Queridos
leitores!
Em um ano em
que todo mundo disse que foi um ano horroroso e cheio de dificuldades, me sinto
na obrigação de vir aqui e fechá-lo com chave de ouro! Sem querer dar uma de “o
sortudo a quem nada atinge” porque sei que estes tipos incomodam, principalmente
nas mídias sociais...rs...mas simplesmente querendo passar a todos que
dificuldades todos nós temos, não há neste planeta um só ser que seja
eternamente feliz, pois a meu ver, não é para isso que estamos aqui. Mas o que
realmente quero dizer é que todos nós temos problemas, a única coisa que muda é
como cada um de nós vê estes problemas, lida com eles.
E pra
começar vou responder a pergunta de um leitor que recebi no final do ano:
Pergunta do
leitor Henrique em 09/12/2016: Sem querer ser evasivo, mas o seu ex companheiro, sabia da
sua sorologia, acha justo contar?
Resposta: Em
2016 eu tive apenas um relacionamento. Foi um relacionamento com uma pessoa que
conheci no sul do Brasil em julho de 2015. Nos vimos, ficamos juntos e nos
falamos por algumas vezes via mídias sociais. Depois disso, em janeiro, nos
reencontramos novamente em minhas férias e ele me disse que gostava de mim. Em
agosto, ou final de julho do ano anterior, não me lembro bem, via whatsapp, eu
disse a ele que era soropositivo. A resposta dele foi enigmática, ele escreveu:
“tu te tornas responsável por aquilo que cativas”, frase extraída do livro “O
pequeno príncipe” que mais tarde ele me deu de presente, mas devido ao rumo que
as coisas tomaram, nunca tive coragem ou vontade de ler. Este livro é encantado
em minha vida, já tentei lê-lo várias vezes, mas nunca consigo, talvez um dia
consiga, sei lá.
Bem,
continuando, eu me apaixonei por ele, ele dizia que me amava e estava disposto
a mudar sua vida, no sentido de deixar de ser uma pessoa que vivia somente pra si mesmo, que no futuro viveríamos juntos lá no sul, etc, etc,
etc...mas ele me traiu, ou melhor, se traiu, porque transou com um cara e
esqueceu de apagar as conversas pré e pós-transa do whatsapp e eu tive a “infelicidade”
de vê-la. Aí eu o perdoei, mas ele não se perdoou, disse que não me merecia,
etc, etc, etc, e não quis me ver nunca mais nesta vida. Ah...me esqueci de
dizer...um dia, sem mais nem menos, ele me disse que também era soropositivo e
não tocou mais no assunto, ou seja, o recado pra mim foi: você não era tão
importante assim pra mim pra eu te contar também só porque você me contou...e a
vida seguiu.
Como morávamos em estados diferentes, nos víamos no máximo uma vez
por mês, o máximo que chegamos a ficar realmente juntos foi por 10 dias em
minha casa em São Paulo no mês de julho de 2016. As outras vezes foram por
poucos dias, em feriados prolongados, tipo Carnaval, ou fins de semana apenas. Nosso “relacionamento”,
e coloco entre aspas porque era relacionamento só pra mim. Ele vivia uma vida
paralela em Balneário Camboriú transando livremente com outras pessoas e tinha
dezenas de “contatos” em seu whatsapp aos quais ele fazia questão de dizer “sou
todo seu” e coisas desse estilo dos galinhas virtuais, comumente encontrados no
universo da internet hoje em dia.
Eu mesmo cheguei a dar uma escorregada em
nossa “relação” no período em que estávamos juntos. Transei com um cara que eu
conhecia há anos e me seduziu com a ideia de que namoro à distância não tava
com nada e que eu não deveria perder a oportunidade de estar com ele por mais
uma vez...rs....me arrependo? Nenhum pouco, porque estava sendo corneado à
distância enquanto trabalhava em minha casa nos fins de semana. O que terminou
minha relação não foi a “traição” dele, mas a negação do ato, o que pra mim
denota falta de caráter, de resto, não o culpo por nada não.
Me endividei
muito por causa do “meu amor”, comprei inúmeras passagens de avião para que ele
me visse ao menos uma vez por mês, inclusive diárias caríssimas entre Natal e
Reveillon em Florianópolis cujas estadias acabei de utilizar sozinho. Tenho passagem de avião pra pagar até o segundo
semestre de 2017, e o que ficou disso tudo?
A primeira
lição foi: “namoro” à distância nunca mais!! Até saio com pessoas nas viagens
que faço, já que estou solteiro desde então, mas da próxima vez que rolar um
sentimento “verdadeiro” com alguém que mora fora de minha cidade ou esteja
apenas visitando a minha, cortarei devidamente a tempo...rs...
A segunda
lição: desconfie de pessoas que lhe dizem que quando estão com uma pessoa,
estão somente com aquela pessoa. Quem é fiel simplesmente é, não precisa ficar
reiterando a ideia de que é fiel, se o faz, é porque não é, está mentindo pra
si mesmo e consequentemente pra você.
A terceira:
não coloque sua felicidade nas mãos de ninguém nunca em sua vida. Ame e seja
amado, se perceber que está em desvantagem, ou seja, se a pessoa é silenciosa,
misteriosa, demonstra culpa velada em suas palavras ou comportamentos, pule
fora o quanto antes!
A quarta:
não se permita ser usado por uma pessoa. Se a pessoa não tem condições
financeiras de jantar fora, por exemplo, e lhe diz: “vamos jantar no shopping?”,
esta pessoa está usando você porque percebe que você a ama e quer agradá-lo. No
meu caso ele disse isso e nunca pôs a mão na carteira. E em uma das conversas
dele com “amigos” no whatsapp ele pede ao amigo que apague fotos da rede social
porque o marido, eu no caso, é ciumento e ele não pode perder a pensão. Em
pensão, leia-se: passagens aéreas, jantares em restaurantes caros, etc...eu
infelizmente não percebia nada disso, achava que estava fazendo bem a alguém
que eu amava e que não tinha condições de ir àqueles lugares, etc, nunca passou
por minha cabeça que ele estivesse me usando, foi isso que me fez sofrer mais,
além do fato, claro, de que descobri também que todas as mensagens que ele me
passava de manhãzinha cedo, do tipo “bom dia”, aquelas mensagens automáticas
bobas que te mandam sem mencionar seu nome no whatsapp, pois é, mandava pra
vários outros também ao mesmo tempo. E o tolinho aqui achava que ele me amava e
estava me cumprimentando assim que acordava todos os dias.
E a quinta e
última lição: Sim, conte à pessoa que você ama sobre sua sorologia, mas somente
a quem julga que vai ter um relacionamento sério. Esse povo com quem sai nas
baladas, etc, pra esses, não, não diga nada, use camisinha e já está bom
demais. Ninguém tem que saber sua sorologia, isso é uma condição sua que só
interessa a você e a quem você ama. Não conte “para” o outro, mas “pelo” outro,
ou seja, conte pela consideração que você tem pela pessoa em um determinado
período da relação, simples assim.
E pra fechar
esta história, não seja a vítima das coisas que lhe acontecem. Seja co-autor
delas, ou seja, nada do que nos acontece, a meu ver, em minhas crenças, é por
acaso. É assim que lido com o HIV em meu organismo desde que o descobri há
quase 30 anos. Este ano faz 30 anos em 13/03/2017 que descobri minha sorologia.
Se me visse como vítima disso tudo, acredito que não estaria aqui para contar minha
história. O mesmo digo em relação às desilusões amorosas, se foi traído, como
me aconteceu, é porque você se permitiu isso. A vida nos dá inúmeras dicas do
que nos acontece. E eu não fui traído na verdade, revi minha vida e minhas
atitudes e percebi que lá no passado nesta mesma vida, agi da mesma forma com
outra pessoa.
Em meu
livro, dos capítulos 29 (XXIX) ao 32 (XXXII) há uma narrativa que fala sobre
uma história muito parecida com a que eu vivi em 2016, com a diferença de que
era eu o algoz e o outro, Fernando, foi a vítima. Tudo se inicia na página 84 e
termina na página 97, com direito a muitas lágrimas e um sentimento hoje de arrependimento, mas
não posso mudar minhas ações, não posso mudar meu passado, e acredito que o que
fiz a Fernando lá em 1986, se me recordo bem da data, foi vivido de forma muito
parecida aqui em 2016, 30 anos depois. A diferença é que eu não fui pego,
confessei meus erros, mas me separei de alguém que me amava e me perdoava pelos
meus erros assim como fez meu namorado comigo em 2016.
Mas eu não aceitei o perdão dele, muito parecido com o que
aconteceu agora, resolvi continuar minha vida de descobertas e sexo desvairado
que me levaram a adquirir o vírus HIV talvez meses depois, ou talvez eu até já
o tivesse e sem saber tivesse transmitido ao Fernando, disso não sei, acho que
só saberei disso quando desencarnar e descobrir o que foi feito de Fernando e dos
débitos que provavelmente adquiri em relação a ele, sei lá, ou talvez, ele
também estivesse resgatando coisas da vida em relação a mim, quem sabe? Isso
não importa, o que importa é que como eu disse anteriormente, ninguém é vítima
de nada. Fernando não foi vítima de Anderson, que não foi vítima do namorado de
2016. As coisas acontecem como consequência de nossas ações e escolhas, é isso
que importa. Não cabe a mim desejar mal ao namorado de 2016 nem odiá-lo pelo
sofrimento que nossa situação me trouxe, o que ele fez consta lá na ficha dele
e ele vai ter que responder por suas ações, assim como eu terei que responder por
minhas ações. E também não cabe a mim carregar culpas comigo, pelo contrário,
não sinto culpa de nada do que fiz ou guardo mágoa do que fizeram comigo,
perdoar os outros e a si mesmo é ação-chave para uma vida presente feliz,
acredito eu.
Tudo que eu
fiz de mal aos outros pode ser anulado com meu perdão a mim mesmo e àqueles que
me magoaram no passado. As boas ações anulam as más ações, estamos aqui para
aprender com nossas próprias ações, é assim que vejo e sinto as coisas...e se
estiver errado, vou descobrir depois de desencarnar...tudo a seu tempo. Não
estou dizendo que podemos sair por aí magoando as pessoas que tudo ficará bem,
não é isso, o que eu quero dizer é que acredito que com a maturidade
espiritual, as coisas ruins, os débitos que eu não conseguir sanar aqui nesta existência,
serão por mim sanados através de decisões tomadas por mim, já em espírito, como
forma de ressarcir a pessoa a quem eu fiz mal. Por exemplo, suponhamos que
Fernando não tenha me perdoado pelo mal que eu lhe causei lá em 1986 e no
futuro próximo, sim, vou fazer 50 anos em fevereiro próximo; ao desencarnar, eu
decida que tenho que de alguma forma reparar o mal que eu lhe fiz, o sofrimento
que eu lhe causei, etc. Posso vir na próxima vida como um filho seu, ou um
namorado fiel seu, ou uma esposa, sei lá...o que quero dizer com isso tudo é
que acredito que não há castigo divino pras coisas más que fazemos às pessoas,
mas que nós, dentro do nosso próprio progresso espiritual, escolhemos provas às
quais nos submetemos para reparar o que destruímos lá atrás. É nisso que eu
acredito, e não quero que ninguém acredite nisso porque eu acredito, só estou
dizendo o que eu acredito, somente isso. Pode ser que eu mesmo tenha escolhido
passar por todo esse perrengue com o namorado de 2016 como forma de evoluir,
vai saber?
O que ficou de bom com as experiências
de 2016
Bem, eu fui
lá embaixo por causa da desilusão amorosa ocorrida em outubro de 2016. Porém,
contudo, todavia, em vez de ficar chorando fui procurar ajuda. E descobri o Ho’oponopono...vou
colocar o link do vídeo aqui pra vocês. Ele me ajudou a trabalhar a questão do
perdão ao outro e a mim mesmo...fantástico!
Descobri
também a “oração conectada de 4 etapas”, uma oração que me ajudou a ficar
conectado com os seres de luz espirituais, que sofrem, coitados, com nossa falta
de atenção diária. Eles tentam nos ajudar, mas ficamos tão preocupados com
nossos 'sofrimentozinhos' e nosso coitadismo que raramente nos conectamos com
eles.
Esta oração
me fez entrar em contato comigo mesmo e perceber que a chave para muitos dos
meus problemas estava em mim mesmo, pois sou eu também Ser Divino, filho de uma
Energia Maior cujo nome cada um dá à sua maneira, não importa, nada tem a ver
com religião. Graças a esta oração, parei de tomar antidepressivos e disse
adeus à depressão...não sinto mais aquela tristeza desnecessária que me
visitava diariamente. Hoje, graças a Deus, me sinto bem o suficiente pra não
ter mais que tomar aquelas tranqueiras que acabavam com meu fígado. Já me basta
ter que tomar 5 comprimidos diários pra driblar o HIV, né? Não estou dizendo
com isso que todo mundo deve fazer a oração e jogar seus remédios fora...cada
caso é um caso e cada um sabe de si...eu parei e não me arrependo, porque estou
me sentindo bem...mas se tivesse parado e voltado a me sentir mal, teria
calçado as sandálias da humildade, voltado ao médico, e pedido receitinhas
novamente. Espero que não precise mais de antidepressivos tão cedo em minha
vida. E sei que tudo depende de mim, nossa felicidade depende de nós, mas temos
o hábito de colocar nossa felicidade nas mãos de um amor, ou de um cargo, ou de
uma situação financeira, etc, etc, etc. Levei meio século pra perceber isso,
mas graças a Deus e a mim mesmo, consegui. ;-)
O que mais?
Ah...consegui um belo emprego mesmo depois de ter feito força pra perder o
emprego onde estava há 20 anos e onde recebia um ótimo salário. Todo mundo
disse que eu era louco por ter pedido pra ser mandado embora em 2014, depois
disseram que eu não conseguiria emprego cujo salário fosse tão bom quanto
aquele, mas consegui um emprego melhor ainda em 2016. Não estou dizendo com
isso que este emprego vai durar pra sempre, nem tampouco o salário que advém
dele, mas tenho que elencar aqui essa situação como coisa boa que me aconteceu
e sou grato por ela ter acontecido. Trabalho muito, muito mesmo, mal tenho
finais de semana durante o semestre letivo, mas gosto muito do que eu faço e é
isso que importa.
Bem, levei
um pé na bunda de alguém que não era verdadeiro comigo e que não me amava, que
consequentemente não me merecia, acho que isso foi algo bom também!
Minha mãe,
depois de muito doente no final de 2015, finalmente se recuperou do problema de
saúde, ainda está se recuperando, mas já tem 67 anos e não vai mais voltar
mesmo a ser uma menininha saudável, tenho consciência disso...o importante é
que ela recobrou sua mente saudável, já que a doença a tinha deixado além de
fraca fisicamente também confusa mentalmente. Graças a Deus hoje ela está bem
vivendo com dignidade ao meu lado, como sempre.
O que mais
posso dizer? Bem, continuo escrevendo sempre que posso e volta e meia recebo e-mail
de leitores dizendo que estão felizes em suas vidas por uma ou por outra razão
após terem lido o Harte ou um post meu aqui no blog...isto também me deixa
muito feliz!
Sou seguidor
de um canal no Youtube chamado “Luz da Serra”, este canal me ajudou e me ajuda
muito a compreender certas coisas que me acontecem. Sempre indico pros amigos,
nada tem a ver com religião, mas sim com espiritualidade, eu recomendo.
E pra
terminar, vim para o sul, Santa Catarina, dirigindo desde São Paulo. Isto
também foi um feito pra mim, já que não dirijo em estradas e minha depressão
mal me deixava dirigir em São Paulo. Peguei o carro dia 22 de dezembro e por
causa do trânsito intenso na estrada, dirigi por 11 horas até chegar ao destino
final, um trajeto que deveria ter durado pouco mais de 8 horas. Agora ainda tem
a volta, mas estou tranquilo, sei que vai correr tudo bem. E agora que estou
ainda mais espiritualizado do que antes, não acredito mais em tragédias,
qualquer coisa que venha a me acontecer, não será para meu mal, mesmo que aos
olhos dos homens seja. No final, a gente fica sempre bem, porque somos
espíritos eternos e tudo nos serve como aprendizado, até as piores tragédias
que todos veem com pesar e ficam semanas, meses às vezes maldizendo o destino,
podem ser muito boas para nossa evolução espiritual.
E minha dica
pra 2017 é: perdoem, perdoem muito! Perdoem primeiramente a si mesmos. Adquiriu
o HIV em 2016? Que bom! Daqui em diante você vai saber que viver com o HIV não
é o fim da vida, muito pelo contrário, pode significar o início de uma vida e você
pode fazer a diferença como portador desta doença crônica como portadores de
tantas outras doenças crônicas fazem todos os dias mundo afora.
Feliz 2017 a
todos os responsáveis pelos cerca de 15.000 cliques aqui no blog! Fico muito
feliz sempre que recebo e-mail de vocês me contando coisas boas em suas vidas,
ou até mesmo coisas que consideramos “ruins”...sou muito grato por ter a
oportunidade de ter este canal de contato direto com os leitores do Harte e do
blog. Tem gente que nem leu o Harte, mas que vem sempre aqui e sempre me manda
e-mail comentando meus posts...muito obrigado a todos e muita paz na Terra em
2017!
Grande
abraço,
Anderson –
04 de janeiro de 2017.