sábado, 19 de novembro de 2016

E-mail de um leitor - novembro de 2016

Queridos leitores,
Recebi há pouco um e-mail de um leitor e após respondê-lo, decidi dividi-lo com vocês. Vou chamar o leitor de Henrique aqui e espero que a resposta que enviei a ele seja de alguma valia a outras pessoas também. Peço desculpas caso contenha muitos erros, pois já é tarde e não tive tempo de revisá-lo.
Grande abraço!
Anderson

Olá Anderson! Tudo bem?


Sou jovem e descobri ser soropositivo recentemente. Li o seu livro e sua história é inspiradora. Só não entendi uma parte, quando você relata que teve uma pneumonia e falou que viu a imagem da sua falecida avó (se não me engano), você teve uma experiência de quase morte? Outra questão, que fico extremamente angustiado, porque são muitas incertezas com relação ao futuro, o medo é paralisante. Como você lidou/lida com essas ansiedades? É uma sensação de tenho que fazer tudo depressa ou fim da linha. Dá para levar uma vida normal? Você tem muitos efeitos colaterais da medicação? Meu maior receio são os efeitos colaterais a longo prazo que podem provocar outras doenças no organismo. Por ultimo, sei que você não é médico ou cientista, mas você acredita na cura? Te pergunto isso, porque sei que a intuição pisciana não falha, rsrs. Desculpa a quantidade de perguntas, mas é que preciso tc com alguém que lide com esse vírus a mais tempo. Abraços, Henrique!

Henrique, meu querido! Muito obrigado pelo seu e-mail! Fico muito feliz quando recebo e-mail de leitores! Me dá a certeza que uma das coisas mais acertadas que fiz nestes meus quase 30 anos de soro positividade foi ter escrito o “Harte de vIVer”! Foram quase 3 anos de trabalho que realmente valeram a pena!
Respondendo à sua primeira pergunta: sim, o que tive em 1996, há exatos 20 anos, foi uma experiência de quase morte, ou melhor, pra mim, uma experiência de intensa vida! (risos)...eu me explico, é porque pra mim a morte não existe, meu querido! A morte é o que vivemos aqui, nosso espírito está encarcerado pela carne do corpo. E quando tem oportunidade, ou seja, quando dormimos, se liberta por instantes e vai realmente viver a vida...no caso da minha narrativa no livro, eu não estava dormindo, estava prestes, ou ao menos naquele momento acreditava, que estava prestes a morrer, e pude viver aquela experiência de forma consciente, coisa rara para muitos, como é pra mim, mas bastante comum para outros que têm a oportunidade de se lembrar diariamente, quando dormem, das viagens espirituais que fazem. São as chamadas viagens astrais conscientes. No meu caso, tive poucas das quais me lembro nesta vida, mas no livro há lá um capítulo que fala de uma experiência que tive quando estava em Londrina em casa de meu amigo Vítor. Para mim, aquilo me serviu, lá atrás, pra me conscientizar que a vida ia muito além daquilo tudo, ou melhor, daquilo tão pouco que a vida se mostrava pra mim. Foi o gatilho pra minha entrada na conscientização da espiritualidade. Foi a forma, à minha forma de crer, que o Plano Espiritual encontrou para me fazer consciente de que esta vida é apenas um minúsculo capítulo no nosso grande livro da vida, a vida verdadeira, a espiritual, esta sim é a verdadeira e infinita. Esta aqui que vivemos neste momento, é apenas um pequeno momento de aula escolhido por nós mesmos, pra exercitarmos nosso aprendizado evolutivo. Estamos aqui para evoluir, e como o planeta que habitamos é ainda na escala evolutiva, um planeta-escola de nível intermediário, aqui sofremos e aprendemos, e aqui também somos felizes e aprendemos. Cabe a nós entendermos as lições como momentos dolorosos nos quais sofremos e somos vítimas, ou como verdadeiras pérolas existenciais com as quais somos presenteados e crescemos através das inúmeras provas pelas quais passamos. Tudo é uma questão de como vemos essas provas. Eu, sempre que posso, procuro entender as provas como gatilhos de evolução. Acabei de passar por um e preciso muito escrever sobre ele, mas não será neste e-mail que lhe escrevo. Ah....e deixo claro aqui que não estou falando de religião, independentemente da religião que cada um tem, seja ele/a muçulmano/a, católico/a, espírita, crente, evangélico/a, etc...etc...etc...as provas são as mesmas, são experiências através das quais nos melhoramos, evoluímos.
E há aqueles que dizem que alguns pioram com determinadas provas, pois se revoltam, passam a usar drogas, se tornam pessoas amargas, isso ou aquilo, mas não é verdade. Porque não há na escala evolutiva coisa tal que se possa chamar de regressão, ou involução, não, meu amigo, não há. Por mais que achemos que alguém se tornou uma pessoa pior por causa de uma prova, nos enganamos, pois a revolta não será eterna, e lá na frente, e quanto a isso cada qual tem o seu tempo, lá na frente, haverá um momento de reflexão, e aquela prova terá cumprido seu intento...que é de nos fazer evoluir, pode acreditar!
Vou escrever mais sobre isto em breve, estou saindo de um momento difícil, de uma prova, mas já estou quase bem, e em breve poderei fazer dela um momento de reflexão e transformar, transmutar, toda a energia que acreditei ser negativa, em algo extremamente positivo, em puro amor, que é o final de todas as coisas nesta vida, e é para isso que aqui estamos, Henrique.
Bem, Henrique, respondendo à sua segunda pergunta, sobre se dá para levar uma vida normal...acho que sou prova viva disso, né? A ansiedade é algo que mina nossos pensamentos e ações, é o mal do século, independente de a pessoa ser soropositiva para o HIV ou soronegativa, isso não importa. O número de pessoas que sofrem de ansiedade hoje em dia é colossal! E não pense você que eu sou um super-herói que não sofre de ansiedade! Bem que eu gostaria, o que eu posso lhe dizer em relação a isso é: você não é o HIV, você não pode deixar que “ele” seja você, ou que seja responsável por sua vida. Ele é algo hoje muito, muito, imensamente menor do que ele era em 1987, acredite! Hoje ele é um vírus que pode ser controlado pelas medicações e principalmente por você, não no sentido que ele tenha perdido sua importância no que tange os cuidados que temos que ter com nossa saúde, etc, mas no sentido que ele é apenas um detalhe na sua vida, como inúmeras mazelas que atingem as pessoas em suas histórias de vida: a leucemia, o diabetes, as bactérias cada vez mais poderosas e resistentes, etc. Eu acabei de sair de uma internação de 6 dias por ter sido atingido pelo vírus rotavirus. Saí do meu trabalho no sábado, 05/11, estava me sentindo a pessoa mais normal do mundo, e quando vi estava internado em um hospital com a vida se esvaindo de mim em águas intestinais e provocando o mal funcionamento dos meus rins, que ficaram sobrecarregados com a desidratação. Pois bem, passei por mais esta, mas ainda estou aqui, 6kg mais magro e ainda um pouco enfraquecido, mas consciente de que a vida continua e que foi só um recadinho que meu corpo me enviou, do tipo: você não é um super-herói, passou por poucas e boas nos últimos dias e gostaríamos de lembrá-lo que caso não se cuide, não se alimente, não se fortifique, os vírus e as bactérias estão de olho em você para trazê-lo de volta à realidade ou levá-lo dela por pura falta de cuidado de sua parte!!!

O que eu quero dizer com isso tudo, Henrique, é que vivemos melhor nossas vidas quando vivemos cada dia como se fosse o último. Não por causa do HIV, mas porque simplesmente é assim que a vida é. Você acha que Domingos Montagner estava preocupado com o HIV quando entrou no rio para nadar? Ou que aquela moça da Vila Mariana cujo ex-marido, ou ex-namorado, sei lá quem era aquele indivíduo, lhe ceifou a vida com um tiro e deixou seu amigo talvez paraplégico; estava preocupada com o HIV? Todos os dias, todos os dias, Henrique, bebês, crianças, jovens, adolescentes, senhores de idade, pessoas em todas as partes do mundo, se despedem desta vida por um motivo ou por outro. O fato de termos HIV não deve ser um problema pra nós, pelo contrário, deve sim ser algo que nos impulsione à frente, sem pressa, no sentido da ansiedade, mas com pressa sim, no sentido de vivermos nossas vidas intensamente.
O que atrapalha a vida do ser humano não é o HIV ou qualquer outra doença, o que nos atrapalha é o medo, meu amigo. Medo de perder o emprego, medo de perder o grande amor de nossas vidas, medo de ser traído, e pra nos livrarmos deste último, muitos de nós trai antes, sem nos apercebermos que estamos traindo a nós mesmos, a ninguém mais.
É o medo que nos torna falíveis, não as dificuldades que vivemos. Eu tenho HIV, o outro tem câncer, aquele outro sofre de transtornos psicóticos, aquela outra sofre de ansiedade e pânico, e mais outros, e mais outros, cada um com seu “fardo”, Henrique. Ah...mas e aquele outro lá que é rico e não tem problemas financeiros, tem um grande amor, é famoso e é feliz? Por que com ele tudo dá certo?
E quem foi que disse que ele está feliz? Talvez ele seja mais infeliz do que eu e você e todos os outros juntos. Como eu disse anteriormente, isso aqui é uma escola, não existe ninguém extremamente feliz cuja vida é um conto de fadas. Isso só existe no facebook e todo mundo sabe que é mentira, não é mesmo?
A chave pra mim é o espiritualismo, não a religião, mas a consciência de que estamos aqui por algum motivo e temos obrigação de fazemos o nosso melhor com HIV ou sem HIV, com desgraça ou sem desgraça. Tudo se resume em uma só palavra: Amor. Estamos aqui para amarmos uns aos outros, cada um sendo útil à sua maneira. Não importa como, não há receita infalível, mas o que não podemos e não devemos fazer, é perder tempo olhando só pra nossos problemas e medos e nos esquecendo que fora da caridade não há salvação. Não temos que descobrir a cura da Aids para sermos úteis, ou inventar o Whatsapp, ou uma startup milionária! Se assim fizermos, parabéns para nós, mas sendo bom profissional, bom filho, bom irmão, bom amante, bom cidadão, bom aluno, bom professor, bom cozinheiro, bom faxineiro, bom cientista, etc, já estamos fazendo nossa parte.
Hoje eu entrei numa loja de doces variados na Vila Mariana e havia lá uma pedinte. Ela tinha uma criança de seus 7, 8 anos consigo. Ela era negra e jovem, talvez fosse usuária de drogas, não sei. A caixa chamou sua atenção e pediu que se retirasse, que ali não era permitido abordar as pessoas. Ela ficou na porta da loja. Em minha sacola havia um pacote de bolachas e uma garrafa de suco. Ela me pediu que lhe pagasse um suco, eu respondi que não tinha dinheiro. Na verdade eu tinha dinheiro, mas não ia me expor ali na frente da loja tirando minha carteira do bolso. Ela não hesitou e respondeu: então me dá este suco que você comprou aí e que está na sua sacola.
Eu me vi prestes a responder: o que lhe faz pensar que eu tenho a obrigação moral de me sentir culpado por poder comprar uma garrafa de suco, menina? – mas eu nada disse, só lancei um olhar de desaprovação a ela, que ela vai entender como descaso, e me retirei daquele local.
O que eu estou tentando ilustrar com esse caso, Henrique, é que a pobreza, a cor da pele, as injustiças sociais, a orfandade, o uso de drogas, portar o HIV, trair, ser traído, enganar, mentir, dizer a verdade, engordar, emagrecer, fumar, beber, ser abstêmio, isso tudo são escolhas que fazemos, escolhas cujas trajetórias nos levarão a algum lugar. Tudo nesta vida é experiência, a forma como as vemos e vivemos, as experiências, fica a cargo de cada um de nós.
Um adolescente de classe média que não consegue fazer uma viagem ao exterior com os amigos do colégio, pode, ser, se sentir, estar, muito mais infeliz do que uma pessoa pobre que vê um chocolate e não pode compra-lo, entende? Pois não são as situações que são terríveis, mas a forma como as vemos. Nós nos vitimamos demais diante das dificuldades, e eu não sou diferente dos outros, só me sinto em vantagem às vezes porque minha ficha costuma cair mais rápido do que da maioria das pessoas que conheço....rs...mas não sei se isso é vantagem ou desvantagem....rs
Eu fui ao fundo do poço porque me apaixonei por alguém que dizia que era o tipo de pessoa que se estava com alguém, estava somente com este alguém. Eu acreditei naquilo, quis acreditar naquilo. Ele me dizia que nos imaginava envelhecendo juntos num futuro próximo, que me amava, me mandava mensagens todos os dias impreterivelmente todos os dias às 6 da manhã, me ligava várias vezes ao dia, eu comprei inúmeras passagens de avião antecipadas que agora são somente faturas de cartão de crédito, enfim, pra resumir, eu parei de comer, parei de produzir, parei de escrever, parei de amar o ser humano e até a mim mesmo por causa disso tudo. Porque quando eu descobri que ele me “traiu”, meu mundo caiu. Ele sumiu, simplesmente disse que não estava pronto pra amar ninguém e não respondeu mais minhas mensagens, não me imaginou mais envelhecendo ao lado dele, não me mandou mais mensagem alguma, não se preocupou mais em saber se eu estava seguro ao dirigir pra casa à noite, sumiu, desapareceu, deve ter até se sentido aliviado por não ter mais que falar comigo.
Enfim, a culpa é dele? Ele é o mau e eu sou o bom? Não, se estou passando por isso, se passei por isso, foi porque por algum motivo isso me serviu como experiência, entende? É claro que como não sou super-herói, aquilo tudo me provocou muita tristeza e sofrimento, mas já estou melhor e hoje posso ver isso tudo como mais uma experiência. Eu não tenho mais raiva dele nem sequer visualizo nesta vida uma relação com ele, mas não sei o que o futuro nos reserva. Talvez eu o reencontre ainda nesta vida e possa um dia conversar sobre tudo que vivemos, talvez ainda venha a viver com ele uma linda e verdadeira história de amor nesta ou em uma vida próxima, ou talvez nunca mais o reveja nem nesta vida nem em outra, mas a experiência que vivi com ele daqui, de mim, nunca mais sairá, isso não há como negar.
Eu vivi uma relação de 15 anos que terminou há pouco mais de 2 anos, achava que nunca mais iria amar ninguém na vida, que isto era algo que não me dizia mais respeito. E olha o que eu vivi? E quem sou eu pra achar que só porque vou fazer 50 anos em fevereiro nunca mais vou amar ninguém? Este é o grande barato da vida, Henrique! A própria vida, suas surpresas, suas provas, suas quedas e levantes, o mais importante não é eu ter o HIV, ou ter sido bonito, ou ter um bom emprego, ou já ter passado fome, o importante é a vida até o dia em que ela durar, meu amigo. E ela nunca acaba, haverá um dia em que ela vai terminar pra mim aqui neste mundo, mas comigo, com meu espírito, ela sempre estará, e é isso que importa para mim, entende?
Respondendo sua última pergunta: sim, eu acredito que a “cura” para o HIV está próxima e acontecerá, mas virão outros vírus e outras doenças, porque é pra isso que estamos aqui, pra sobreviver a todos eles. E de alguma coisa eu vou morrer, até porque não sou mais nenhuma criança. Devo viver mais, 10, 15, 20 anos? Não importa, viverei até quando tiver que viver. Perdi amigos pro HIV quando eles tinham 20 e poucos anos, 30, 40, 50, 60 anos, cada um teve sua história. Não morreram por causa do HIV, morreram porque estava na hora de continuarem suas vidas do outro lado de onde todos viemos. Eu não morri por causa do HIV nestes quase 30 anos mas perdi muita gente por causa dele. Por que não morri? Não sei, acho que um dia vou saber, ou melhor, tenho certeza que um dia vou saber, mas no momento isto não tem a menor importância, porque o HIV faz parte da minha experiência de vida. Não me fez nem melhor nem pior, mas não posso negar que teve e tem grande influencia em minha vida, não fosse por ele não seria o que sou hoje, não teria escrito o “Harte” e não estaria aqui te escrevendo, né? E pra terminar, não sofro de nenhum mal grave por causa dos medicamentos, meu querido, meu corpo está mudando, não por causa dos medicamentos, mas por que vou fazer 50 anos e tudo cai, é a lei da vida, da gravidade....rs...não posso reclamar de nada não.
Bem, preciso terminar porque amanhã cedo vou fazer uma viagem pro interior e quero estar bem pra dirigir...voltei a dirigir esta semana depois de quase duas semanas de cama.
Um grande abraço pra você, Henrique! Espero que meu enorme texto tenha lhe ajudado de alguma forma, ok? Escreva sempre que quiser, é sempre um prazer escrever às pessoas que têm sede de algumas palavras baseadas em minha experiência neste assunto. Não sou o único soropositivo da face da terra, infelizmente, mas tento dar aqui minha pequena contribuição contando um pouco das minhas experiências. 😉
Fica com Deus!
Grande abraço!
Anderson



segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Homem britânico pode ser a primeira pessoa curada do HIV com remédios - fonte: http://gizmodo.uol.com.br/homem-curado-hiv-remedio/

Queridos leitores,
Acabei de ler a notícia abaixo. A matéria está copiada e colada na íntegra pra quem não frequenta o UOL, foi lá que a li. Mas na matéria original os links funcionam, e aqui não, ok? Eu me lembro como se fosse hoje, lá atrás em 1987 quando um anjo que apareceu em minha vida, na época, importava jornais, revistas - internet ainda não existia - no intuito de me animar para uma possível cura. Era tudo em vão mas eu, depois de um ano, já nem ligava pra isso. É engraçado como ainda não ligo pra isso, vivo bem com o HIV. É claro que seria muito legal parar de tomar as medicações, até porque já vou fazer 50 anos daqui a alguns meses e meu fígado não é o mesmo de 1998, quando comecei a tomar as medicações. Naquela época a toxicidade do coquetel era muito maior do que hoje em dia, embora ainda hoje, para alguns, certas combinações ainda promovam intenso desgaste físico em quem as toma. Bem, o importante é que para a nova geração HIV que aí está, há uma luz no fim do túnel. As DSTs continuarão aí para nos alertar sobre a necessidade da camisinha, mas poder parar de tomar a medicação, ah...será muito bom mesmo para todos nós que convivemos com ela!!! Cruzemos os dedos, irmãos! ;-)
Eu pessoalmente sou contra esta sentença de morte que algumas pessoas atribuem a si mesmas pelo fato de serem portadoras do HIV. Morreremos mais dia menos dia e nem sabemos do quê. Esta é a grande verdade! Menos tragédia pessoal seria bom para alguns, e é claro, também, mais conscientização para alguns também seria de bom tom. O que eu quero dizer é que há dois extremos de pessoas portadoras que conheci nestes 30 anos que convivo com este vírus e com pessoas, que como eu, o portam em suas correntes sanguíneas.
Há aqueles que vivem um intenso drama. Algo quase que como um folhetim diário vivido à base de lágrimas e que acham que porque o têm são especiais. São especiais no sentido de não precisarem trabalhar, batalhar pela vida mesmo, como todos nós, ou melhor, como a maioria de nós tem que fazer. Alguns nos param no farol e pedem dinheiro dizendo que têm Aids. Oi??? Eu também tenho! E trabalho para caramba, mermão! É isso que eu respondo. Estas pessoas param tudo em suas vidas em determinados departamentos e se jogam em outros, outros leia-se: drogas, sexo e rock'n roll...hahaha!
Já outras negam-se a acreditar que têm o vírus e continuam a vida, porém, fechados em suas pequenas caixinhas de fantasia-não-tenho-esse-troço...estas também precisam de um empurrão! A negação da situação também em nada ajuda, é necessário que encontremos um equilíbrio diante dessa nossa realidade. E para isso algumas pessoas têm que fazer psicoterapia individual, outras resolvem com grupo de apoio, outras resolvem com a melhor amiga, com marido, namorado, ficante, enfim, a meu ver, é importante que não se guarde este fato para si mesmo.
Bem, mas não foi pra falar sobre isso que vim aqui escrever este pequeno post...risos..era só pra dar a notícia do UOL mesmo. A matéria segue abaixo.
Abraços!
Anderson

Um homem de 44 anos na Inglaterra é possivelmente a primeira pessoa na história a ser curada do HIV com remédios. Cientistas trabalhando em uma nova terapia experimental dizem que o vírus está agora completamente indetectável no sangue dele.
Uma equipe de cinco universidades do Reino Unido está atualmente conduzindo testes em 50 pessoas. Mark Samuels, diretor do laboratório britânico NOCRI, disse ao Sunday Times: “estamos explorando a possibilidade real de cura do HIV. Este é um desafio enorme e ainda é cedo, mas o progresso tem sido notável.”
Atualmente, as terapias antirretrovirais podem ter como alvo as células-T ativas que estão infectadas com o HIV, mas não conseguem tratar as células-T dormentes. Isto significa que os órgãos dos pacientes continuam a reproduzir o vírus.
“Esta terapia é projetada especificamente para limpar o corpo de todo o HIV, incluindo as células dormentes”, disse Sarah Fidler, médica consultora do Imperial College London, ao Sunday Times.
Agindo em duas fases, o novo tratamento consiste em uma vacina para ajudar o corpo reconhecer as células infectadas com o HIV, e uma droga chamada Vorinostat que ativa as células-T dormentes. Este método poderia dar ao sistema imunológico do paciente as ferramentas de que ele tanto necessita.
O paciente não foi identificado; sabemos apenas que se trata de um assistente social em Londres. Ele está cautelosamente entusiasmado com os resultados, dizendo: “seria ótimo se uma cura aconteceu. Meu exame de sangue passado foi há duas semanas, e não há nenhum vírus detectável”.
Fidler diz que os pesquisadores ainda estão muito longe de uma terapia pronta: “continuaremos com os exames médicos pelos próximos cinco anos… no futuro, dependendo dos resultados dos testes, podemos explorar isto”.
Outros procedimentos conseguiram remover o HIV de humanos com sucesso inicial, porém o vírus retornou. Após dois anos, um bebê “curado” voltou a ter níveis detectáveis. Dois pacientes que receberam transplantes de medula óssea não mostraram níveis mensuráveis de vírus por vários meses, mas ele acabou retornando.
Timothy Ray Brown é considerado o primeiro homem curado do HIV, mas recebeu um tratamento difícil de replicar: um transplante de medula óssea com uma mutação genética especial que o torna quase invulnerável ao vírus.