domingo, 3 de agosto de 2014

Ciro - o conto


A TV plásmica estava ligada ali na grande antessala e ninguém dava a ela a mínima atenção. Pessoas passavam em frente à tela flutuante na correria de suas vidas espirituais e mal se apercebiam das notícias apresentadas. Somente Ciro, olhava fixo a tela, mas não era possível saber se via ou ouvia o conteúdo da programação, tão distante era o seu olhar.

Uma linda repórter volitava diante de uma grande tela anunciando as manchetes do dia à população daquela esfera espiritual que abrigava, de acordo com o último censo diário, uma população de espíritos desencarnados vindos do Planeta Terra já por volta de 20 milhões de espíritos. Algumas pessoas chegavam mesmo a comparar a vida em Sólius com a vida na distante cidade terrena de encarnados no Brasil, São Paulo.

Não fosse pela excelência em sua organização e na paz que reinava por todas as vias da colônia, Ciro sempre achava aqui e acolá uma ou outra semelhança: a correria do dia-a-dia, o intenso tráfego de aerobuses que serviam aos espíritos ainda pouco acostumados à vida espiritual à qual haviam retornado, e que ainda precisavam se locomover com suas pernas, já que ainda não dispunham do conhecimento da volitação, e a tristeza no semblante de alguns cidadãos que circulavam pela cidade, aquilo lhe lembrava muito sua longínqua São Paulo.

A apresentadora e repórter vestia uma bela túnica azul que fazia movimentos majestosos de acordo com seus movimentos graciosos, enquanto volitava de um lado a outro da tela a mostrar imagens da própria colônia ou de outras colônias-irmãs.

- Não percam, hoje à noite, uma reportagem especial sobre famosos da esfera terrena. Nosso querido Cazuza, fala do reencontro com seu pai, João Araújo. A megastar, Whitney Houston, fala de seu envolvimento com as drogas no plano terreno e de suas histórias de vidas pregressas. E a grande revelação do século passado no Planeta Terra, Elis Regina, canta pra todos nós com sua divina voz, um pouquinho de seus últimos sucessos gravados e plasmados já aqui em nossa colônia, meus amigos.

Ciro sentia uma dor profunda em seu coração. Imagens da saudade que tinha da terra e de seus entes queridos vinham à sua mente a todo instante. Encontrava-se como que em um estado de torpor e ansiava por seu primeiro encontro semanal com o terapeuta, Dr. Sigmund. Sentia-se feliz por ter a seu dispor tanta tecnologia, conforto mesmo, coisa que jamais teve acesso em sua última vida, já que havia nascido em uma favela da zona sul de São Paulo e tudo que havia tido de mais valioso em sua vida havia sido um cachorrinho vira-lata chamado Billy e uma caixa de sapatos com a qual iniciou sua vida profissional quando contava não mais que 10 anos de vida na esfera terrena.

Aos 13, o crack já era seu companheiro diário, só ele lhe dava um pouco de liberdade, fazia-o flutuar por sobre seus sonhos e pensamentos, o transformava em qualquer coisa que quisesse ser: um médico, um cientista, um astronauta, qualquer coisa podia ele ser quando o crack lhe invadia o cérebro. Quantas vezes Ciro havia sido visto a conversar sozinho pelos faróis da cidade de São Paulo enquanto carregava uma pequena caixa de doces? Todos achavam que ele era louco, mas ele só estava sob efeito de alguma droga alucinógena que o permitia sentir menos dor e desconforto na tentativa de prosseguir com sua sofrida vida.

Aos 15, já se prostituía para comprar drogas. Ele se sentia atraído fisicamente por meninas, mas havia encontrado no sexo uma forma de ganhar dinheiro. Ia sempre a um parque na região da Avenida Paulista, o Parque Trianon, e lá se encontrava com senhores bem mais velhos, alguns poderiam ter sido seu avô, e se submetia a toda sorte de caprichos sexuais de seus clientes a troco de uns poucos trocados que imediatamente se transformavam em mais uma pedra de crack, e mais uma, e mais uma.

Aos 16, uma tosse chata não lhe deixava o corpo, sequer conseguia pegar no sono à noite. Os clientes reclamavam-lhe a falta de carne no corpo, já que alguns diziam-lhe que ele tinha que ter o que pegar. Não lhes bastava somente aquele grande naco de carne com o qual a natureza havia lhe presenteado entre as pernas, sentiam falta de suas curvas e de seus glúteos também avantajados, que já não se faziam mais se aperceber por entre seus ossos, muitos dos quais já expostos pela intensa magreza da qual ele havia sido acometido nos últimos meses. Chegou mesmo a perder alguns clientes, aqueles que lhe apreciavam a região glútea não nutriam por ele mais nenhum interesse, e consequentemente, não lhe davam mais dinheiro algum. Às vezes, ou melhor, muitas vezes, uma lata de cola para cheirar era a única coisa que lhe dava algum conforto já tarde da noite, quando o estômago lhe doía, reclamando por comida.

Ciro contraiu o vírus da AIDS aos 15 anos de idade, isso constava em seus registros no Ministério da Identidade de Sólius. Ele havia descoberto muito sobre si mesmo desde sua chegada 3 meses antes. Ainda havia muito a ser descoberto, pensava ele. Por que motivo havia tido uma vida tão desgraçada? Porque havia o tal Deus do qual todos lhe falavam ainda na Terra sido tão cruel com ele? Por que havia perdido os pais ainda criança, vítimas da droga e da AIDS? A mesma que lhe ceifara a vida aos 17 anos de idade terrenos? Por que tanto sofrimento? – pensava Ciro absorto em sua cadeira sem pés. Ele achava o máximo o fato de que os objetos em Sólius flutuavam como uma pirâmide que ele havia visto em uma reportagem do Fantástico ainda quando encarnado. Os cientistas que analisavam o fenômeno diziam que aquilo era uma farsa, a menos era isso que ele tinha entendido, que não havia na flutuação daquela pirâmide nada de encantado, que provavelmente ela era feita de um imã que estava em cima de um polo contrário, que a repelia, e aquilo dava à pirâmide a impressão de estar flutuando. Ele imaginava se aquela pirâmide que havia visto na TV não teria o mesmo tipo de tecnologia que os objetos de Sólius tinham. Alguém havia lhe dito dias antes que tudo que havia na Terra era uma cópia ainda mal feita de toda a tecnologia do mundo espiritual, que era muito mais avançado. Que as naves espaciais, as curas para as doenças, o celular, a internet, tudo havia sido inspirado na Terra por espíritos especialmente designados para encarnarem na Terra e levarem até eles o progresso e a tecnologia. O número de coisas, objetos, aparelhos, sensações do corpo e do cérebro aos quais Ciro tinha sido apresentado naqueles poucos mais de 3 meses em que estava em Sólius, lhe faziam imaginar o quanto ainda estavam atrasados na Terra e quanto tempo ainda demoraria para aquilo tudo estar disponível na esfera onde havia sido encarnado. Depois pensou e entendeu que aquele tipo de coisa era comum mesmo na Terra, ou seja, a tecnologia que os países desenvolvidos possuíam era muito aquém da tecnologia que seu próprio país, o Brasil, possuía. Por que haveria de ser diferente entre o Plano Espiritual e o Plano Físico, fazia sentido, pensava.

Foi trazido de volta de seus pensamentos por uma voz que o chamava de dentro da saleta onde o psicólogo estava.
- Entre, Ciro. Fique à vontade, sente-se, por favor. – disse-lhe o homem com silhueta de bonachão. Tinha um sorriso entre os lábios que lhe indicava a simpatia no espírito. Em que posso ajudá-lo, meu filho?
- Bem, doutor...eu não sei bem por que to aqui. Eu não tenho problema psisqui...psisqui...
- Psiquiátrico, Ciro?
- Sim, doutor, desculpa. To nervoso.
- Se acalme, meu filho.
- Tá, doutor. Bom, pelo que eu entendi, eu desencarnei porque tinha AIDS. Tudo começou quando... – o médico lhe interrompeu.
- Ciro, meu filho, você não precisa me dizer nada. Eu já sei tudo a seu respeito. Eu estou aqui para lhe orientar sobre a sua nova vida nesta colônia espiritual para espíritos vindos do Brasil.
Uma pequena lágrima formou-se nos olhos de Ciro. Ouvir aquilo, que havia morrido, era já sabido por Ciro, mas ele ainda não havia se acostumado com tudo, por mais que tentasse, era ainda tudo muito difícil.
- Ciro – continuou o terapeuta – você desencarnou vítima de uma tuberculose que se agravou por causa do vírus HIV que você tinha em seu organismo quando estava encarnado. Na verdade, você ainda teria vivido muitos anos, não fosse por sua resistência em tomar as medicações de acordo com a prescrição do seu médico terreno.
- Então eu morri antes da hora, doutor? – perguntou atônito com a revelação.
- Sim, meu filho. Não há milagre que possa ser feito, quando o doente, de qualquer que seja a doença, não faça sua parte. Você foi diagnosticado com tuberculose, sua resistência física já estava bem baixa quando a doença foi descoberta, e infelizmente, o uso das drogas não lhe permitia discernir sobre o que estava fazendo. Você não tomava os remédios, nem para a tuberculose, nem para controlar a multiplicação do vírus HIV em seu organismo. Foi isso que culminou no óbito de seu corpo físico.
- Cul o quê?
- Culminou, Ciro, foi o resultado, entende?
- Sim, entendo, doutor. Doutor, aqui as pessoas têm Aids também? Eu vi lá no hospital onde estive que tinha muitas gente que tavam doente. Eles gritavam de dor, eu mesmo sentia muita dificuldade pra respirar mesmo já tendo morrido. Isso é normal, doutor?
- Sim, Ciro, isto é perfeitamente normal. As sensações são trazidas para cá, enquanto a pessoa não se dá conta, não aceita que já não pertence mais àquele corpo que deixou lá na Terra, as sensações são as mesmas. Há dor, desconforto, sensação de fome, tudo que havia antes, porque estas sensações ainda estão no seu cérebro, entende?
- Entendo, doutor, mas agora não tenho mais fome da mesma forma que tinha. Tomo aí os líquido que dão pra mim tomar lá na casa aonde eu tô, e aquilo me faz sentir bem, sem fome.
- Sim, Ciro, você está certo. As sensações terrenas, todas, irão se dissipando pouco a pouco, conforme você se adequar mais e mais a esta nova atmosfera em que vive. Você está surpreso com o que eu lhe disse, não está?
- To sim, doutor. Eu achava que ia morrer mesmo, por isso não dei bola pras medicação que o médico me mandava tomar. Aqueles remédio que eu tinha que tomar todo dia pra tuberculose, doutor, era muito ruim, me dava um enjôo...os pra AIDs então, nem pensar! Minha boca ficava com gosto de lata, umas sensação estranha, sabe? Tinha caganera todo dia! Vivia mais nos mictório das rua do que debaixo dos meus cobertor. Quando eu num fazia nas rua mesmo! Era muito ruim, doutor! Se eu sabia que podia me curar, eu tinha tomado tudo direitinho, doutor...eu juro!
- Ciro, o que passou, passou. A AIDS nada mais é do que uma prova, uma prova que você mesmo pediu antes de nos deixar há 17 anos no tempo da Terra. Infelizmente você falhou nessa prova, mas não se lamente, meu filho, você passou em muitas outras!
- Mesmo, doutor? Eu tive uma vida desgraçada, doutor! Não fiz nada não...não servi pra nada...era só um nóia que passava o dia inteiro nas rua pedindo e me postrituindo...só isso.

O médico sorriu para ele, aproximou-se e tocou-lhe o ombro.

- Tá rindo do jeito que eu falo, né, doutor? Eu num tive instrução, nunca fui na escola.
- Eu sei, meu filho, não estou rindo de você, estou sorrindo para você. Com o passar do tempo, vamos nos ver semanalmente, você vai poder entender quanta coisa boa você fez em sua vida. Hoje eu vou conversar só mais um pouquinho com você, visto que este é nosso primeiro encontro, mas com o passar do tempo, todas as semanas, você será instruído na sua vida espiritual.Passará a se lembrar de coisas de outras vidas, que o trouxeram até esta, que acabou de terminar no plano terreno e reiniciar no plano espiritual, aqui em Sólis.

As lágrimas já caíam dos olhos de Ciro em abundância. Ele já não as segurava mais, não havia razão para isso, ele pensava. Ele estava liberto das dores terrenas e aos poucos livrava-se de sua ignorância que ainda impregnava seu espírito. Aos poucos as coisas passavam a fazer sentido pra ele, vagarosamente, mas de forma acalentadora ao seu espírito ainda impregnado de sensações terrenas. O doutor continuou:

- Quantas vezes você dividiu seu cobertor sujo com outro morador de rua nas noites frias de São Paulo, Ciro? Quantas vezes você foi acuado pelos seus parceiros de ruas a roubar das pessoas e negou-se a fazê-lo? Mesmo sabendo que corria perigo por isto? Quantas vezes você deixou de comer na sua infância para dar de comer à sua irmã mais nova, Ciro? Você salvou a vida de sua irmã várias vezes, Ciro. Você mudou a vida de uma criança quando naquela vez na Rua XV de novembro, alta madrugada, você não permitiu que ela usasse o crack pela primeira vez. E foi aquele seu ato, Ciro, que salvou a vida daquela criança. Hoje ele é um adolescente sadio, honesto e trabalhador. E nunca usou drogas, Ciro, graças a você, que incutiu em sua mente através de suas duras palavras o sentido do certo e do errado. Você usou sua própria miséria terrestre para dar de exemplo a uma criança e aquilo a marcou para o resto da vida. Impedindo que ela caísse no mundo das drogas.

Ciro chorava intensamente enquanto ouvia atentamente as palavras do psicólogo. Havia pela primeira vez em muitos anos, encontrado o significado da palavra autoestima, graças às palavras de alguém que lhe era totalmente estranho até então.

- Sabe, doutor. Eu descobri uns dia atrás que a gente pode trabalhar ajudando os encarnado quando tiver em condição, é verdade isso?
- Sim, Ciro, é verdade, o trabalho enobrece nossa missão tanto na Terra como aqui. Através do trabalho, da caridade, conseguimos dizimar inúmeros pensamentos e ações negativas que trazemos em nossos espíritos, uma vez que somos todos imperfeitos em constante trabalho de aprimoramento espiritual, meu filho.
- Então, doutor, eu queria, um dia, assim, quando dé, né? Trabalhar ajudando os portador a ser mais forte, sabe? A tomar os remédio, a num infectar as pessoa na hora que tão com a cabeça cheia de droga, estas coisa.
- Com certeza, Ciro. O trabalho de influência através de boas ideias e de inspiração feito por nós, espíritos, é enorme, as pessoas nem imaginam lá na Terra. Há um caso de um escritor, chamado Anderson Ferreira, que foi muito influenciado por nós ao escrever um livro contando às pessoas sobre sua experiência de vida como portador. Ele vive há muitos anos com o vírus, coisa que é possível a muitas outras pessoas, que infelizmente se deixam levar por ideias suicidas, não somente do suicídio como ato em si, mas no suicídio como falta de cuidado com o próprio corpo. Elas desistem muito facilmente, ou porque não se dão com os efeitos colaterais da medicação, que hoje em dia são pouquíssimos comparados ao que eram no final da década de 90, mas também porque temem mudanças em seus corpos físicos, mudanças estas, que às vezes são inclusive necessárias para que elas aprendam a lidar com sua missão como portadores, com suas vaidades, etc.
- Pôxa, doutor. Nunca tinha pensado nisso! Às vez a gente fica muito ligado nas aparência e se esquece do espírito, né, doutor? Se a gente soubesse que no espírito sempre somos bonito, a vida ia ser mais fácil lá na terra, num ia, doutor?
- Com certeza, Ciro, mas aí então não haveria mérito algum. O grande mérito é justamente o esquecimento da vida espiritual, para que façamos escolhas baseadas em nossa fé no Criador e em nosso Mestre Jesus. A fé salva, Ciro. Ninguém é vítima de nada, meu filho. Todos passamos por aquilo que temos que passar, uns mais, outros menos, dependendo de sua elevação espiritual, que nada tem a ver com bens materiais, beleza física, ou dotes de qualquer natureza. Você vai aprender sobre tudo isso, meu filho, ou melhor, vai se relembrar de tudo isso, aos poucos, tenha paciência. Agora nossa hora acabou, espero lhe encontrar aqui semana que vem no mesmo horário para darmos prosseguimento a nosso tratamento. Até mais – disse-lhe estendo-lhe a mão e exibindo um sorriso largo em seu rosto sereno.

Ciro saiu daquela sessão terapêutica renovado, lembrou-se de sua mãezinha, da qual havia se despedido na Terra antes mesmo de completar 4 anos de idade. Imaginou onde ela estaria, se estaria ali naquela colônia como ele, se estaria já de volta à Terra. Mas não se sentiu angustiado, pois sabia que todas as respostas estariam por vir de acordo com a permissão do Pai, para que ele continuasse sua missão de elevação espiritual, assim como todos nós.

Anderson Ferreira em 03 de agosto de 2014.



quinta-feira, 19 de junho de 2014

Problemas com o download do livro "a Harte de vIVer"

Queridos leitores,

Tenho recebido mensagens de alguns de vocês via e-mail dizendo não estarem conseguindo fazer o download do livro. Uma dica para fazê-lo é o seguinte: ao abrir o site onde o livro está hospedado, se você tiver o programa que cria arquivos em PDF no seu computador, clique em IMPRIMIR EM PDF e o arquivo será "impresso" não em papel, mas como arquivo PDF e você o terá em seu computador, ok?

Em breve estarei disponibilizando o livro em outro site, prometo! Caso não possuam tais condições podem escrever para o meu e-mail pessoal que eu envio o livro para seu e-mail, sem problema algum, ok?

Meu e-mail é anderson2008ferreira@gmail.com 

Grande abraço a todos!

Anderson

PS:O link para o download do livro está em postagem mais abaixo. ;-)

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Decepções são forças propulsoras para mudanças.

Queridos amigos, 
Li há pouco o texto abaixo em minha página do facebook e decidi compartilhá-lo com vocês!
Grande abraço!
Anderson Ferreira

Tem uma única receita para a decepção que é acreditar 100% em alguém, em alguma coisa ou em você mesma.
A decepção dói! Ela o desestrutura, ela influencia todos os campos de sua vida, por um momento ela chega a fazê-lo perder o chão. As palavras ditas soam no seu ouvido como se continuassem a ser pronunciadas e aquela dor no peito o acompanha até que você se conecte com todo esse sentimento, viva com toda intensidade a emoção que ela traz e depois, então, com o seu conhecimento ao longo da vida a transforme em força propulsora para uma vida diferente.

Em um primeiro momento, é muito difícil entender que uma decepção possa ser um presente, mas ela é sim, pois lhe dá a chance de se transformar, de se superar e de finalmente crescer.
Tudo em nossa vida é informação, até mesmo as emoções que vivemos são informações. O primeiro passo para mudança é procurar a informação que existe por trás de um sentimento.
Essa informação pode ser interpretada como uma traição, ou uma rejeição. Essas são normalmente as informações que vêm do sentimento da decepção.

Se vier como uma traição, ela lhe faz perder o eixo, pois lhe traz pensamentos do tipo: depois de tudo que eu fiz pela pessoa, ela teve a coragem de me trair. Se vier como rejeição, ela lhe trará pensamentos do tipo: eu não sou nada, não significo nada para esta pessoa, ela me colocou em segundo plano. Por trás destes dois sentimentos existe, no entanto, uma verdade: você o tempo todo agrada às pessoas em excesso com um objetivo de receber amor em troca.

Quando há, na análise da situação, a frase: eu fiz tudo pela outra pessoa, aí já precisamos parar para uma avaliação: você fez tudo porque queria algo em troca e esta é uma das piores expectativas que podemos ter. O outro só lhe dará o que ele tem para dar e em muitos casos não é o que você espera.
Quando nesta análise encontrarmos a rejeição, novamente você terá absoluta certeza que agradou em excesso para receber amor em troca. A necessidade de amor que não pode ser satisfeita gera ódio em relação à mesma pessoa a quem mais se ama.
Relacionamentos de mão única são doentios e servem somente como via de aprendizado. Não há necessidade de sofrer por tempo indeterminado, é hora de mudar!
Quando nossa necessidade interior de cura se torna muito grande e nosso pedido de ajuda é sincero, encontraremos uma forma de cura que nos levará a um patamar vibracional diferente.

Fonte:página do facebook: https://www.facebook.com/espacocrystal

domingo, 12 de janeiro de 2014

E 2014 chegou!

Mais um ano se inicia! Em 13 de março próximo serão 27 anos de soropositividade. Soropositividade vivida da maneira mais positiva possível! Sim, tenho lá meus altos e baixos, mas eles nada têm a ver com o fato de eu ter o vírus ou não. Têm a ver com a depressão, a bendita distimia que me acompanha desde os meus mais tenros anos de vida.
Quem de nós não tem lá seus dias de baixo astral, não é? No meu caso, preciso tomar remédios pra me manter mais equilibrado, mas não é algo que terá que ser assim pra sempre. De acordo com meu psiquiatra, provavelmente por mais 1 ano e se tudo correr bem, os deixarei de lado.
Mas para os novos passageiros do barco da vida com HIV a questão do remédio ainda é bastante complicada, sei disso. Digo isso baseado nas inúmeras mensagens e e-mails que recebo aqui pelo blog. Gentém, eu tomo medicação desde 1998, já lá se foram 15 anos, e aqui estou, prestes a completar 47 anos em 24 de fevereiro próximo! Ai, que saudade dos meus 19 aninhos, quando descobri que era portador do vírus. Mas isto não vem ao caso agora...e olha que no começo os efeitos colaterais eram bem mais nocivos do que são hoje. Vivem me perguntando como é que eu lido com a questão da medicação, mas como sempre respondo por e-mail, acho que é válido colocar isso aqui no post. Tomar remédio é um saco! Tomo 2 comprimidos de kaletra, 1 Tenofovir e 1 de Lamivudina pela manhã, depois, à noite, tomo mais 2 kaletra e 1 Lamivudina. Totalizando 7 comprimidos diários para o vírus mais 1 antidepressivo chamado Espran 10 mg. São 8 comprimidos todo santo dia, não vou negar que às vezes, muito, muito raramente, perco uma dose, mas sei que isto é algo bastante perigoso que pode causar resistência do vírus à medicação e causar enormes transtornos pra mim como paciente. Pra quem não sabe nada a respeito, vai a informação: não tomar a medicação em horário pré-estabelecido pelos médicos, direitinho, pode ser prejudicial à saúde. Portando, quem está embarcando neste barco agora, tome os remédios na hora certa que tudo ficará bem. Os efeitos colaterais no início podem ser bem ruins, mas tudo passa, até uva passa, e depois de uma ou duas semanas seu corpo vai aceita-los e você com certeza vai sentir somente os benefícios do tratamento.
Os efeitos colaterais tão temidos lá nos idos da década de 90 já não são mais tão intensos como costumavam ser naquela época. No meu caso, o que eu mais temia era a lipodistrofia. Tremia nas bases só de imaginar a medicação mudando meu rosto, minha feição, e colocando uma etiqueta na minha testa gritando para o mundo que eu era portador. Na época era muito comum ver amigos que sofriam daquele problema, tinham os rostos sulcados pela falta de gordura localizada. Nestes 15 anos sofri sim da diminuição de gordura no corpo, mas foi nas pernas, perdi meus coxões tão famosos nos anos 90 e a bunda também...rs...e isso também evidencia a barriga, que nós homens ganhamos com o passar dos anos, principalmente após os 30. Se não tomar cuidado, se engordar muito, o que também pode ser causado pela medicação, corremos o risco de ficarmos parecidos com uma pera de cabeça pra baixo...kkkkkk!!!!
Não estou dizendo isto pra assustar ninguém não, mas quem me conhece sabe que não sou de florear as coisas. Acho isto até bom porque a nova geração acha que AIDS é uma doença simples de se ter hoje em dia, que basta tomar uns comprimidinhos e tudo fica como era antes. Não, não é assim, infelizmente, mas também não é o fim do mundo. Ter o vírus da AIDS é tão ruim quanto ser diabético, cardíaco, ter hepatite C, ser paciente com insuficiência renal e outras doenças chatas que existem por aí...a diferença grande entre estas e algumas das outras doenças mencionadas anteriormente é que a AIDS traz em si um grande conteúdo de preconceito moral que nós portadores temos que enfrentar e saber como lidar. O estímulo à não utilização da camisinha que volta e meia vejo, ou melhor, ouço por aí, é pura balela. Ter AIDS, ou melhor, portar o vírus da AIDS e desenvolver doenças vinculadas a este vírus, é muito, muito ruim. Digo isso de boca cheia porque sei do que estou falando, e nem digo isso porque experimentei tudo em minha pele, mas porque muitos amigos meus se foram e não estão mais aqui pra me corrigir, infelizmente, graças a este vírus traiçoeiro.
Eu sempre me sinto dividido quando escrevo um post desses. Fico pensando: se florear demais os não-portadores vão achar que é uma festa, se for muito pessimista os recém portadores vão surtar...rs...nem muito lá, nem muito cá, meus leitores. Seja lá qual for a sua realidade, no fim das contas, muito do que irá acontecer depende de Deus, primeiramente, e de você, segundamente, diria Odorico Paraguaçu, penso eu.
Bem, mas a razão inicial deste post é dar a todos as boas-vindas ao ano de 2014 e desejar a todos nós muito sucesso, não esse sucesso que todo mundo deseja por aí relacionado às compras nos shoppings, ao carro novo, ao Iphone 5,6,7, que seja...mas um sucesso interior que todos nós podemos ter independente de nossas posses capitalistas e espiritualmente paupérrimas, em minha opinião. O sucesso da auto aceitação, quem quer que sejamos ou o que quer que façamos em nossas vidas, o sucesso do amor próprio, aquele amor que não permite que ninguém, ninguém neste planeta do sistema solar tenha o poder ou seja dado a oportunidade de nos diminuir ou fazer com que não nos sintamos amados. Isso eu digo por experiência própria, se alguém, seja porque você é soropositivo, homossexual, bissexual, viciado em drogas, ou seja lá o que for que a sociedade não goste que sejamos, se alguém tentar fazê-lo se sentir desimportante por causa do que carrega em seu sangue. Nunca! Jamais permita que essa voz do outro consiga apagar a sua voz interna.
Somos o que somos porque não estamos aqui a passeio, não temos culpa de termos adquirido um vírus mortal que já nos faz sofrer o bastante, por isso não podemos aceitar que outros vírus que têm braços, mãos e pernas nos afetem de modo a nos sentirmos mal porque somos quem somos. Sim, porque quem nos aceita deve ser tratado como vírus também, não merece nossas lágrimas ou nossa tristeza, simplesmente nosso desprezo. Merecem, como o HIV, toda nossa cautela, toda nossa energia de recuperação para que não façam efeito algum sobre nós.
Como já faz 26 anos que eu descobri ser soropositivo eu não consigo me lembrar de quando foi que eu derramei uma lágrima pelo HIV, devo ter chorado sim, claro, talvez no primeiro dia em que tive a notícia. Acho que preciso ler meu livro novamente...rs...a memória já me prega peças...rs. Acho que esta foi a grande lição que eu levo de 2013, aprender a lidar com as questões, pra não dizer pessoas, que tentaram me derrubar durante o ano. Foi uma árdua tarefa, me manter em pé, dei lá minhas caídas e recaídas, é claro, mas consegui! Me livrei de uma situação que há mais de uma década não conseguia me livrar, sofrido foi, tem sido na verdade, mas tudo na vida tem que ter um fim, e só depende de nós buscarmos em nós mesmos a força pra tomarmos decisões; readquiri minha autoconfiança profissional, passei em um concurso público; enfim, fiz inúmeras coisas que me ajudaram a chegar em 2014 me sentindo melhor comigo mesmo.  E é isto que desejo a todos vocês, meus leitores queridos, atentem para o fato que eu não mencionei uma coisa material sequer em minhas listas, pra deixar claro que ter coisas não nos ajuda a ser, muito pelo contrário, às vezes ter coisas nos afasta mais ainda de nós mesmos. Focamos nossa energia quase que toda no ter, no obter, no mostrar, e nos esquecemos do ser, e é pra isso que estamos aqui, na minha concepção, pra nos tornarmos pessoas melhores e não melhores proprietários. ;-)



sábado, 7 de dezembro de 2013

HIV volta a aparecer em dois pacientes que estavam supostamente 'curados'

Sinais do HIV voltaram a aparecer em dois homens americanos que pareciam ter erradicado brevemente o vírus, depois de serem submetidos a transplantes de medula para tratar um câncer, anunciaram nesta sexta-feira médicos nos Estados Unidos.
Os especialistas disseram que a descoberta representa uma decepção diante dos esforços para encontrar a cura para a infecção pelo HIV, vírus causador da Aids, mas traz novas pistas importantes na busca por esconderijos da doença.
Acredita-se que apenas uma pessoa tenha se curado do HIV. O americano Timothy Brown, que sofria de leucemia, submeteu-se a um transplante de medula, recebida de um doador com uma condição rara, que era resistente ao HIV. Há seis anos Brown, que ficou conhecido como "paciente de Berlim" não apresenta sinais do vírus.
"O retorno de níveis detectáveis de HIV nos nossos pacientes é decepcionante, mas cientificamente significativo", afirmou Timothy Heinrich, médico pesquisador da Divisão de Doenças Infecciosas do Brigham and Women's Hospital, em Boston.
"Com essa pesquisa, nós descobrimos que o reservatório de HIV é mais profundo e mais persistente do que se sabia anteriormente", afirmou em comunicado enviado à AFP.
Heinrich primeiro partilhou as notícias com os colegas cientistas em uma conferência internacional de Aids em Miami, Flórida, na quinta-feira.
Os dois homens soropositivos receberam transplantes de medula para tratar um tipo de câncer do sangue conhecido como linfoma de Hodgkin -- um, em 2008, e o outro, em 2010. Cerca de oito meses depois dessas cirurgias, o HIV não era mais detectado.
Os pacientes fizeram terapia com drogas antirretrovirais por um tempo, mas decidiram parar de se medicar no começo deste ano. Em julho, os médicos anunciaram resultados preliminares encorajadores: um paciente parecia ter se livrado do HIV após ficar sem tomar os remédios por sete semanas, e o outro, por 15 semanas.
Mas os sinais de HIV logo voltaram. Estes foram encontrados no primeiro paciente 12 semanas após a interrupção da terapia, e no segundo, 32 semanas após suspender a medicação. "Os dois pacientes retomaram o tratamento e atualmente estão bem", disse Heinrich, acrescentando que os dois pacientes não quiseram se identificar para a imprensa.
Ele afirmou ser importante compartilhar os resultados com os colegas cientistas, porque estes sinalizam "que deve haver um reservatório importante duradouro fora do compartimento sanguíneo" e métodos atuais para buscar índices ínfimos de HIV podem não ser precisos o suficiente.
"Nós demonstramos que o HIV pode ser reduzido a níveis indetectáveis por exames muito sensíveis e que o vírus persiste" mesmo assim, afirmou.
Ao contrário do paciente de Berlim, os transplantes de medula destes pacientes não vieram de doadores portadores de uma resistência genética ao HIV por falta de um receptor CCR5 e, por isso, não tiveram acesso à proteção viral concedida por esta mutação.
Os dois homens receberam transplantes de doadores contendo o receptor CCR5, que age como um portão que permite ao HIV penetrar nas células.
Os cientistas esperavam que, continuando a tratar os homens com medicamentos antirretrovirais durante o processo de transplante e após, o remédio pudesse evitar que as células dos doadores se infectassem.

Ao invés disso, parece que o vírus era indetectável no sangue, mas ressurgiu em outro lugar do corpo, permitindo-lhe voltar assim que o tratamento com antirretrovirais que o mantém sob controle foi interrompido. 
Fonte: Matéria da Folha de São Paulo de 07/12/2013

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Uma nova série chamada "Positivos" estréia no Youtube!

Um nosso leitor deixou aqui em um comentário de um post publicado por mim o endereço deste vídeo no Youtube. Eu assisti o teaser e gostei muito! Vamos lá dar uma olhada? O link para o Youtube está abaixo. Grande abraço a todos! ;-)

http://www.youtube.com/watch?v=8mMFtVrsWKc