meu redor tentando detectar o que é resultado dela e o que é realidade. E fica difícil perceber as diferenças, e aí eu olho lá pro passado e fico tentando ver se também lá naquela época eu via as coisas com essa névoa como tenho visto ultimamente. Sofrer de depressão eu sofro desde que eu nasci, e naquela época eu não tomava remédio nenhum (agora também não estou tomando há 3 meses), e tentei suicídio aos 15 anos de idade, depois aos 17? Será que foi aos 17? Minha memória anda falhando...e depois aos 36, sim, aos 36, em março de 2003...já faz 10 anos! NÃOOOOO!!! Eu NÃO estou pensando em tentar suicídio novamente, ou melhor, penso sim, porque a maldita manda essa ideia pra mim, faz parte do mise-em-scène dela, mas eu engano ela. Sabe como é, faço de conta que compro a ideia, mas não compro, entende? Se chegar ao ponto que cheguei em 2003 corro pro médico e peço ajuda laboratorial, do tipo internação mesmo...que não é nada bom porque eles colocam a gente junto com pessoas que têm problemas gravíssimos, seríssimos, e a gente até acaba ficando bom logo de tanto que vê os outros sofrerem...hehehe...triste dizer isso, mas é verdade. A gente vê pessoas conversando com outras pessoas que não estão ali fisicamente, os esquizofrênicos, tem também  gente enfiando o dedo na garganta a torto e a direita no banheiro, outros se contorcendo de dor pela falta da droga com que lutam há anos...sim...este foi o cenário com o qual me deparei em um ambiente de clínica privada, paga pelo convênio médico; imaginem como deve ser em um hospital público!
Mas por que foi que resolvi escrever este post mesmo? Ah...lembrei! Porque to triste por perceber que 26 anos se passaram desde aquele dia e o mundo ainda continua muito ruim. Será que eu era alienado demais naquela época pra perceber o mundo à minha volta ou o mundo era menos ruim do que agora? Acho que é porque não tinha internet, eu não tinha smartphone, não entrava no UOL entre uma prova corrigida e outra pra ler mais uma notícia fresquinha, sei lá. Esta semana colocaram fogo em uma jovem dentista em um bairro do ABC paulista, uma moça viu seu irmão ser baleado na cabeça estando sentada ao seu lado no banco do passageiro. Sim, eu vi aquele terror que não era filme de ficção, os ladrões se aproximaram do carro e a câmera do GPS gravou tudo. Gravou tudo, até o rapaz baleado perder controle do carro e bater em um poste. E teve também uma reportagem agora há pouco no Fantástico sobre um rapaz que esfaqueava os motoristas de táxi aqui em São Paulo. Segundo ele era por causa das drogas que fazia aquilo, mas ele sequer dava às vítimas a chance de saberem o que estava acontecendo. As apunhalava pelas costas pra roubar-lhes os trocados que tinham nos bolsos. Este último bandido morreu nem sei por quê, só sei que morreu, pois foi através de cartas confessionais que a polícia descobriu e ligou um caso ao outro.
E aí eu fico pensando: eu tenho AIDS, sou portador do vírus HIV há mais de 26 anos, e daí? Nossa sociedade está muito mais doente do que eu ou qualquer outro que esteja neste momento agonizando em uma UTI hospitalar. É preciso que mudemos nossas convicções e valores imediatamente a despeito do que a mídia prega aos quatro cantos a todo instante. A gente precisa de mais amor, e de menos coisas... de menos coisas que brilhem, que toquem, que se movam rapidamente, estes últimos os chamados automóveis. Precisamos de mais transporte público, de mais hospitais onde os médicos olhem em nossos olhos, de mais empresas onde você valha aquilo que é; o que carrega consigo como parte de sua bagagem moral e intelectual e valha menos pelos números que representa. Precisamos de mais grupos de amigos cujos membros se abracem e convidem uns aos outros para irem às suas casas no final de semana, de ambiente menos plastificados pela luz eterna e artificial que impera nos shopping centers.
As pessoas têm que ser mais amistosas com o outro, receber os novos nos ambientes escolares e de trabalho com um sorriso na face e uma verdadeira boa vontade nas atitudes. Temos que tirar nossos sorrisos instantâneos e biquinhos das fotos do Instagram e mostrar ao outro quem verdadeiramente somos. Livrarmo-nos das capas de celular recheadas de falsos brilhantes, dos Apples, Imacs, Windowsphones, smartphones que nos configuram seres importantes nos lugares públicos, dos carros caros pagos em 60 prestações altíssimas sem entrada. Trocar de carro todo ano, entra ano, sai ano, a lugar algum vai nos levar. Temos que ler mais e ver menos, sim, ler, ler, ler e ler mais ainda, porque ler nos faz pensar, refletir, viajar mesmo, dentro de nós, dentro do outro. Pode ser que eu esteja aqui dizendo um monte de besteiras, me desculpem se assim for, mas eu acho que estamos doentes de nós mesmos, estamos doentes de sociedade, acho mesmo que o estado está com AIDS.
Sim, nossa sociedade está criando uma doença auto-imunológica que faz com que as pessoas queimem umas as outras pra obterem dinheiro, pra terem aquilo que o outro tem; isso é loucura, muita loucura, minha gente! A sociedade como um todo, todos nós, precisamos de ajuda. 
Eu não sou santo, tenho vergonha em dizer que me enquadro em muitas das situações descritas acima, sim, mas tenho pensado nisso, e entre uma aula e outra sempre faço questão de me aproximar dos meus alunos e tentar jogar uma semente no ar que os façam perceber que há muito mais para a vida do que o Iphone que eles carregam escondido debaixo do livro e utilizam para trocar futilidades com o melhor amigo que está perdido em outra sala de aula do mundo de meu Deus.
Eu estou passando por uma crise profissional e psicológica porque alguém que só vê poder à sua frente decidiu me humilhar no intuito de me mostrar quem é que manda. Isso me fez muito mal, me tirou quase a vontade de continuar a fazer o que mais amo fazer na minha vida, ensinar o pouco que eu sei ao outro. Isto vai passar, semana que vem tenho consulta no psiquiatra que vai saber o que fazer com a depressão em termos de medicamento, etc. A pessoa que fez, que está fazendo isso comigo, também vai passar. Enfim, tudo vai passar. Mas o que não pode passar é nossa fé em um mundo melhor que só poderá ser criado por nós mesmos. E não adianta ficar esperando o governo resolver tudo porque eles não vão resolver tudo, nunca resolveram, nunca resolverão.
Temos que atacar nossas crianças com muito amor, com muito valor, com muito ensinamento de caráter, com muito realismo, com muita lição de ação-reação, do tipo “se você não fizer a coisa certa, você não vai obter bons resultados. Resultados materiais nem sempre são os melhores, é melhor ter amigos, etc”. Temos que urgentemente educar nossas crianças, transmitir valores a elas, não o valor do euro ou do dólar, mas o valor da honestidade, do amigo, do irmão, da mãe, do pai, do tio, do avô, esses valores têm que ser diuturnamente passados às nossas crianças. E principalmente o valor da vida, o valor de Deus, não o valor da religião, mas o valor de Alguém que nos criou e que fica feliz quando fazemos o bem ao nosso próximo independentemente de se chamar Alá, Jeová, Deus, Krishna, não importa.
Talvez eu peça demissão do meu trabalho, talvez eu seja demitido, talvez eu entre naquelas licenças longínquas que os psiquiatras cavam no INSS, talvez tudo continue como era antes, não sei. O que eu sei é que além do meu HIV e dos meus pequeninos problemas pessoais há em nossa sociedade contemporânea um sério problema a ser resolvido, a falta de amor ao próximo e consequentemente a si mesmo. Se pudermos dar mais valor às pessoas e menos valor às coisas talvez tenhamos uma geração melhor nos próximos 20 anos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Proteína em estudo não deixa vírus da AIDS se reproduzir

Pois é, meus amigos, há pouco eu falava com minha mãe sobre meus feeelings sobre determinadas coisas em minha vida. Me lembro bem que em 1988 meu amigo Vítor (pra quem não leu o livro ainda, foi um grande amigo!) chegava em casa radiante só por causa de uma notinha mínima no jornal que dizia que cientistas continuavam a pesquisar a cura para a AIDS. Naquela época, se bem me recordo, tais notícias tratavam em sua maioria de  doações que eram feitas por milionários na tentativa de colaborar com algo que a grosso modo era impossível ainda de se imaginar. Não havia muita luz no fim do túnel, mas artistas como Barbra Streisand, Liz Taylor e muitos outros, utilizavam-se de sua fama para lançar shows e campanhas em auxílio às vítimas da terrível doença que assolava o planeta em uma rapidez incrível, e com a mesma rapidez matava suas vítimas que contraíam doenças oportunistas como o "famoso" Sarcoma de Kaposi, a pneumonia causada pelo pneumocystis carinii e outras mais. Hoje em dia a população que sobreviveu, como eu, bem sabe o que significam estes nomes, no entanto, duvido que os infectados neste milênio saibam o que significam estes nomes. E que bom que não sabem! Sim, meus amigos, este tipo de ignorância é bom demais, né? Se não sabem é porque estas doenças não os amedrontam como nos amedrontavam há 15, 20 anos, graças a Deus, e aos cientistas.

Voltando à questão dos feelings aos quais me refiro no início deste texto, eu me lembro bem que costumava mostrar às pessoas que me davam as tais boas notícias com relação à possível cura, uma falsa felicidade no intuito de não demonstrar minha certeza de que tudo aquilo estava apenas começando, que não haveria cura para aquela doença terrível tão cedo na história da medicina mundial. Algo, não perguntem o quê, quem, como, mas eu sabia que de alguma forma, que aquilo tudo, que aquelas notícias vagas, eram mais pra vender jornal do que qualquer outra coisa. E digo mais, sabia, no fundo de meu coração, que perderia muitas pessoas queridas por causa da AIDS. Quanto a mim, me recusava a pensar se iria morrer logo ou não, eu já havia mesmo conseguido ultrapassar o tempo que o médico havia me dado no laboratório em fevereiro de 1987: dois anos. Sabia que tinha que prosseguir, o resto era resto, principalmente quando estava na Inglaterra, longe de casa, não adiantava temer a AIDS, a pneumonia fatal que poderia me afetar a qualquer momento, tinha, assim como tenho até hoje, quase 26 anos depois, que continuar minha vida.

E assim tenho feito, terminei a faculdade em dezembro passado e agora estou decidindo se faço ou não faço pós-graduação neste semestre mesmo, e não é por desânimo que titubeio, mas sim por questões financeiras que não vêm ao caso agora. Mas falando dos meus feelings...risos...foco, Anderson! Foco no texto!!! Então, falando deles, tenho a sensação que muito em breve a cura significativa virá, e não estou dizendo isso pra moçada sair por aí transando sem camisinha a torto e à direita. Estou dizendo porque realmente sinto que nos próximos 5, 10 anos, haverá mesmo uma cura para a AIDS. Talvez uma vacina pra proteger definitivamente aqueles que ainda não foram infectados, o que graças a Deus ainda não é minoria...talvez um medicamento que pare de uma vez por todas a replicação do vírus, não sei, mas sei que esta doença tão cruel que ainda mata milhões de pessoas no mundo todos os anos e está tão densamente ligada à sexualidade e ao amor, ah...essa há de ser debelada pelos cientistas.

Eu vivo com ela desde os meus 19 anos como todos sabem, e pode até ser que morra vítima de uma doença por ela causada, mas da mesma forma que eu sentia na minha adolescência (quem leu meu livro sabe disso) que algo "terrível" iria me acontecer e que seria uma grande provação em minha vida, eu também sinto agora que esta etapa AIDS está quase chegando ao seu fim. Ainda há, dirão os pessimistas de plantão, a possibilidade de vírus ainda mais mortais aparecerem, ainda há o câncer, ainda há a violência nas grandes cidades, ainda há e sempre haverá coisas terríveis que colocam em perigo a raça humana e nossa possibilidade de se despedir da vida quando já estivermos bem velhinhos, etc, etc, etc. Sim, não estou aqui euzinho dizendo que a vida será maravilhosa após a descoberta da cura da AIDS, mas querem saber o que eu penso? O que mais mata neste vírus, a meu ver, é a maldita conotação moral que suas vítimas carregam. A maldita conotação sexual que suas vítimas, sim, somos todos vítimas, carregam consigo. O portador da AIDS é um dos poucos, se não o único, portador de uma doença grave, que além de tê-la, sofre o terror da discriminação em inúmeros ambientes. E pior, não é somente pela ignorância das pessoas que insistem em ignorá-la por todos estes anos, mas é porque ela está ligada à sexualidade, ao homossexualismo pra ser mais direto.

Ano passado, quando Reynaldo Gianecchini se submetia a tratamento na tentativa, graças a Deus no caso dele bem sucedida, de debelar o câncer que o matava, uma "amiga", que não sabe que sou soropositivo, descarregou sua arma à mesa na qual estávamos todos reunidos em um grupo de colegas de trabalho a fatídica sentença: Gente! Ouvi por aí um papo de que ele tem é AIDS, não é só câncer!

Me senti como se estivesse em uma reunião de pessoas na década de 10 do século passado, sei lá quando, mas com certeza as expressões de todos à mesa me lembravam uma novelinha destas que passam na telinha no horário das 18 horas e alguns minutos! O mais triste foi perceber que eu estava na década de 10 sim, mas no terceiro milênio, século XXI, cidade de São Paulo, 5ª ou 6ª maior cidade do mundo. Todos pareceram aliviados quando um ser destes apaziguadores, da turma do deixa disso, mudou o rumo da conversa e todas se convenceram que o Rey (pra que eu pareça íntimo daquele moço bonito externa e internamente) não tinha nem AIDS e nem era gay!!!

É por isso que eu digo, não há doença que eu conheça em minha curta existência de 45 anos de vida, que seja tão julgada como a AIDS. Talvez a hanseníase, não sei, mas eu nunca conheci alguém que tenha hanseníase, sei que há muitas pessoas com esta doença, mas também sei que não é o tipo de doença que se divulgue ter por aí afora.

Pois bem, meus amigos, escrevi isto tudo porque há dois dias me deparei com uma notícia que transcreverei abaixo sendo que não acredito ser possível lê-la integralmente na imagem que vou anexar a esta postagem.
Me despeço de todos aqui já nesta parte do texto porque não transmitirei mais minhas opiniões nas linhas que se seguirão abaixo, apenas as copiarei do jornal de onde as tirei. Desejo a todos um Feliz ano de 2013 (ainda há tempo, né?), que tragédias como a ocorrida domingo passado em Santa Maria no Rio Grande do Sul nunca mais ocorram em nosso país nem em pais qualquer do mundo, ao menos não causada pela irresponsabilidade do ser humano; que a cura da AIDS seja finalmente descoberta pelos cientistas que habitam este planeta; que a ignorância humana e o triste hábito de julgar as pessoas por sua orientação sexual se torne uma prática de museu; que a violência diminua, ou melhor, desapareça de tal forma que os urubus de plantão nos sanguinários programas televisivos exibidos em nossa triste TV padeçam de desemprego por falta de desgraças ou arrumem melhor utilidade para seus talentos jornalísticos. Enfim, tudo de bom pra todos nós! ;-)

Proteína em estudo não deixa vírus da AIDS se reproduzir

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os Homo Viator da Aids.




E lá na faculdade neste meu último semestre do curso de Letras estamos estudando na área de Literatura a chamada literatura de viagem. É aquela parte da literatura que estuda o deslocamento das personagens nas estórias, ou no vocabulário contemporâneo, as histórias dos escritores, narradores e Eu líricos por aí espalhados por nossa vasta literatura brasileira. Pois bem, e dentro deste campo estudamos também o Homo Viator, em poucas palavras o homem viajante, que somos todos nós, ontem, hoje e amanhã. Quem de nós não viaja por esse mundo afora? Se não fisicamente por motivos que podem ser inúmeros, viajamos certamente mentalmente, através dos livros, dos nossos próprios textos e também, por que não? Por este nosso companheiro incansável que é nosso pensamento. Pois bem, há alguns anos publiquei aqui mesmo neste blog um texto que falava sobre minhas inquietações com relação a uma viagem minha aos Emirados Árabes, mais precisamente no final do ano de 2008.

Desde então tenho recebido inúmeros e-mails de leitores nossos, estes também viajantes, que têm lá como eu tinha várias dúvidas quanto ao que fazer com relação às benditas pílulas que tomamos, nós portadores do vírus HIV, para nos mantermos vivos de forma decente e digna neste teatro nosso de todos os dias que chamamos de vida. Todos eles têm a mesma inquietação sobre o que fazer para entrar nos países visitados carregando estas pílulas mágicas que nos mantêm vivos, mas que ao mesmo tempo entregam sem dó nossa condição de culpados portadores de um vírus que não pedimos para ter em nossas correntes sanguíneas. E estamos preocupados porque podemos ser rechaçados de qualquer área fronteiriça como personas non gratas em um país antes mesmo de lá pisarmos nossos pezinhos.

Temo informá-los, queridos leitores, que não possuo fórmula que resolva tais questões. Tudo que posso dizer é que continuo viajando, sempre que minha condição financeira me permite, e aonde quer que eu vá eu levo meus medicamentos porque embora até queira não posso deixar de tomá-los, sob pena de me quedar doente e dar vazão às temidas infecções oportunistas que podem marcar presença em meu corpinho já cansado de 45 primaveras que teima em sobreviver a estes virusinhos já há 25 anos desde que comecei a contar o período inicial de infecção em 13 de março de 1987.

Há exatamente um mês fui à Nova Iorque, passei só 3 dias por lá, cheguei em 09 de outubro e voltei ao Brasil no dia 12 de outubro. Fui ver o show daquela mulher por cuja voz me apaixonei na década de 80 quando eu contava ainda meus 13 anos: Barbra Streisand. Valeu a pena o sacrifício principalmente financeiro para tal façanha. Foi um momento inesquecível em minha vida, mesmo tendo visto minha deusa da uma distância imensa do palco, foi no Barclays Center, estádio de beisebol no bairro do Brooklyn em Nova York. Eu estava em um lugar bem alto, paguei US$ 600 pelo ingresso, nada barato para meus parco salário de professor, mas ao menos estava de frente para o palco, uns pobres coitados, ainda menos sortudos do que eu compraram ingressos e sentaram-se em cadeiras que estavam situadas às costas de nossa deusa Barbra. E ela, como de costume, humildemente se desculpava e de quando em vez dava lá uma olhadela para os menos favorecidos localizados às suas costas e perguntava se eles podiam vê-la pelo telão. Eu não entendi direito a razão de se construir assentos às costas do palco, mas depois caí na real e entendi que aquele estádio foi construído para se assistir partidas de hockey no gelo e beisebol, e que para tais eventos não existe palco, aquele palco ali estava só para aquela ocasião, o show Back to Brooklyn de Barbra Streisand que ali cantou maviosamente do alto de seus 70 anos, dignamente, não menos estrela do que foi nas vezes que subiu ao palco nas noites de Grammy e Oscar a que fez jus em sua vida de estrela.

Voltando ao assunto, eu admito que pensei em não levar medicamentos para me sentir livre de quaisquer embaraços na alfândega, principalmente porque havia lido sei lá onde que os Estados Unidos barravam portadores do vírus na alfândega. Tá aqui o link: http://forum.viagem.blog.uol.com.br/arch2008-07-13_2008-07-19.html#2008_07-18_13_40_46-8953204-0 . Na verdade o artigo diz que eles iriam passar a aceitar, na época fiquei muito p*** da vida porque tenho certeza que a nacionalidade do vírus que trago aqui comigo desde os meus 19 anos e que adquiri em terras brasileiras provavelmente é norte americana, uma vez que na época as infecções eram em sua maioria trazidas de lá por pessoas que haviam viajado para lá. Bem, deixa prá lá, de onde veio, para onde foi, para onde vai, isto não importa, a questão é: temos o direito de viajar, as fronteiras são invenção do homem, se elas tivessem que existir a natureza disso teria se encarregado. Como fez o mar para separar os continentes, mas não há mesmo nada que nos impeça de ir e vir, mais dia menos dia, lá chegamos se quisermos. E foi isso que eu fiz nesta minha trajetória de vida, e é isso que vou continuar a fazer, seguir meu caminho até que a natureza, ou Deus, ou Jeová, ou Alá, ou chamem do que quiser, achar que é hora de eu parar. E nem assim vou parar, porque aí, acredito eu, vou poder volitar, como espírito que eu serei...risos...aí sim é que ninguém vai me segurar...hahahaha!

Bem, meus queridos leitores, vou parar por aqui porque já passam de 900 palavras este meu relatozinho que decidi escrever. Para encerrar, queria pedir àqueles que me escreveram nestes últimos 4 anos me perguntando sobre as viagens e pedindo dicas, que me mandem e-mail relatando como foram suas experiências.

Tenho certeza que todos foram e voltaram sem maiores contratempos, tendo tomado os devidos cuidados, é claro, e acredito que seus relatos positivos podem ser muito úteis aos homo viators ainda inseguros de abrirem suas asas hivadas mar afora por este nosso mundão de meu Deus!! ;-)

Grande abraço a todos!

Anderson Ferreira – 09 de novembro de 2012