domingo, 21 de junho de 2015

Os gatos não são os principais vilões pela transmissão da toxoplasmose

Olá, queridos amigos e leitores,

Há tempos não escrevo por aqui. Está tudo bem comigo, trabalhando muito. Vivendo uma vida nova, me desliguei de um emprego onde estava há mais de 20 anos e mudei completamente minha vida, pra melhor, graças a Deus. Menos dinheiro, mas mais felicidade! Dinheiro realmente não é tudo na vida. Continuo aqui minha luta diária na vida como todos vocês, matando um leão por dia, né? Vi esta reportagem no UOL sobre o papel do gato doméstico na transmissão da toxoplasmose e achei importante dividir com vocês.

Muitos soropositivos como eu, ainda nos dias de hoje, desenvolvem a toxoplasmose. Doença que afeta o sistema nervoso central. Tive alguns amigos nessa minha trajetória de 28 anos como portador do vírus HIV, que infelizmente vieram a desenvolver a doença. A grande maioria a desenvolveu em uma fase em que ainda não sabiam que eram portadores da doença. Por isto é tão importante que a pessoa saiba que é portador do vírus o quanto antes, para que não dê ao organismo as chances de adquirir tais doenças tão danosas ao corpo e ao cérebro do paciente. Pelo que sei, a doença tende a se manifestar em momentos em que o portador está com sua resistência baixa, leia-se: taxa de linfócitos CD4 baixa (não sei quanto os médicos consideram taxa necessária hoje em dia para início do tratamento com antiretrovirais) e carga viral do vírus HIV alta no sangue. Também é importante dizer que a doença deixa sequelas mas que muitas pessoas que conheço conseguiram uma incrível melhora em seu quadro clínico através de tratamentos como fisioterapia, etc. Cada caso é um caso, né?

Minha recente ignorância quanto a questão da taxa de CD4 mínima aceitável se dá pelo fato de que já há 10 anos minha taxa de CD4 está na casa dos 1000 e a carga viral está também indetectável. Por isso não tenho me inteirado sobre o assunto.

Em março eu tive uma infecção urinária, fui a um hospital particular do  convênio e o médico mal olhou na minha cara. Disse que eu estava com uma infecção urinária e me receitou um antibiótico chamado Ciprofloxacino. Eu disse a ele que sou soropositivo para o HIV e que minha carga viral estava indetectável e o último exame de sangue feito em dezembro acusava contagem de linfócitos CD4 em 980 cópias. Ele me disse que eu não me preocupasse, que infecção urinária é algo comum, que eu tomasse os medicamentos e se não melhorasse em 48 horas, que voltasse ao hospital.
Eu tive um feeling de que ele deveria pedir um exame de sangue ou de urina pra verificar o grau de infecção, mas me calei diante de sua falta de atenção. Pois bem, fui pra casa, a febre baixou com a injeção que me deram e voltei pra cama. Por volta de meia-noite minha febre havia voltado e subira muito rapidamente, perdi a consciência e tive uma convulsão. Fui levado às pressas para o mesmo hospital onde fiquei por 5 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva. Pois é, os médicos erram, e eu errei por não ter insistido que ele verificasse o grau de infecção...paguei um preço alto, a infecção já estava indo para a corrente sanguínea e quase que me despeço deste mundo por uma bobagem. Depois de tanta luta, morrer por uma infecção urinária mal tratada, é no mínimo burrice, né? E nada tinha a ver com o fato de eu ser soropositivo, muito pelo contrário, acredito que se meu organismo estivesse realmente debilitado, não teria resistido e a infecção não haveria sucumbido aos antibióticos aplicados na UTI.

Durante minha internação, os médicos da UTI pediram exame de sangue pra verificar minha taxa de CD4 e carga viral e o resultado foi: carga viral detectável com 1300 cópias e taxa de linfócitos Cd4 em 780. Me assustei com a notícia, já que minha carga viral estava indetectável há mais de 10 anos, falei com minha infectologista e ela acha que pode ter havido erro no hospital, fiz novo exame na rede pública há cerca de um mês e aguardo resultado oficial. Se a carga viral voltou a se multiplicar, vamos ter que mudar o coquetel. Já tive que fazer isso algumas vezes nestes 28 anos, quem lê meu blog tem relatos meus de anos anteriores tratando deste assunto.
Bem, vamos esperar e ver o que há por aí. Estou tranquilo, qualquer que seja o resultado, não sou do tipo que sofre por antecipação, se tiver que mudar a medicação, vamos mudar e pronto, o importante é ficar de olho no tratamento pra não dar vazão a infecções oportunistas como a toxoplasmose e outras mais que há por aí.

Há um outro evento que aconteceu comigo recentemente relacionado à Hepatite C mas isto fica pro próximo post, lá pro final de agosto, começo de setembro, volto e conto a história pra vocês.
É isto, queridos leitores, obrigado pelo acompanhamento do blog e pelos emails que sempre recebo de vocês. Gosto muito quando recebo feedback do livro. Fico muito feliz quando fico sabendo das experiências de vocês e do impacto que o "Harte" tem em suas vidas.  Um amigo me disse que deveria traduzi-lo para o inglês, já que sou professor de inglês, mas não me sinto apto a isto, nem em termos de tempo nem em termos de capacidade pra fazer a tradução, não sou bom em tradução...quem sabe um dia? Um tradutor me pediu R$ 20.000,00 para fazê-lo, negócio de amigo pra amigo, mas é uma quantia muito grande pra desembolsar por algo que não vai ser comercializado.

Ele sugeriu que eu entrasse em um destes sites onde fazem vaquinhas virtuais para a elaboração do projeto, vou pesquisar a respeito assim que tiver tempo, quem sabe o Harte sai em inglês, com certeza vai atingir muito mais gente no mundo todo, né?

Grande abraço pra vocês e boas férias de julho pra quem tem férias em julho, o que é o meu caso. ; - )
Segue a matéria abaixo, copiada e colada do site UOL.

Anderson Ferreira

Fama descabida: o gato não é o vilão da toxoplasmose, dizem especialistas


A fama vem de longe. Falou em gato e gravidez, a toxoplasmose sempre termina pautando a conversa.
A psicóloga Juliana Del Vigna, 40, adotou a gata Dadá quando o filho João tinha apenas um ano. Quando foi engravidar do segundo filho, muitas pessoas a questionaram sobre o perigo do animal. Mas ela conta que não teve medo. "Eu não ia me desfazer da minha gata por causa da gravidez, é uma questão de esclarecimento".
"A médica disse que, antes de engravidar, eu teria que fazer uns exames para ver se poderia ficar com meu gato", lembra a  jornalista Raquel Drehmer, 38. Ela também relutou em se desfazer de Fofão e preferiu procurar outra ginecologista. No fim, não precisou abrir mão do bichano, que  logo mais fará companhia para seu bebê, previsto para nascer no começo de julho. 
A toxoplasmose é motivo de preocupação para quem engravida. Principalmente durante o primeiro trimestre da gestação, ela pode causar, por exemplo, retardo mental e cegueira. E, segundo o veterinário-chefe do Vet Quality, Cauê Toscano, o gato é o único hospedeiro que consegue eliminar a forma infectante da doença, pelas fezes. "Mas é uma fama que acabou sendo criada, infelizmente, que não corresponde a realidade."
O gato não é o grande vilão da doença, explica o infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo e assessor médico do laboratório Fleury, porque não é o principal culpado pela disseminação. 
"O ciclo do protozoário toxoplasma gondii tem que passar pelo gato, mas o animal leva uma culpa maior do que merece. O que acontece na prática é que há mais chances de se contrair a doença tomando água contaminada, comendo carne vermelha crua, salada e usando utensílios contaminados", ressalta.
Foto acima: a jornalista Raquel Drehmer, 38, com o marido Augusto e o gato Fofão.
Além disso, diz Toscano, o cisto da toxoplasmose só é liberado durante até três semanas da infecção do gato. "Então teria que coincidir o gato contaminado com a doença no momento da gestação da mulher e, durante estas três semanas, ela ter algum problema de higiene que fizesse com que tivesse contato com o protozoário. Passadas as três semanas, mesmo que o animal esteja infectado, ele não vai liberar o cisto."
O veterinário também explica que o cisto, depois de eliminado, precisa de pelo menos 24 horas para se tornar infectante, então uma pessoa que limpa a caixa de areia do gato todos os dias não permite que o prazo de evolução se complete. 
O infectologista destaca ainda que o número de casos de toxoplasmose caiu expressivamente nos últimos 30 anos, diminuindo o risco de contágio.
"Passamos a comer bem mais carne congelada, e o congelamento mata o cisto do toxoplasma. A água também é muito mais tratada do que antigamente, e, o último fator, é que a maioria dos gatos de estimação dos dias de hoje é alimentada com ração. Se eles não saem para caçar não pegam doença e, consequentemente, não transmitem para as pessoas", explica.
"Os gatos em casa não apresentam perigo, basta tomar cuidado com a higiene e a alimentação", defende Granato, que até pouco tempo tinha dois felinos em casa.
Fonte: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=1556091694501895365#editor/target=post;postID=5941679681507242529 acessado em 21/06/2015.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Cuba descobre variante mais agressiva e preocupante do vírus HIV

Especialistas em saúde de Cuba detectaram há alguns anos algo diferente e pouco comum nos pacientes com o vírus do HIV no país: eles desenvolviam a Aids de uma forma extraordinariamente rápida.

Tão rápido que, em menos de três anos, já se encontravam muito doentes, sem praticamente tempo de perceberem que tinham o HIV.

Um grupo internacional de cientistas chegou para investigar a situação e concluiu que, realmente, em Cuba existe uma variante do HIV que é muito mais agressiva.

"Sabemos que 144 pacientes têm essa linhagem do vírus, mas com certeza há mais gente. Isso é só o que conseguimos contar", disse à BBC Anne Mieke Vandamme, da Universidade Leuven, da Bélgica.

Vandamme, cujo trabalho foi publicado na revista EBioMedicine, explicou que se trata de uma linhagem do vírus que foi originalmente descoberta na África.

"Ela foi parar em Cuba por meio das relações dos cubanos com a África. Ainda que não tenhamos conhecimento de que a linhagem tenha se disseminado pela África, ela tem se disseminado em Cuba", acrescentou.

Mais rápido

Os especialistas explicam que, em uma infecção normal, o vírus do HIV tem de se "agarrar" aos receptores, as proteínas na membrana das células.

Em uma infecção comum, o vírus usa o ponto CXCR5. Depois de muitos anos em pleno estado de saúde, ele se muda para o CXCR4, o que coincide com a aceleração da propagação da Aids.

A equipe de cientistas, liderada por Vandamme, observou que, nos pacientes cubanos, essa transição acontece de forma muito mais rápida.

Isso quer dizer que o vírus não "espera" tanto para se dirigir ao CXCR4. O que elimina, de forma drástica, a fase em que o paciente tem uma vida saudável.

Os cientistas estudaram amostras de sangue de 73 pessoas que haviam sido infectadas recentemente e 52 delas já haviam desenvolvido a Aids.

Vandamme explica que o HIV tem diferentes linhagens que podem ser classificadas como "subtipos"; o detectado em Cuba tem "basicamente HIV recombinado de três outros subtipos".

"Você precisa ter sido infectado por mais de um tipo de linhagem do HIV para ter um vírus recombinado como esse", esclarece.

Anti-retrovirais

A especialista explica que, se o tratamento com anti-retrovirais costuma funcionar bem para tratar infecções normais, ele perde um pouco da eficiência dependendo do nível de avanço da doença – "quanto mais avançada ela se encontra, menos consegue se recuperar do sistema imunológico".

"Inclusive, para alguns pacientes, é tarde demais para ter qualquer benefício dos medicamentos", acrescentou.

A cientista explica que, por enquanto, não há preocupação sobre a possibilidade de esta linhagem do vírus se expandir para além da ilha. Isso porque, atualmente, não há muito contato dos cubanos com o resto do mundo.

"É uma linhagem local, por enquanto. Não consigo prever se vai se expandir para fora ou não, mas se isso acontecer, então precisaremos nos preocupar."

Em Cuba, por enquanto, foram diagnosticados um total de 17.625 casos de HIV desde que a epidemia surgiu, na década de 1980, segundo dados da Infomed, site oficial da rede de saúde cubana.

A epidemia cubana é majoritariamente do sexo masculino - 80% de todos os infectados são homens. O Estado oferece atenção e tratamento gratuito a todos os infectados.